É um momento muito triste na vida de Tânia Ribas de Oliveira. A apresentadora da RTP chora a morte do avô, com quem mantinha uma relação muito próxima. Tânia Ribas de Oliveira despediu-se do seu “homem perfeito” através de uma carta emotiva que partilhou no seu blogue.
Leia aqui o texto na íntegra:
“O que seria dos barcos no mar sem um farol? O que será de nós sem ti, Avôzinho? O meu homem perfeito, como tantas vezes te chamei. O meu guia de conduta, o meu livro de instruções, a minha referência mais bonita, o meu padrão de lealdade e respeito, o meu máximo exemplo de Amor. Temi este dia durante toda a minha vida, tremi de todas as vezes que te disse “até amanhã, se Deus quiser”.
De todas essas tantas vezes (e porque é que agora todas me parecem insuficientes?) em que estivemos juntos a conversar. Ou na mesa de um restaurante, ou nos sofás das nossas casas (que sendo duas eram sempre só uma), ou em qualquer outra parte deste mundo que te perdeu. Glória ao céu que te conquistou, a ti e à tua implacável sinceridade e transparência. Tantas vezes nos lemos em silêncio, tantas vezes adormeci no teu colo quente e apaziguador. As agruras do crescimento tinham tréguas no teu colo e tu sabias isso como ninguém. Passa-se um filme nos meus olhos que, agora turvos, olham um corpo onde já não estás. Já não estás aqui à minha frente, este não és tu. Estás lá em cima, lá longe e aqui tão perto, tão dentro do meu coração e tão entranhado naquilo que sou. Naquilo em que me tornei, também muito por ser tua neta. Tinhas (tens!) um orgulho desmedido em mim e disse-te vezes sem conta que o meu maior motivo de orgulho eras (és!) tu. De todas as infinitas memórias que tenho de menina e mulher, fico com a da ta voz. A das tuas palavras. A dos teus ensinamentos. Nunca te ouvi, nunca, dizer mal de ninguém. Sempre te afastaste de quem não querias por perto e és a pessoa mais respeitada que conheço exactamente por isso. Os gritos rasgados da nossa avó, chamam por ti. Sessenta e um anos de amor já não se usam neste mundo descartável em que aprendemos a viver.
– Avôzinho, vou ter um bébé e acho que vai ser um rapaz.
Dias depois, refeito da emoção, quiseste conversar comigo.
– Para mim, sempre foste a número um e tenho de pedir-te desculpa. – disseste- quando nascer o meu bisneto, por ser teu filho, vai passar a ser o meu número um.
Amaste-o profundamente até ao fim. Levei-to anteontem e agradeceste. Ele riu, brincou, chamou por ti. E de todos os ruídos que evitavas, os das gargalhadas do Tomás faziam-te sorrir. O meu filho é também a tua continuação nesta família que tanto amavas e que de tanto te amar agora te chora. Te chora tanto e tão fundo que nos dói para além de nós. A lei da vida, que é esta, não apazigua absolutamente nada. Porque, tal como todas as leis, quando não nos favorece parece tremendamente injusta. Obrigada, meu avô, meu amor, minha vida.
“Como pode o sol brilhar com este despudor amarelo num mundo onde tu já não estás?”
Para sempre tua neta,
Tânia”
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