"Uma mulher insatisfeita e inquieta por natureza”, e feita “não de um sonho, mas de muitos”. É assim que se define Dalila Carmo. A atriz, que está de regresso à TVI como protagonista da novela O Beijo do Escorpião, revela que gosta de se superar a cada trabalho. “Tento sempre dar o meu melhor. Sou quase obsessiva.” Além da representação, tem nas viagens um dos seus grandes amores.
VIP – Esteve afastada da TVI, mas agora está de regresso com a novela O Beijo do Escorpião, e logo como protagonista. Como está a correr este desafio?
Dalila Carmo – Está a ser como todos os desafios de novela. Um ritmo e um processo de trabalho intenso. Nunca tinha trabalhado com o António Barreira, estou a familiarizar-me com a escrita dele. Também há muitas pessoas com as quais já tinha trabalhado. É quase como um retomar de uma realidade que me é muito familiar. Não gosto de fazer só novela, gosto de fazer outras coisas. Portanto, para voltar aqui tenho de me organizar mentalmente, fazer um reset mental de tipo de trabalho.
Fazer uma novela é sempre um produto work in progress. Em televisão, a personagem está sempre em mudanças….
Sim, hoje acho que a minha personagem tem determinadas nuances, amanhã acrescento-lhe uma coisa nova, ou retiro-lhe uma que está a mais. É um trabalho que não é estanque, do qual eu não consigo ter essa visão global. De resto, estou a matar saudades de pessoas que já não via há muito tempo. Estou a conhecer pessoas novas que estou a adorar, como é o caso da Sara Matos, por exemplo. E está a ser muito bom esse regresso a uma realidade que conheço bem e da qual tento sempre dar o meu melhor…
É um mulher exigente consigo própria?
Muito. Estupidamente. Sou quase obsessiva. Ainda hoje a Sarinha [Sara Matos] dizia-me que eu não desligo nunca. Estou sempre em trabalho, a bater as cenas, mesmo as que já acabei de fazer. Estou sempre em flashback, a pensar o que é que poderia ter melhorado. Nunca consigo ligar o piloto automático. Raramente chego a casa ao fim de um dia de trabalho satisfeita. É complicado. Fazer uma novela é uma prova de fogo, nomeadamente por causa do horário intenso.
Sei que está a gravar das oito às 20 horas…
É o horário normal de gravações. E depois, quando chega a casa, ainda vai estudar… Sim, tento adiantar durante os fins de semana, mas às vezes não consigo. Quase todos os dias preciso de trabalhar algumas cenas à noite. De qualquer forma, a memória é como um músculo, vai ganhando elasticidade e temos tendência a apropriarmo-nos mais depressa dos textos. Não é com a profundidade que gostaríamos, mas acabamos por desenvolver a espontaneidade. O trabalhar depressa obriga-nos a ter uma grande capacidade de resposta ao inesperado. E isso também tem a sua arte.
Vai fazer 40 anos em agosto. O avançar da idade assusta-a?
Não é a idade que me preocupa, é o tempo. É nós não sermos imortais e não termos a vida toda para fazer tudo aquilo que nos apetece. Porque acima de tudo, mais do que a idade, assusta-me acabar, assusta-me chegar ao fim, e um dia vou chegar. Sempre disse que quero saber envelhecer. Já digo isto desde os 20 anos. Nessa altura, dei uma entrevista em que disse “quero envelhecer com frescura!”, e estou fresquíssima. Basicamente, acho que cada idade tem as suas vantagens e as suas desvantagens. Hoje, sou um bocadinho menos tola do que aos 20 . Agora, não sei como é que vou lidar com a idade. Vivo no presente, logo vejo.
Pretende fazer uma grande festa no dia em que fizer 40 anos?
Normalmente, não costumo festejar os anos. É provável que passe sozinha, mas porque gosto. Faço anos em agosto e como a seguir à novela quero andar três meses a viajar sozinha, logo vejo.
Leia toda a entrevista na VIP nº866
Texto: Ricardina Batista; Fotos: Luís Baltazar: Produção: Zita Lopes; Maquilhagem e cabelos: Ana Coelho com produtos Maybelline e L’Oréal Professionnel
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