Art Sullivan descobriu o jovem luso-descendente Hugo Sahki há cerca de cinco anos, na Internet. Depois de lançar com ele um primeiro álbum, em 2009, vem agora a Portugal com o jovem cantor, de 24 anos, para apresentar Hugo, um álbum duplo gravado em francês e português.
O mítico cantor de Petite Demoiselle, agora com 62 anos, admite que redescobriu a paixão pela música através do entusiasmo desta jovem promessa, com quem tem partilhado o palco, para o transformar numa estrela que brilhe por muito anos.
VIP – O que aconteceu ao longo destes quatro anos, desde o primeiro álbum do Hugo?
Art Sullivan – Trabalhámos muito. Fizemos este segundo álbum como se fazia antigamente, com músicos e violinos. Demorou bastante tempo e fizemos alguns espetáculos.
Hugo Sahki – Estou muito feliz com este produto final, vai ser lançado em vários países. Este é o álbum que eu queria fazer. E agora tenho oportunidade de cantar em vários países.
O Art já não cantava há muito tempo. Como é que o Hugo o convenceu a voltar os palcos?
AS – Eu só cantava as minhas músicas antigas. Há muita gente que canta bem e recebo vários contactos de pessoas que me pedem ajuda. Mas, nele, vi esta forma muito natural de cantar. Porém, disse-lhe que não queria fazer dele uma estrela por seis meses, queria fazer isto a longo prazo.
O que é que o fez deixar de cantar, Art?
AS – Às vezes, perguntam-me por que não faço um novo álbum, mas, a verdade, é que não me apetece. Em 1978, em pleno sucesso, parei. Nesta profissão ou há entusiasmo ou mais vale parar. O que me fez voltar foi quando, em 2000, me perguntaram se podiam editar um CD e eu disse que sim, mas achava que ia vender 500 exemplares. Mas foi disco de ouro, de platina… Só em França vendeu 200 000 exemplares.
Desde essa altura, voltei a fazer espetáculos e o meu público tem a possibilidade de regressar ao passado, de se projetar na sua adolescência.
Então, o Hugo foi uma exceção?
AS – Há 40 anos que canto, basicamente, os mesmos temas, as minhas canções antigas. Torna-se repetitivo, é como comer batatas fritas todos os dias! Com o Hugo é uma nova receita. Esta profissão tem de ter esta excitação musical, senão não vale a pena continuar. Redescobri essa paixão graças ao Hugo, ele rejuvenesceu-me. Fez muitos documentários sobre as famílias reais.
Esse gosto vem da sua ligação à família real belga e à sua prima, a rainha Mathilde?
AS – Eu não sou monárquico, mas gosto da família real belga, nomeadamente, porque unifica, de alguma forma, o país. Mas percebi que os países republicanos gostam das histórias de realeza. A minha prima é, agora, rainha, mas não estive na coroação. A minha mãe era prima do pai da Mathilde, mas era, tendencialmente, anarquista e, portanto, não era propriamente próxima da família. Quando ela morreu, em 2004, o nosso primo, pai da Mathilde, esteve presente. Achei comovente. Mas não somos próximos… enfim, é família!
Nos próximos meses, o que preveem?
AS – Queríamos fazer alguns concertos, bons espetáculos. Espero que ele consiga construir o seu caminho, a sua carreira.
Como imagina o seu futuro?
HS – Daqui dez anos, se pudesse continuar nessa profissão, seria um sonho. Se não puder, vou continuar a cantar, como fazia antes, às escondidas. O que quero é cantar, quero fazer isto com paixão, não pelo dinheiro. O Art disse, há uns anos que queria passar a reforma em Portugal.
Essa ideia mantém-se?
AS – Sim. Aliás, quando morrer, quero que as minhas cinzas sejam deitadas ao mar, em Cascais. Adoro Portugal, venho cá várias vezes por ano. Não é muito politicamente correto, mas costumo dizer que a Bélgica é o meu amor e Portugal a minha amante.
Texto: Elizabete Agostinho; Fotos: Liliana Silva; Produção: Manuel Medeiro
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