Logo à primeira impressão, percebemos que Bárbara Paz é uma atriz que foge ao rótulo de celebridade “inatingível”. Simples, muito simples mesmo, chega ao Hotel Sheraton, no Rio de Janeiro, de muito bom humor, cumprimentando descontraidamente e sem vedetismos todos os que com ela se cruzam e a reconhecem.
À vontade e sem grandes exigências, Bárbara, que também é estilista, usa a sua formação em moda para, de forma prática, participar na escolha dos looks e da maquilhagem para esta produção fotográfica para a VIP. O fantástico dia de sol levou-a a sugerir que toda a sessão fosse realizada na praia. Afinal, o objetivo de Bárbara também é mostrar aos fãs portugueses as belezas naturais da Cidade Maravilhosa, de que ela tanto gosta e que apreciadas no mundo inteiro.
Ao longo da entrevista, a atriz confessou a sua paixão por Fernando Pessoa, desvendou alguns pormenores da sua vida pessoal e revelou um pouco a sua intimidade, ao falar do relacionamento que mantém com o marido, o cineasta Hector Babenco.
No final, fez questão de mandar uma mensagem muito especial para o público português, que a acompanha diariamente na novela Amor à Vida, através da sua personagem, a carente e apaixonada Edth.
VIP – Tal como está a acontecer aqui no Brasil, também em Portugal a novela Amor à Vida é um sucesso. Como se sente por saber que o público português gosta muito de si?
Bárbara Paz – É maravilhoso! Eu adoro Portugal! Enche-me de alegria saber que os portugueses me conhecem, que sabem da minha existência e, mais ainda, que acompanham o meu trabalho. Acho que só tenho de agradecer à Globo por me permitir exercer a minha função de atriz do outro lado do Atlântico e agradeço também – e muito! – aos portugueses que veem a novela e que acompanham regularmente o meu trabalho.
Quando falamos de Portugal, o que lhe vem à cabeça?
A luz de Lisboa, o fado, o bacalhau, a simplicidade e a generosidade do povo português. E (claro!) a literatura! O meu poeta preferido é Fernando Pessoa! Desde sempre!
Quantas vezes já lá esteve? E o que achou do país?
Já lá fui várias vezes. E, em cada viagem que faço, descubro um recanto novo de Lisboa, que me dá outra perspetiva da cidade. Pode ser um cheiro, uma comida, uma música… Já conheço todos os pontos turísticos e não turísticos de Lisboa. Agora, quero começar a conhecer o Interior de Portugal. Esse é o meu sonho, que espero concretizar em breve.
A Bárbara tem uma história de vida intensa, pois, aos 17 anos, ficou sem os seus pais. Foi difícil ter sido obrigada a tomar conta da sua própria vida assim tão jovem? Em algum momento se sentiu revoltada?
A minha vida, a minha história de vida, foi feita assim… E é graças a ela que eu estou aqui hoje. Mas, apesar das contrariedades, nunca me revoltei. Procurei olhar sempre para a frente. Sou assim hoje e sempre fui assim.
Mas sentiu necessidade de procurar apoio e chegou mesmo a recorrer a consultas de psicanálise, não foi?
Ainda hoje faço psicanálise e posso garantir que isso me faz muito bem! É uma mulher muito carismática e bem -disposta.
De onde vem todo essa alegria que tem perante a vida?
Da minha mãe, talvez… Ela sempre foi uma pessoa muito gentil, educada, alegre e com um carisma enorme. É casada com o cineasta Hector Babenco e têm uma relação sólida.
Qual é o segredo para se ter um casamento feliz?
Acho que um casamento é algo muito complexo e não existe propriamente um segredo. Mas, uma coisa é certa: não pode faltar companheirismo e amizade. Ambos são ingredientes fundamentais.
Falando agora um pouco da novela Amor à Vida… na história, a Edith continua apaixonada por Félix. Acha possível uma mulher continuar a lutar pelo amor do marido, mesmo sabendo que ele é gay?
Sim e na vida real há muitos casos semelhantes a este. Na verdade, o amor não se escolhe, assim como também não é possível escolher o tipo de amor que cada um sente. Há mulheres que têm um lado masoquista, mas em relação à Edith, não é esse o caso. Ela ama, realmente, o Félix.
A relação que manteve com o mordomo foi por pura vingança feminina. Quem ela quer mesmo é o Félix e, claro, tudo o que ele significa: dinheiro, estabilidade…
A novela é, realmente, muito boa, tem um excelente guião, bons atores e conta também com uma magnífica direção. Para além disso, é uma história contemporânea, que aborda assuntos muito atuais e fala dos problemas dos dias de hoje.
Acredita, portanto, que o drama de Edith, em relação à homossexualidade do marido, acontece muito na vida real, no nosso dia-a-dia? É uma situação muito comum?
Muito mesmo! Pode ter a certeza de que é muito mais comum do que se imagina.
Para si, é verdade que o amor fala sempre mais alto e é capaz de superar todos os preconceitos?
Sim, sem dúvida. E estas questões são sempre abordadas por Walcyr Carrasco, o guionista da novela, que gosta de retratar estas realidades.
Como tem sido a reação do público em relação a esse assunto? Qual é a posição dos telespectadores em relação ao casal Edith e Félix?
Por um lado, querem que eu me vingueainda mais do Félix, mas também querem muito que ambos fiquem juntos. Na verdade, eu acredito que o público adora esse casal excêntrico! A novela já tem mais de 100 episódios e está a entrar na reta final.
Que balanço faz do seu trabalho e da evolução que a sua personagem teve ao longo de Amor à Vida?
Um verdadeiro sucesso! E refiro-me não só à recetividade junto do público como aos atores escolhidos para o elenco. Temos uma equipa excelente e estamos muito contentes com o nosso trabalho. Aliás, o resultado pode ser visto diariamente na novela.
Texto: Márcio Gomes; Fotos: Vítor Campos; Produção: Rosane Amora; Assistente de produção: Bianca Nascimento; Cabelo/maquiagem: João Velasquez; Bárbara Paz veste Victor Dizenk, Osklen, Alexandre Herchcovitch, Diesel, Alessa e Carolina Massiere.
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