Depois de quase meio século de carreira e de alguns dos maiores sucessos da música ligeira portuguesa, Marco Paulo continua a ser um fenómeno de popularidade. Todos os anos, por esta altura, os fãs mais dedicados organizam um almoço de homenagem ao cantor, o que implica autocarros lotados para a Quinta do Casalinho Farto, em Fátima, um local que tem um significado especial para o homem que tem "dois amores" e um "maravilhoso coração".
Em entrevista à VIP, olha para o futuro e explica como o cancro que teve há 16 anos mudou um homem tímido, que se transfigura quando sobe ao palco.
VIP – Uma homenagem de fãs de todas as idades, que fazem centenas de quilómetros de autocarro para almoçar consigo, faz bem ao ego…
Marco Paulo – Estou sempre aqui com muito entusiasmo, muita emoção, muita alegria, porque estão aqui representadas muitas fãs que gostam do Marco Paulo e que gostam de me ouvir cantar e, quando chega a primavera, é muito agradável virmos para aqui e convivermos todos, de todas as idades e classes sociais.
O facto de ser em Fátima tem um significado especial para si?
Tem um significado especial para mim porque gosto muito de Fátima, sou devoto de Nossa Senhora. Nas minhas orações pedi-lhe muito para que a minha doença tivesse uma boa recuperação. Felizmente, já lá vão 16 anos e, possivelmente, teve a sua mão a interferir junto de Deus, para que os médicos tivessem a iluminação de poderem curar-me quando o meu estado era tão grave. Volto a falar nisto porque afetou muito a minha vida pessoal e também para que as pessoas se lembrem que com esperança, força e coragem se consegue ultrapassar tudo mais facilmente. Já cantei aqui, na Capelinha das Aparições. Cada vez que cantava aqui era para cerca de cem mil pessoas. O facto de ser no dia da canonização de João Paulo II e de João XXIII não foi premeditado, mas é muito bonito. Aliás, acho que Nossa Senhora de Fátima também é minha fã. Quando cantei para ela, no santuário, a sensação que eu tive é que ela estava a olhar para mim e a agradecer o facto de eu cantar ali e de lhe dedicar a música.
E agora, que projetos tem para o futuro um homem que já editou cerca de 80 álbuns?
Eu não gravo há cerca de dois anos, mas já estou com saudades de entrar em estúdio e sinto que o público também já tem saudades de ouvir músicas novas. Durante dez anos, gravei um disco todos os anos, pelo que ficar sem gravar durante dois anos foi muito complicado. Mas foi uma opção minha, juntamente com a minha editora, porque a situação económica do País não está boa para as pessoas comprarem discos e, depois de o meu último trabalho ter sido disco de platina, decidimos descansar e deixar espaço para, quando sair um novo disco, as pessoas terem possibilidade de o comprar. Acho que chegou agora a altura. Se me perguntarem quando é que vou desistir, não está na minha mente desistir, virar as costas a pessoas que sempre me trataram tão bem. Agora, quando chegar a altura de me retirar, faz parte da vida. Eu nasci para morrer.
Leia a entrevista completa na edição número 877 da revista VIP
Texto: Elizabete Agostinho; Fotos: Nuno Moreira
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