Luís Onofre
“Sinto-me um privilegiado entre as mulheres”

Famosos

Luís Onofre designer de sapatos das
famosas, conta a sua história de sucesso
ao lado da mulher, Sandra Cachide

Qui, 29/08/2013 - 23:00

De férias no Algarve, o designer de calçado Luís Onofre e a mulher, Sandr a Cachide, aproveitam para relaxar após um ano intenso de trabalho. O casal, que está junto há 17 anos, partilha a vida e os negócios e são pais de três raparigas: Beatriz, de 15 anos, Marta, de 12 anos, e Maria Luís, de sete. Luís Onofre e Sandra já se casaram, divorciaram e voltaram a juntar-se, mas casar de novo… não está nos planos.


VIP – As férias foram muito ansiadas?
Luís Onofre – Sim, foi um ano difícil, acima de tudo, com muito trabalho e desgaste emocional. Mas, no fundo, estes 15 dias que tirámos em agosto acabam por ser para estarmos com as nossas filhas e proporcionarmos-lhes dias agradáveis, porque elas merecem e, infelizmente, estão pouco tempo connosco devido ao nosso trabalho. Costumamos estar sempre juntos em Pedras D’el, em Tavira, e já vamos para este destino há uma série de anos, onde temos vários amigos.

O que aproveitam para fazer?
Sou adepto de coisas muito simples e ligadas ao mar. Adoro praia, em especial a do Barril, que é fantástica e me transmite uma paz incrível. Sou um apreciador da comida tradicional portuguesa e em Tavira come-se bem. São estas pequenas coisas que fazem o todo das férias. Gosto muito de ir beber uma cerveja ao final da tarde e comer a amêijoa do Algarve, que tem o sabor característico dos coentros, que no Norte não se usa muito.

É nestes momentos que aproveitam também para compensar as vossas filhas?
A Beatriz, que já tem 15 anos, está numa fase em que quer começar a sair, mas eu sou um bocadinho um pai à antiga (risos) e tento evitar que ela ande muito neste mundo. A Beatriz e a Marta já querem vir para Vilamoura e afastar-se da paz daquele cantinho de Tavira. A Maria, que tem sete anos, adora estar em Tavira e tem várias amigas lá. Temos de ir gerindo isto em família, o que não é fácil com tantas mulheres (risos). Lembro-me que com 15 anos eu já ia para Espanha e a partir dos 16 ou 17 já quase não passei férias com os meus pais. Passarmos as férias todos juntos é algo que tentamos cultivar até ao máximo que pudermos. A família é muito importante e representa tudo para mim.

Apesar de serem férias em família, imagino que reservem momentos a dois. Diria que são importantes para alimentar a relação?
Sem dúvida, ajuda muito. Até porque foi um ano particularmente desgastante, o que acaba sempre por trazer um ou outro problema entre o casal, algo normal. Tentamos resolvê-los quando temos estes momentos a sós e acabamos por conversar algumas coisas. Conversar e falar abertamente sobre as coisas é essencial. Estão juntos há 17 anos, é sinal que essas conversas resultam bem… Vão resultando. Claro que nem tudo são flores, a vida é como é e nós somos como somos. O ser humano é interessante, no aspecto de mudar muito ao longo dos tempos, e temos de acompanhar a evolução um do outro, assim como estar atentos às necessidades um do outro.

Em que pilares assentam a educação que procuram passar às vossas filhas?
Tentamos dar-lhes a melhor educação possível a nível escolar, como é óbvio, mas temos de lhes dar as bases em casa. Procuramos estimular-lhes o gosto pelas coisas tradicionais portuguesas. E é fundamental darem valor à família, mas, acima de tudo, não darem demasiado valor aos bens materiais e mais à relação humana.

Qual das três meninas diria que é mais parecida consigo e com a mãe?
A mais parecida com a mãe é a Maria, tanto de personalidade como fisicamente. Tem uma personalidade vincada, sabe bem o que quer, está atenta a tudo e tem uma maneira de ser muito feminina como a mãe. A Marta é a mais parecida comigo em feitio e, talvez mesmo, fisicamente. Ela, acima de tudo, dá-se bem com toda a gente e cria amizades com facilidade. Acho que nisso se assemelha comigo, porque das coisas que mais prezo são os amigos. A Beatriz é uma mistura, tem “sangue na guelra”. Das três é a mais desenrascada, vai para qualquer lado sem problemas e nisto sai mesmo à Sandra. Cada uma é como é e as três têm feitios completamente diferentes.

Como é ser o único homem entre quatro mulheres?
Ainda temos mais uma cadela (risos). Ia dizer que não é fácil, mas torna-se fácil porque elas são muito carinhosas e isso dá-me forças. Sinto-me um privilegiado entre as mulheres da família.

Ainda gostavam de ter um menino?
Eu gostava, mas agora já começa a ser complicado. Hoje em dia, criar um filho com todas as condições é complicado e pela nossa vida as coisas podiam complicar-se mais a nível de trabalho. As nossas filhas já estão mais autónomas e a chegada de um bebé implicaria mais dependência, isso deixa-nos na dúvida. Eu gostava de ter uma família muito grande.

E gostavam de casar-se novamente?
Não sei. Acho que não, neste momento não é algo que me diga muito, mas se calhar um dia… Não está fora de questão, da minha parte não, agora a Sandra dirá.

Sandra Cachide – Essa é uma pergunta difícil, porque eu prometi que não me ia casar mais. Já me casei uma vez e acho que um papel não significa nada. Qualquer mulher, sobretudo quando se é mais nova, tem a ilusão de casar, fazer uma festa, usar o vestido de noiva… Eu já concretizei essa parte, tenho outra maturidade e não é o papel assinado que vai trazer alguma mais-valia. Para o ano comemora 15 anos de carreira e tem sido um percurso de sucesso…

LO – Nem me tinha apercebido disso (risos). Aliás, eu tenho já 22 anos ligados aos sapatos, mas como marca Luís Onofre são quase 15 anos. Tem sido um percurso de sucesso, mas com muitas amarguras pelo meio e muito esforço também por parte da Sandra, que é uma das responsáveis, senão a responsável máxima, por a marca estar onde está. Ela tem sido um pilar na parte financeira e é muito boa naquilo que faz. Acho que nos complementamos muito bem, eu na parte comercial e design e ela na parte financeira. Cada um tem a sua função, mas quando temos de lutar e alcançar um objetivo, juntamos forças. Acho que fazemos uma excelente equipa.

Este é um grande elogio, não é Sandra?
SC – É um trabalho de equipa. Os dois temos responsabilidade de uma forma positiva no sucesso da marca. Ele é a parte criativa, que é a mais importante, e é a partir daí que nasce tudo, o resto foi um trabalho em conjunto. Tivemos uma visão e concretizámo-la, com muito empenho e dedicação.

Como está a correr a expansão da marca a nível internacional? Estava a apostar no mercado da América do Sul e ponderava abrir duas lojas na Colômbia.
LO – Isso para já está em standby, porque são mercados complexos. Há muita burocracia, temos de conhecer bem a legislação e o que nos espera naqueles países, por isso, temos de fazer estudos de mercado exaustivos. Já fui, em alguns casos, não direi de olhos fechados, mas avancei com um projeto sem estar bem estruturado e depois as coisas não correram tão bem. Antes de fazermos qualquer coisa, queremos estar bem seguros do passo que vamos tomar, porque é muito complicado abrir uma loja, não funcionar e termos de fechar. Ainda estamos em negociações no que respeita a preços e a nível de alfândega. Na Europa, entra quase tudo a um custo muito reduzido e quando exportamos, deparamo-nos com uma série de dificuldades, nomeadamente, nas alfândegas, como, por exemplo, no Brasil, que é absolutamente assustador o preço que eles cobram de percentagem de cada produto que lá entra. 

Os seus sapatos são dos mais desejados pelas mulheres portuguesas e lá fora não passam despercebidos. Michelle Obama, Penélope Cruz, Cameron Diaz, Paris Hilton e até a princesa Letizia já usaram criações suas. Como é que vê este sucesso?
LO – É óbvio que é um orgulho e me enche o ego, deixa-me muito contente. Mas uma das coisas que tento fazer e me deixa feliz no meu trabalho é conseguir fazer uma coleção melhor que a anterior. Empenhei-me muito em fazer uma coleção mesmo boa e acho que resultou em cheio.

O que é que uma mulher pode esperar quando calça Luís Onofre?
LO – Que se sinta mais feminina, acima de tudo. Uma característica dos meus sapatos é que são femininos e tento dar-lhes o máximo de elegância. Procuro chegar ao limite: tem de calçar bem, mas tento que o salto vá até ao limite. A própria forma do pé tem de estar elegante, mas não pode ser desconfortável… Procuro conjugar tudo e estar no meio termo… que não seja demasiado fashion e possa transpor várias épocas. Tento fazer um seguimento de linha e pensamento de uma coleção para a outra. A coleção é única e internacional, mas absorvo muito as ideias dos agentes comerciais e as opiniões dos clientes. O pulsar do mercado é muito importante para mim.

Texto: HMC; Fotos: Tito Calado

Siga a Revista VIP no Instagram