É talvez o rosto mais conhecido do cinema francês e o seu percurso internacional tornou-a numa das musas da sétima arte. Mas, em Lisboa, Juliette Binoche revelou a humildade de quem vive na dimensão dos mundos alternativos que descobre a cada papel.
“Tens de aceitar que não és nada. O ego é um instrumento para o ator, não pode ser o fim em si”, afirmou. No encontro com os fãs, no Espaço Nimas, confessou que a solidão que sentia quando era ainda criança lhe fez descobrir o mundo do teatro e, aos 15 anos, sabia que queria ser atriz.
“Representar é muito físico e a forma como isso se processa dentro de ti é muito complexa; por isso, digo que representar é entrar no nível mais profundo do teu ser”, explica, adiantando que fazer “algo novo” é um dos objetivos que a move.
Apesar de não ter a certeza de, um dia, querer ser realizadora porque, como atriz, nunca se sentiu “frustrada”, admite que não é uma atriz “obediente” e que a criação acontece no encontro das muitas energias que se cruzam em cada filme. “Nasci como criatura e quero ser criadora”, clama, explicando que a profissão que escolheu lhe permite alcançar a liberdade absoluta.
“O meu desejo maior é chegar a cada um na sua individualidade, na sua história, nas suas cores e nas suas sombras, para trazer uma esperança de transformação, porque acho que a transformação é um presente para os vivos. E é por isso que acho que esta é a melhor profissão do mundo, porque é a profissão da transformação, emocional e física”, disse a uma assistência rendida à simplicidade poética da atriz que se consagrou em filmes como O paciente inglês, A trilogia Vermelho, Branco e Azul, ou Chocolate.
Texto: Elizabete Agostinho; Fotos: Paula Alveno e Jorge Firmino
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