Cristina Ferreira
“Sou romântica, mas não sou fácil de conquistar”

Famosos

Apresentadora lança livro de culinária, mas admite que os homens não se conquistam pelo estômago, antes “com humor e amor”. Receita que está pronta para experimentar

Sex, 08/11/2013 - 0:00

 Aos 36 anos, Cristina Ferreira sente­ se Deliciosa. Este é o título do livro de culinária que chegou esta semana aos escaparates. Um novo desafio da apresentadora de Você da TV!, da TVI, que diz estar a viver uma fase muito feliz. Garante já ter ultrapassado os maus momentos que viveu e está preparada para voltar a encontrar o amor. Quem sabe, até… casar! Enquanto não encontra o príncipe encantado, a estrela da estação de Queluz de Baixo dedica­ se ao trabalho e ao filho, Tiago, de cinco anos – fruto do relacionamento de 15 anos que viveu com António Casinhas –, e revela que não pensa em voltar a ser mãe.

VIP – Lança­ se na escrita com um livro de culinária. Porquê?
Cristina Ferreira – Pela minha ligação à comida. É visível diariamente no programa o quanto gosto de comer. O meu convívio familiar desde sempre que foi muito feito à volta da mesa. A minha mãe é a melhor cozinheira do Mundo. Herdei dela o jeito para que tudo me saia bem e, por isso, faz para mim sentido este livro, que é o seguimento do que fiz desde o primeiro dia no Daily Cristina: receitas fáceis, muito simples, com ingredientes que todos temos na despensa, conseguindo sempre surpreender. É para quem não quer ser chefe de cozinha, mas apenas chefe de família.

Como surgiu o convite?
A sugestão foi minha e a editora Objectiva, desde o primeiro minuto, adorou a ideia e colaborou de uma forma fantástica. O livro surge da nossa troca de ideias e foge um bocadinho àquilo que se espera de um livro de receitas e da forma como tradicionalmente se apresentam. É uma cozinha deliciosa.

Porquê Deliciosa Cristina?
Porque o conceito do próprio livro, baseado em algumas características minhas e da minha personalidade, levou a que se fizesse esta brincadeira, remetendo também para o universo da cozinha. Não é o que se espera da comida? Que seja deliciosa?

Depois de ter sido considerada por dois anos consecutivos a mulher mais sexy pelo CM, este título pode suscitar algumas piadas. Convive bem com o epíteto de sex symbol?
Pode e deve suscitar piadas. E eu convivo muito bem com isso. Agora, aviso já que não faço parte das receitas, tenho é uma receita de vida muito particular, assente no sorriso, no otimismo, na liberdade de ser quem sou, coisas que, aos olhos de algumas pessoas, me tornam deliciosa. E eu sinto-me assim… e ainda bem!

Quais são as suas especialidades gastronómicas?
Gosto de cozinhar, mas não sou de inventar, baseio­ me muito naquilo que sempre comi em casa da minha mãe e, acima de tudo, no que é saudável. Sou feliz com peixe cozido, uma sopa, esparguete. Não é preciso muito.

Antigamente, a mulher tinha de saber cozinhar porque se dizia que os homens se conquistavam pelo estômago. Também é dessa opinião?
Não. Os homens conquistam­ se com amor e humor. E se a cozinha for feita com esses dois ingredientes, a receita é infalível.

E para a conquistarem a si, o que é preciso?
Conquistam­ me pela honestidade, pela sinceridade, pelo sorriso. Mas eu não sou fácil de conquistar.

É uma mulher romântica?
Sou. Fantasio muito, gosto de celebrar datas especiais, gosto de marcar momentos, de surpreender e gosto muito de ser surpreendida.

Como aprendeu a cozinhar?
A ver a minha mãe. E só de ver. A minha mãe nunca foi muito de me ensinar e nunca teve como objetivo tornar­ me uma fada do lar. Mas a família sempre foi o meu porto, um local de afeto. A cumplicidade com a minha mãe fez­ se muito do estarmos lado a lado. Nunca tivemos grandes conversas, mas tivemos grandes momentos.

Que recordações guarda dos seus pais?
Os meus pais foram fundamentais na minha formação. Agradeço todos os dias o que me deram de mais valioso: o amor. Deram­ me liberdade de escolha e o meu pai sempre me disse uma frase-chave para a minha vida:
“A cama que fizeres é nela que te irás deitar.” E eu sempre soube isso, que as minhas escolhas teriam consequências, mas eram minhas. Sei do orgulho imenso que têm em mim. E eu sei do muito que trabalharam para me dar o melhor. A minha luta passou a ser retribuir.

Tem uma relação muito próxima com os seus pais. Eles são os seus pilares?
São tudo para mim. É a eles que volto sempre. Nos momentos felizes e nos menos bons. Estão sempre à minha espera.

Cozinhar é um ato de amor. Por exemplo, gosta de juntar amigos e família em casa à mesa?
Sempre gostei. Na minha família somos sempre muitos à mesa, a casa de um é a casa de todos, falamos de tudo e de cada um, e a comida é sempre um pretexto para nos juntarmos. Somos de celebrar e temos rituais fixos. É raro eu jantar sozinha com o meu filho. A minha família sou eu e mais dez. Sempre.

Vem aí o Natal. Como vive a quadra e o que guarda com mais carinho dos natais da sua infância?
O Natal foi sempre a minha época mais esperada e feliz. Lá está, com todos à volta da mesa. Não somos de teatros e cantorias. Somos de conversas. E somos sempre uns 20 na casa da minha mãe. Sempre foi. Ainda tenho o cheiro do musgo e do pinheiro que montava com a minha mãe, hábito que retomámos com o nascimento do Tiago. E uma tarefa que é sempre minha: pôr a mesa.

Qual é o presente que gostava de ter no sapatinho este ano?
Que o ano que vem seja tão intenso como este e que o meu filho continue a ser um menino muito feliz.

Este ano, o Tiago passa o Natal consigo ou com o pai?
Passa sempre com os dois. Tudo é com os pais. Nunca nos separámos dele. E esse é um dos meus maiores orgulhos. Ele é o mais importante para nós. E merece o melhor dos dois,

É filha única. Isso marcou­ a?
Nunca me senti sozinha. Cresci no campo com muitos mimos, mas sem ser mimada. Cresci rodeada de primos. Tenho um profundo orgulho da minha família nuclear e mais alargada. Somos todos muito unidos. Vamos agora brevemente fazer um almoço para celebrarmos a nossa união. Somos 75. E não há uma semana em que não nos vejamos quase todos. Quem tem isto, tem tudo.

Por enquanto, o Tiago também é filho único. Isso incomoda­ a?
Não. Sempre pensei ter apenas um filho.

Publicou­ se que está a construir uma casa nova. Não é, então, por estar a pensar aumentar a família?
75 familiares não chegam? Tenho a família que sempre sonhei.

Deixou de ser loira e virou morena, e uma coisa que disse foi que estava pronta para voltar a amar. O que mudou?
Estou numa fase feliz. Nós crescemos com tudo. Tenho 36 anos, uma vida fantástica, uma profissão que amo, energia para dar e vender. E aprendi a valorizar isso. Os momentos menos bons já estão ultrapassados.

Ainda tem o sonho de casar vestida de branco?
Terei sempre. Continuo a ser a menina que para em frente às montras a ver os vestidos de noiva e a sonhar com o meu dia. E sei que ele vai chegar.

Aos 36 anos, como é que se sente e como se define?
Sinto­ me plena. Sou hoje a mulher que sempre quis ser. Trabalhadora, que acredita, sem arrependimentos e com vontade de continuar a crescer.

Alguma vez pensou chegar onde está hoje?
Sempre soube que tentaria dar o meu melhor fosse qual fosse o caminho que escolhesse. Tentei sempre ser boa aluna, tentei ser uma boa professora, fui muito feliz a ser empregada de balcão, a servir cafés no restaurante dos meus pais. E quando não sei, aprendo. Se um dia tiver de plantar batatas, acreditem, serei muito feliz a fazê­ lo. O que conquistei foi com muito trabalho. Nunca vi os meus pais fazerem outra coisa.

Começou por tirar Comunicação Social antes de ser apresentadora de televisão, mas licenciou­ se e deu aulas de História. Porquê?
Porque estava habilitada para o fazer. História e Português. E isto já depois de ter feito um estágio de jornalismo na RTP. Nunca fui de ficar parada. E foram dois anos maravilhosos. Também me teria sentido realizada a ser professora. Ainda não desisti e devo voltar a ser. Mas agora gostava de dar aulas na área da televisão.

Com o Daily Cristina disse que se queria internacionalizar. Até onde vão os seus sonhos?
A todo o lado. O Mundo é nosso e não tem fronteiras. Nós é que criamos muitas barreiras. Portugal não é de todo pequenino. Nós já conquistámos o Mundo, porque é que havemos de ser apenas um retângulo? Tenho o maior orgulho de ser portuguesa.

Portugal é um país fácil para se ser famosa, ou às vezes tem saudades de ser anónima?
Não é tão fácil como imaginam. Tem muitas vantagens, ganha­ se muito, mas aquilo que se perde nunca mais se volta a ter. E ninguém consegue saber, a não ser quem passa por isto. Mas o carinho que me devolvem diariamente não irei conseguir agradecer nunca.

Uma das coisas más de ser figura pública é ser notícia por tudo e por nada e, às vezes, até por falsos motivos. Como lida com as mentiras que escrevem sobre si?
Agora, muito melhor. Também cresci com isso. De mim, podem dizer o que quiserem. Dos meus, não! A tristeza que cheguei a ver nas pessoas que amo, pelo que se escreveu algumas vezes, não irei perdoar nunca. A escolha desta vida foi minha.

Diz que se ganha muito a ser figura pública. Isso também é real a nível de ordenado. Mesmo assim, sempre assumiu ser poupada. Como está a viver esta crise?
De uma forma completamente diferente da maioria das pessoas. A minha vida é muito confortável, não tenho do que me queixar, o que não me impede de viver atormentada com a tristeza e dificuldade geral. Mas acredito, sinceramente, que enquanto povo, mais uma vez, conseguiremos dar a volta. Cometemos todos muitos erros e temos agora que os reparar. E temos de ser exigentes com quem nos governa.

Nem na loja sente a crise?
A loja está bem e recomenda­ se, a adaptar­ se ao momento, mas a ter cada vez mais fãs do estilo que escolhi como meu. Tudo o que lá está é escolhido por mim. A loja é a minha cara e mais uma das tarefas que me dá trabalho, mas muito prazer.

Sempre assumiu que perde a cabeça por sapatos e agora desenhou uma linha de sapatos…
Gosto muito de sapatos e, por isso, desenhar esta linha foi um desafio. Eu quis desenhá­ la para as mulheres portuguesas. E as primeiras reações foram fantásticas. A Hush Puppies foi fantástica e confiou cem por cento em mim. Foi maravilhoso o processo de construção e vou adorar ver as mulheres portuguesas com os meus sapatos nos pés.

Sente­ se realizada? O que lhe falta fazer?
Quase tudo. Estou à espera de tudo e nas mais variadas áreas. O que a vida me reservar, eu estou pronta para receber. E para lutar.

Como se imagina quando tiver 50 anos?
Feliz e talvez com mais uns quilitos.

Texto: Sónia Salgueiro Silva; Fotos: José Manuel Marques; Produção: Elisabete Guerreiro e Manuel Medeiros; Maquilhagem e cabelos: Inês Franco

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