Nunca um Festival Eurovisão da Canção foi tão conturbado quanto o deste ano. A polémica instalou-se e as críticas encheram as redes sociais quando Thomas Neuwirth, um transformista austríaco de 25 anos, atuou pela primeira vez enquanto Conchita Wurst, uma mulher com uma farta barba.
Porém, o cenário alterou-se no passado dia 10 de maio, em Copenhaga, na Dinamarca, quando a cantora foi sagrada vencedora da 59.ª edição do festival com a canção Rise Like a Phoenix.
Após esta vitória, o transformista passou a ser visto como um defensor da igualdade entre géneros. É que a barba que Conchita ostentou na sua performance, ainda que falsa, foi encarada por alguns como o símbolo da “normalidade” que existe nas pessoas homossexuais, bissexuais ou transgénero, e a ousadia deste jovem passou a ser um ato de coragem.
Prova disso foram as centenas de fãs que estiveram presentes no aeroporto de Viena para receber a “mulher barbuda”.
Desde o século XVII,a arte retratou várias vezes casos de hirsutismo em obras que ficaram intemporalmente famosas. É o caso do quadro intitulado La Mujer Barbuda, em exposição no Museu do Prado, um retrato de Magdalena Ventura aos 52 anos, pintado em 1631 pelo espanhol José de Ribera.
A dúvida sobre o género da napolitana era de tal forma grande, devido à barba, que o artista a pintou com um peito de fora, a amamentar uma criança, para especificar que se tratava de uma mulher.
Tal como esta obra de arte, ou La Barbuda de Peñaranda, de Juan Sánchez Cotán, Conchita Wurst surpreende, suscita dúvidas e deixa uma mensagem controversa.
Texto: LRS; Foto: Reuters
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