“Nesta fase, não quero sequer ouvir falar do caso.” Foi esta a reação de Gonçalo Amaral, ex-inspetor da Polícia Judiciária (PJ) e comentador da SIC, ao ser contactado pela VIP para se pronunciar acerca das buscas efetuadas no Algarve. E a razão é simples: o antigo responsável policial enfrenta sérias dificuldades económicas, alegadamente devido ao caso de Madeleine McCann. Além disso, padece de uma grave doença (diabetes em último grau) que o tem debilitado muito.
“Ele está muito doente. Perdeu mais de 50 quilos e está fechado em casa do pai. Já nem ao programa da SIC, apresentado pela Júlia Pinheiro, tem ido. O caso Maddie deu-lhe cabo da vida, tanto em termos pessoais como profissionais. Agora, com as buscas que foram feitas no Algarve, parece que, afinal, ele tinha razão. As próprias autoridades britânicas acreditam que a menina pode estar morta. Caso contrário, estas diligências não fariam sentido. É engraçado os McCann estarem tão calados”, afirmou à VIP um responsável da Polícia Judiciária algarvia, entidade que acompanhou no terreno as buscas feitas pelos britânicos. “Até ao momento, e apesar de haver muito material para analisar, foram apenas encontradas ossadas de cães e gatos. Da criança, nem rasto”, acrescenta.
A Verdade da Mentira, a obra que Gonçalo Amaral escreveu relatando a sua versão do caso Maddie, depois de ter sido afastado das investigações, está alegadamente na base da difícil situação financeira em que o ex-inspetor atualmente se encontra.
No livro, Gonçalo Amaral defende que “a menor Madeleine McCann morreu no apartamento da Ocean Club, da Vila da Luz, na noite de 3 de maio de 2007; ocorreu uma simulação de rapto; Kate Healy e Gerald McCann são suspeitos de envolvimento na ocultação do cadáver da filha; a morte poderá ter sobrevindo em resultado de um trágico acidente; existem indícios de negligência na guarda e segurança dos filhos. Temos consciência de ter dado o nosso melhor para a resolução do caso. As nossas convicções assentam na experiência profissional, em factos e indícios recolhidos e da sua interpretação à luz do direito.”
Afirmações que levaram os pais da criança a processar o ex-inspetor, penhorando- lhe todos os bens e empurrando-o para a situação económica em que hoje se encontra. O livro viria a ser retirado do mercado em 2009, no cumprimento de uma decisão judicial resultante de um processo interposto pelos pais de Madeleine McCann. O casal britânico penhorou todas as contas bancárias, bens móveis e imóveis do investigador, que ficou a viver apenas com o salário da reforma, também ele, mais tarde, penhorado em parte pelo casal.
Com os cortes no vencimento e com os gastos decorrentes dos tratamentos que a sua debilitada saúde o obriga a fazer, Gonçalo Amaral, asseguraram fontes da PJ, está na penúria: “Ele só sobrevive graças à solidariedade dos colegas e da família.”
Texto: Carlos Tomás; Fotos: Impala, Reuters e DR
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