Porto, 29 de setembro de 2013. Rui Moreira é eleito presidente da câmara municipal. Precisamente um ano depois, a VIP acompanhou em exclusivo o líder da autarquia, que apresentou a nova imagem da Invicta e, mais tarde, teve um encontro mais restrito com alguns dos seus apoiantes e obreiros da vitória nas autárquicas. Pelo meio, falou abertamente sobre estes 365 dias, o escândalo do BES, o FC Porto, a família e muitos dos seus segredos mais intimistas. Conheça a sua alcunha de infância, os amigos poderosos da escola e até a marca do colchão onde se deita.
VIP – “Tem dado o Porto ao Manifesto” [nome do manifesto que lançou meses antes da candidatura]?
Rui Moreira – Sim, o Porto tem sido dado ao manifesto e, acima de tudo, a cidade tem desenvolvido muito nesta mudança. Tem havido um enorme envolvimento dos cidadãos, das instituições, e isso é uma condição fundamental para levarmos a cabo o que queremos e prometemos.
Recusa sempre ser comparado a D. Sebastião mas, sem falsas modéstias, tem de admitir que acaba por ser um elogio e que, tanto o Porto como o País, acabam por depositar muitas esperanças em si…
D. Sebastião não foi grande rei e essa nossa saudade não faz grande sentido. Mas, neste momento, há muita gente no Porto, e fora dele, que olha com muita atenção para o que vai sucedendo. Pinto da Costa disse ao Expresso, em agosto de 2010, que “Rui Moreira dava um fantástico presidente da CM Porto”.
Sente-se um fantástico líder?
Isso deixo para os outros avaliarem. Também acho que Pinto da Costa é um fantástico presidente do FC Porto.
Recusou ser Secretário de Estado da Economia do Governo de Durão Barroso por não deixarem que o “quartel-general” fosse no Porto. Mantém-se um regionalista de coração?
Não tem a ver com regionalismo mas com uma opção minha. Recordo que, antes disso, já tinha havido uma Secretaria de Estado no Porto, com o Dr. Fernando Gomes, que depois foi presidente da Câmara do Porto. De facto, quando me abordaram sobre esse assunto, a primeira pergunta que fiz foi se aquilo podia funcionar no Porto. Como me disseram que não, disse que não estava interessado em sair da cidade e declinei o convite, agradecendo, naturalmente.
Mas viveu em Inglaterra, Alemanha e Noruega. Foram, então, tempos difíceis, já que estava afastado da cidade?
Não. Tinha imensas saudades da cidade e da família, dos amigos e do que envolve a nossa vivência numa cidade como o Porto, mas, ao mesmo tempo, foram períodos de oportunidades e de ver a cidade de fora. Às vezes, para percebermos aquilo de que gostamos, temos de estar de fora.
Quando lhe colocaram a alcunha de “Molinhas”?
O meu pai era dono da Molaflex – na altura em que começou a televisão em Portugal e os anúncios – e tinha um grande amigo, o Artur Agostinho, o primeiro publicitário da Molaflex. Era preciso um anúncio e ele disse ao meu pai: “A melhor maneira é pegarmos no teu filho, vestimos-lhe um pijama e colocamo-lo aos saltos em cima de um colchão”. E foi assim. Depois, o logótipo da Molaflex tinha um menino a saltar em cima de um colchão e chamava-se Molinhas. Eu tinha seis ou sete anos.
O presidente da Câmara Municipal do Porto deita-se num colchão Molaflex?
Deita [risos].
Ouvi dizer que, em miúdo, era bom para andar à porrada.
Ainda sou.
Já admitiu que a situação súbita do BES, em termos externos, não foi boa para a nossa imagem. O que o preocupa mais?
Várias coisas. Desde logo, o facto de algumas pessoas terem ficado sem nada. Há pessoas que eram abastadas e, de repente, ficaram sem nada. Preocupa-me muito que, numa altura em que o País parecia estar a ganhar credibilidade externa, surge um escândalo que apareceu, por exemplo, no New York Times. Também me preocupa o impacto que terá na economia porque o BES era um banco muito ativo nas PME’s, enquanto fornecedor de crédito. Preocupa-me que em Portugal continuem a surgir casos destes, que saibamos as coisas sempre tarde demais. Tenho a sensação de que só depois do leite derramado é que percebemos o que está a acontecer. Quer dizer que o sistema não funciona.
Comprou, por 100 contos, uma participação na E. A. Moreira, empresa de navegação fundada pelo seu avô. Que idade tinha e como se lembrou de avançar para essa compra?
Tinha 22 anos. O meu pai tinha-me convidado para trabalhar na Molaflex e eu não quis. Eu tinha um projeto para a Molaflex, a que ele não achou muito boa ideia. Resolvi que queria trabalhar na navegação. Tinha estado na Noruega a trabalhar nesta área e foi assim que surgiu esta ideia. E comprei essa participação. Tive de pedir dinheiro emprestado, pois, na altura, ganhava cinco contos. Pedi a um amigo alemão.
E pagou-lhe? Com juros?
Paguei sem juros, mas ficou uma amizade que dura até hoje.
Como é que imagina o Porto, no final do seu mandato?
Tenho falado muito no conceito de felicidade e espero, que no final do meu mandato, o Porto continue a ser uma das cidades mais felizes do Mundo. Se assim for, é porque estamos a cumprir o nosso caminho.
Textos: Humberto Simões; Fotos: João Ribeiro e DR
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