Dizer há quantos anos se conhecem é difícil, tanto para Marina Mota como para João Baião. “Muitos anos, mesmo muitos…”, atiram os dois, e logo se remetem para histórias e vivências do passado. Entre gargalhadas sentidas e boa disposição, é mais do que notória a cumplicidade entre ambos. É difícil para quem com eles conversa não se deixar contagiar pela energia positiva que transmitem. Ele, mais brincalhão, no registo a que já habituou o público. Ela, mais séria e assertiva em cada resposta. É esta dualidade, esta diferença que os completa em palco, agora no Teatro Politeama, com a peça A Grande Revista à Portuguesa, encenada por Filipe La Féria, que assim presta homenagem aos cem anos do teatro a que deu nova vida.
VIP – Como caracteriza este espetáculo?
Marina Mota – Do meu ponto de vista, não tem a estrutura tradicional da revista à portuguesa, mas também não deixa de o ser. É um misto entre um musical e uma revista. Está a correr bem, estamos felizes. Acho que este espetáculo está para durar e isso é muito bom
João Baião – Digo exatamente aquilo que tenho ouvido as pessoas dizer: bem montado, divertido, veio na altura certa, já que andamos cabisbaixos e pouco alegres. É feito com bom gosto e rigor. Bem dançado, vestido, cantado. É completo. Acho que o público não é e nunca foi estúpido, percebe quando as coisas têm qualidade e são feitas com rigor e profissionalismo.
Sentem que o sucesso do espetáculo se deve ao elenco e à assinatura de La Féria?
JB – É por tudo. Se nos primeiros dias o espetáculo não agradasse, depressa a casa deixaria de estar cheia. As pessoas saem com a sensação e o registo de uma noite bem passada. O boca a boca também é importante. No outro dia, uma senhora abordou me na rua e disse: “Você está um máximo na revista.” Perguntei lhe se tinha visto e disse me que ela não, mas a filha sim.
MM – O público é a entidade que mais me importa agradar. Faço o melhor que sei e que posso para agradar à entidade que me mantém aqui e que me mantém viva, que é o público. Não sendo este um espetáculo apoiado pelo Governo, a bilheteira é o único recurso do Filipe enquanto produtor. Ficamos felizes por sentir a recetividade do público.
Notícias deram conta de que trabalharam gratuitamente durante os ensaios. Querem comentar?
MM – Não são coisas que interessem ao público, porque é uma questão de gestão de recursos, mas foi nos pedido para facilitarmos o pagamento. Só começámos a receber depois da estreia. No que me diz respeito, estou em dia. Recebi o pagamento dos ensaios depois da estreia. Pode acontecer.
Mas lamenta que assim seja?
MM – Não me choca. Estes espetáculos têm um grande investimento, a companhia é grande. É difícil para um produtor, que não tem o apoio do Estado, estar a fazer um investimento sem retorno, estarmos com dois meses de ensaio à cabeça e termos de manter a companhia em dia. O poder de investimento é relativo. Tenho pena que não seja um espetáculo apoiado governamentalmente. É um teatro genuinamente português, mas já não me compete a mim perceber o porquê destas decisões governamentais.
JB – Bem… (pausa). Acima de tudo, isto é a nossa profissão. Mas agora o que importa é que, independentemente daquilo que ganhamos, tudo aquilo que fazemos, fazemos por amor. Depois, entrar no palco mágico daquele teatro maravilhoso e ver uma sala cheia… o que é melhor do que isso?
Como é que reagiram ao convite para integrar o elenco?
JB – É o meu regresso ao Politeama. Andávamos há muito tempo a pedir ao La Féria para fazer uma revista assim. Felizmente, sempre consegui conciliar o teatro com a televisão e nunca estive muito tempo afastado do teatro. Mas sentia falta de fazer este registo, esta coisa de nos sentirmos à experiência. No princípio estava com medo de já não ter pedalada ou de já estar distante desta linguagem “laferiana”, tive receio de não conseguir responder. Mas não aconteceu, entrei logo no ritmo. Depois, consigo conjugar outras coisas boas, como o facto de voltar a trabalhar com a Marina Mota e com a Maria Vieira.
É pública a amizade dos dois. Como é trabalharem juntos?
MM – Temos uma relação ótima. O bom é que também conseguimos entender nos profissionalmente. E é muito bom partilhar o palco com amigos.
Facilita o trabalho?
MM – Não digo que seja mais fácil. Existe é mais cumplicidade, boa disposição e mais generosidade em cena. O teatro também é sermos generosos e sabermos partilhar e o João é das pessoas com quem melhor me dou. É um privilégio partilhar o palco com ele. Entrega se muito. É sensacional.
JB – Trabalhar com amigos nem sempre é fácil, mas connosco não há problema. Por muito que as pessoas se deem bem em termos de amizade, às vezes, profissionalmente, as coisas podem correr mal. Connosco não é o caso, temos uma relação muito boa. E o mesmo acontece com a Maria Vieira. É um privilégio quando estamos a fazer aquilo de que gostamos.
Neste registo, o João aproveita para desenvolver mais a criatividade?
JB – É completamente diferente da televisão, claro. As pessoas ligam me muito ao teatro de revista, mas a verdade é que eu não tenho muita experiência na revista. Só tinha feito duas, uma delas com o Carlos Cunha e com a Marina, lá está, que é craque neste género.
Quem é que puxa mais pelo outro em palco?
JB – A Marina puxa por mim, claro (risos). A sério: desde que me lembro, quando comecei a ir ao Parque Mayer, era pequeno, via a Marina. Sempre fui e sou fã da Marina. Temos a mesma idade, mas ela começou muito antes de mim. E eu nunca estarei no mesmo patamar da Marina Mota.
MM – Claro que estamos.
JB – Não. Eu nunca estarei no mesmo patamar. A Marina está muito acima de mim.
MM – Sabe, quando as pessoas são talentosas têm este tipo de comportamento que o João está a ter. Ele só está a dizer isto porque é, de facto, uma pessoa muito humilde. E quando as pessoas são assim e são muito talentosas, têm este comportamento. Se ele não valesse nada, não estava com esta postura. O João é muito bom.
JB – Por sermos muito populares, fazermos televisão e as pessoas até gostarem do nosso trabalho, acredito que poderão dizer que eu sou a primeira figura masculina deste espetáculo. Mas nunca estarei no mesmo patamar da Marina Mota, que é a Senhora Dona Revista (Marina, agora não me contraries).
Texto: Micaela Neves; Fotos: Bruno Peres; Produção: Manuel Medeiro; Maquilhagem e cabelos: Ana Coelho com produtos Maybelline e L’Oréal Professionnel
Siga a Revista VIP no Instagram
TOP VIP
-
1Nacional
Cristiano Ronaldo
Desiludido com Georgina Rodríguez e tudo por causa dos filhos: “Tinha a obrigação…”
-
2Nacional
Fernando Daniel
Volta a ser arrasado no The Voice Kids: “ Tamanha arrogância “
-
3Nacional
Marco Paulo
Eis o motivo para a família não herdar um cêntimo
-
4Nacional
Marco Paulo
Família ‘impedida’ de lutar por herança: “A menos que…”