Fátima Lopes
“Tenho de superar-me”

A criadora portuguesa Fátima Lopes é um nome incontornável na Semana da Moda de Paris. Pela 31.ª vez, a estilista apresentou uma coleção na capital da moda com um desfile no mítico cabaret Lido.

VIP – Este desfile antecedeu o da Chanel. Complicou um pouco as coisas?
Fátima Lopes – Quando se chega ao penúltimo dia do calendário, um dos mais fortes, num dos dias mais importantes, às nove e meia da manhã e antes da Chanel, é realmente uma prova de fogo. Mas é a terceira vez que acontece e a preocupação já não é tão grande. A verdade é que tem de ser um desfile espetacular para poder chamar a atenção no meio dos gigantes da moda mundial.

Sente que tem de superar as expectativas de ano para ano?
Em Paris, na capital da moda, não há lugar para falha alguma. Tem de ser perfeito, tem de correr bem e tem de ser sempre muito melhor do que o anterior. Tenho de superar-me a cada edição, até porque fazer parte do calendário não é um direito adquirido. Nunca tive direitos adquiridos na minha vida. Estou sempre à prova.

A Fátima é pioneira em levar a moda portuguesa à Semana da Moda de Paris. Quais são as diferenças? Ainda é recebida como no início?
Eu fui verdadeiramente a primeira portuguesa a entrar no calendário da moda há 15 anos. Este é o 31.º desfile. Na altura havia uma grande curiosidade em relação a Portugal, porque as pessoas não conheciam praticamente nada. Hoje é normal, somos à volta de 90 criadores em Paris e direi que mais de três quartos são estrangeiros. Portanto, isto não é moda francesa, é moda internacional em Paris. É evidente que há uma diferença muito grande, até em mim. Quando comecei, lembro-me que estava em pânico no primeiro desfile. Agora é normal, é mais um, com a consciência de que tem de ser melhor do que o anterior.

O que propõe para esta coleção?
É inspirada na natureza, acho que todos nós precisamos de proteção e apetecia-me fazer uma coleção com um ar muito confortável. São peças um bocadinho oversized, mangas redondas, trabalhei muito os detalhes, golas, sobreposições, misturas de materiais inesperados. É muito gráfica, e isso é habitual em mim, mas de uma forma diferente. Os tons terra também não são habituais.

Mudou o corte do seu cabelo…
É tudo diferente. Apeteceu-me cortar. Tinha o cabelo comprido desde sempre.

Texto: Lara Raquel Silva; Fotos: Paula Alveno

Siga a Revista VIP no Instagram