Pela primeira vez, o Papa Francisco abordou o tema da sua morte ou eventual renúncia à cadeira de São Pedro. A conversa, aparentemente informal, decorreu no voo que trazia o Sumo Pontífice de volta ao Vaticano, após uma visita de cinco dias à Coreia do Sul, repleta de significado.
“Poderão perguntar-me se um dia, se não me sentir capaz de seguir em frente, faria a mesma coisa (que o anterior Papa). Sim, faria, porque Bento XVI abriu uma porta, que é institucional”, revelou o Papa, bem disposto, aos jornalistas que o acompanhavam no avião da Alitalia. Aparentando um bom estado de saúde, para os seus 77 anos, Francisco não recusou responder a nenhuma pergunta das que lhe foram endereçadas, nomeadamente sobre a sua popularidade: “Encaro-a como uma generosidade do povo de Deus. Interiormente, tento pensar nos meus pecados, nos meus erros, para não ficar orgulhoso, porque sei que vou durar pouco tempo, dois ou três anos no máximo. E depois vou para a Casa do Pai”.
Com esta declaração de Jorge Bergoglio sobre a sua futura (e curta…) permanência à frente dos destinos da Igreja Católica, surgem especulações sobre o estado de saúde do papa e os verdadeiros motivos que o levaram a fazer agora esta revelação. Ficou também no ar a possibilidade de uma renúncia, como a que fez o seu antecessor, Bento XVI, em 2013. Se tal acontecer brevemente, poderemos assistir à situação completamente inédita de termos três Papas em simultâneo…
Francisco falou ainda sobre as suas férias, explicando que tenciona passá-las em casa, na residência de Santa Marta. “Onde moro”, disse, bem disposto. “Nas férias, mudo de ritmo, leio coisas de que gosto, ouço música e, acima de tudo, rezo”, revelou. Assim que aterrou em Roma, Francisco foi informado sobre a tragédia que se tinha abatido sobre a sua família. Na madrugada de terça-feira, 19 de agosto, um violento acidente de viação na Argentina ceifou a vida a dois dos seus sobrinhos-netos, de apenas dois anos e 8 meses de idade, e à mãe das crianças, Valeria Carmona, de 39 anos.
O sobrinho de Jorge Bergoglio, filho de um seu irmão já falecido, encontrava-se ainda a lutar pela vida num hospital argentino. A família regressava a casa, em Córdoba, depois de uma viagem de lazer, quando o veículo em que seguiam embateu na traseira de um camião de mercadorias. A violência do embate deixou completamente destruído o carro da família, apesar de o condutor do camião ter saído ileso. Em comunicado do Vaticano, Francisco apelou a todos os que partilham a sua dor para se lhe juntarem “em oração e participarem no luto” que assolou a sua família.
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