Esta é a vertente mais pessoal de José Carlos Malato: pintar põe a nu a alma do apresentador. Uma faceta que poucos conhecem e que o alentejano revela sentir alguma timidez em mostrar. Ainda assim, aceitou o desafio do Casino Estoril e expôs algumas das obras que criou durante o curso de pintura que fez com Ophélia Marçal. “Esta aventura começou no Porto, há 12 anos, quando fui viver para lá para fazer o Portugal no Coração. Comprei um quadro, de uma pintora que não conhecia, e fiquei um mês a olhar para ele e a imaginar quem seria esta Ophélia Marçal. O quadro chamava-se Eu Te Amo”, recorda a cara da RTP, que explica que pintar é uma terapia e outra forma de comunicar. “Eu sentia-me muito sozinho naquela altura, no Porto, e esta era outra forma de me expressar. Tem a ver com a minha maneira de ser. Se calhar, as pessoas sabem pouco a meu respeito. Eu sou mais isto do que o resto…”
Agora, que abandonou o Portugal no Coração, o apresentador passou a integrar a direção de Programas, trabalhando ao lado de Hugo Andrade. Um papel que lhe deixa mais tempo para criar. “Hoje estou ótimo. Eu estava cansado e ninguém dá o máximo quando não gosta do que faz. Estou a trabalhar noutro registo. Agradeço imenso à RTP o facto de me ter dado esta oportunidade”, conta, explicando como se deu esta mudança de vida: “Foi um encontro de vontades. Foi um pedido meu que já tinha sido feito no sentido de poder abrandar um pouco.” Porém, na verdade, o abrandamento é relativo. No fim de semana de Carnaval, Malato viajou até à Madeira, onde fez os diretos das festividades, vai ainda apresentar a gala do 57.º aniversário da RTP e, depois, conduz o Festival da Canção: “Eu, agora, vou ter mais trabalho. Estou a fazer o documentário do Ricardo Ribeiro e mais 13 documentários. Ainda estou a trabalhar em projetos novos e que são da responsabilidade do Hugo Andrade.” E não receia que o coração o possa voltar a trair: “Eu tive o enfarte e dois meses depois vim trabalhar com a mesma intensidade. Eu aguento.”
A acompanhá-lo na abertura da exposição A Poética da Imagem – A Mestra e o Aprendiz esteve o pai, António Malato, de 71 anos, naquela que foi a primeira saída de casa após ter sido internado no início do ano, com problemas respiratórios.
Texto: Sónia Salgueiro Silva; Fotos: Helena Morais
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