A família Cyrne mudou-se há 13 anos para a Quinta Viscondes da Várzea, em Lamego, hoje um dos hotéis rurais com mais charme da região. E aqui o Natal começa a sentir-se já em novembro. Maria Manuel e José Pedro Cyrne, viscondes de Vila Nova de Souto d’el-Rei e condes da Feira, receberam a VIP na companhia dos filhos gémeos: António e Pedro.
VIP – Estamos quase a chegar ao Natal. Quando é que na casa dos Cyrne se começa a sentir verdadeiramente a quadra natalícia?
Maria Manuel Cyrne – A quadra natalícia começa a sentir-se quando as crianças vão à arrecadação buscar todas as decorações dos Natais anteriores e pedem para ir comprar novas decorações. Começam a juntar brinquedos, livros, jogos e guloseimas, para oferecer a outras crianças.
Como vai ser este Natal de 2014?
O nosso Natal é sempre passado em família. Vêm os tios e os primos e somos cerca de 30 pessoas à mesa. O termo “Consoada” na nossa casa não se refere só à ceia de Natal em família mas também à entrega de lembranças a todos os presentes. À meia-noite chega o Pai Natal, que vem de charrete puxado pelos póneis (não temos renas). É a alegria de todas as crianças presentes, que sabem que o Pai Natal é uma figura simbólica, mas como cá em casa, por tradição, é ele quem traz os presentes, adultos e crianças juntam-se à roda do grande saco de onde vão saindo os sonhos do ultimo mês.
Este é o segundo Natal sem o seu pai?
Sim, e continuo a sentir a sua falta, a sua ausência que ainda me parece um sonho, do qual vou acordar para voltar a vê-lo a sorrir sempre que estava ao pé dos netos.
Os seus filhos gémeos, o Pedro e o António, gostam do Natal?
O Pedro e o António adoram o Natal. São eles que lavam e penteiam os póneis, que limpam e passam lustre à charrete, que fazem os convites, que acedem as velas e que não dormem a pensar nos presentes.
E já participam nas decorações, a decorar o pinheiro ou a montar o presépio, por exemplo?
Tratam do presépio, da árvore, ajudam na decoração de toda a casa, têm um arbusto de azevinho que não deixam ninguém cortar, para com os ramos verdes e os frutos vermelhos fazerem o centro das mesas. Vão para a cozinha para ver os doces e os fritos natalícios, sempre a fazerem perguntas, a quererem participar e conhecer todas as lendas e tradições de Natal.
Agora que os seus filhos já têm 12 anos, e uma vez que eles já participam em tudo, pode dizer-se que há um Natal antes e depois do nascimento dos seus filhos?
Claro que existe um Natal antes e depois do nascimento dos meus filhos. O Natal passou a ser mais intenso, mais vivido e passou a fazer sentido como festa da família.
Do que é que eles gostam? De livros, brinquedos, novas tecnologias?
O Pedro gosta de desporto, de cavalos e de todo o trabalho da quinta. O António gosta de computadores, de jogos, de telemóveis, de nadar.
A Maria Manuel enfrentou uma luta de muitos anos para engravidar. Engravidar pela primeira vez aos 49 anos, ao fim de 27 anos de casamento, tornou-a uma mãe tolerante, permissiva ou mais educadora?
Sou muito mais avó que mãe, muito tolerante, quase incapaz de dizer não!
Quase 13 anos depois, qual a leitura que faz desta luta que travou?
É tudo o que dá sentido à minha vida e à do meu marido, foi uma bênção. Todos os dias agradeço a Deus os filhos que tenho.
A sua vida mudou por completo. Como tem sido acompanhar o crescimento deles? E agora vão entrar na adolescência…
Hoje em dia as crianças fazem tudo mais cedo. Crescem quase sem se dar por isso e, de repente, estamos a lidar com adolescentes opinativos e reivindicativos. A adolescência é um período complicado para pais e filhos. As relações ficam mais difíceis, as preocupações aumentam e é preciso administrar com calma essa fase cheia de experiências novas para os jovens.
Eles são muito unidos ou as diferenças já se começam a fazer sentir? Como os caracteriza?
Eles são muito diferentes, mas também muito iguais. Estão habituados a brincar sozinhos ou com amigos. O António é mais criança, mais extrovertido, mais mimado. O Pedro é mais adulto, mais sensato e responsável, gosta de ser parecido com o pai e anseia por poder gerir a quinta.
Na altura do nascimento dos seus filhos, a sua vida também mudou pelo facto de a família ter trocado Lisboa por Lamego…
Sim, mudou, mas mudou para melhor. No campo temos mais qualidade de vida e estamos a uma hora e meia do Porto, que é uma cidade maravilhosa, onde vamos com muita frequência, onde podemos jantar com amigos e assistir a espetáculos. Também vamos muitas vezes a Lisboa, principalmente por causa dos negócios.
O que ainda lhe falta organizar na quinta?
Na quinta há sempre novos projetos. A nossa vida é dinâmica, com um conjunto de atividades que implicam a utilização de recursos diversos. Frequentemente temos de colaborar nos empreendimentos, se queremos atingir os objetivos.
Mas sente saudades de Lisboa, onde ainda têm casa?
À casa vou frequentemente, sempre que tenho de ir a Lisboa. Dos amigos tenho saudades, quando posso vou vê-los e estou sempre à espera de que venham visitar-me.
E como vai ser o fim de ano? A trabalhar?
Prefiro pensar que o hotel se veste de gala para entre família, amigos e clientes celebrarmos e recebermos o ano 2015. A grande festa acontece no hotel, com fogo-de-artifício, música e animação até de manhã. O jantar e a ceia são sempre magníficos, preparados pela nossa chef, a minha prima Ana Oliveira.
Disse uma vez que encontrou a felicidade plena. Ainda há espaço para sonhar?
Claro que ainda há espaço para sonhar. Sou mulher e mãe. Tenho de sonhar…
Texto: Alberto Madeira Miranda; Fotos: José Manuel Marques;
Produção: Manuel Medeiro; Cabelos e maquilhagem: Ana Coelho com produtos Maybelline e L’Oréal Professionne
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