Terminou agora as filmagens do telefilme alemão 'Um Verão em Portugal,' onde é protagonista, e já começou as gravações de Belmonte, a nova telenovela da TVI. Aos 46 anos, Paulo Pires, foi um dos primeiros manequins portugueses com carreira internacional e também um dos primeiros a consolidar uma carreira na representação.
Casado há 13 anos com a psicoterapeuta austríaca Astrid Werdnig, com quem tem duas filhas, Chloë e Zoe, Paulo Pires diz desconhecer o segredo para uma vida feliz, mas considera que tentar viver da forma mais honesta possível poderá ser o caminho para a total realização pessoal que, diz, é um objetivo inalcançável.
VIP – Acaba de protagonizar o telefilme alemão Um Verão em Portugal. Correu bem?
Paulo Pires – A primeira vez que li o guião assustei- me, porque tinha muito texto em alemão. Uma alemã vem a Portugal, conhece um português chamado João e há uma história de amor. Foi essa a missão, andar de vespa com ela, mostrar sítios emblemáticos de Portugal. É um personagem muito giro, uma história leve, interessante, e como acabava de fazer o papel de um vilão, que me desgastou, foi um lufada de ar fresco.
Já arrancaram as gravações da telenovela Belmonte. Está entusiasmado?
É uma novela cujos exteriores são em meio rural, em Estremoz. Tenho um personagem relativamente tranquilo, que não me obriga a uma grande carga e isso, às vezes, é bom para descomprimir um bocadinho. O personagem não era, à partida, algo que me apetecesse muito fazer, mas estou curioso. É um padre ecuménico, um humanista, um homem que está numa fase da vida em que se preocupa essencialmente com os outros. São personagens que podem não ser muito apelativos, mas o que interessa é se têm conflito psicológico ou não e julgo que este terá. Tem um bom ponto de partida, é um personagem que admiro, portanto, é simpático fazer este papel.
O facto de não ter uma carga horária tão pesada dá-lhe mais liberdade?
Sim, dá para tentar conciliar com teatro porque, quando se é protagonista, não se tem abertura para mais nada. Já me aconteceu fazer outras coisas enquanto era protagonista, mas não sei se o voltarei a fazer.
Na altura em que acaba de perder o contrato de exclusividade com a TVI é convidado para um novo projeto. Isso dá -lhe alguma segurança?
Eu continuo ligado à TVI. Não faço questão de explicar que tipo de ligação é, ou de entrar nos pormenores desta questão, mas não estou necessariamente disponível para trabalhar para outros canais. É claro que todas as pessoas gostam de se sentir seguras, mas, às vezes, a segurança também nos castra um bocadinho.
Mas diz isso porque sente que construiu uma carreira que lhe traz alguma segurança?
Seguro ninguém está. Esta profissão é assim, mas eu nunca trabalhei de outra forma, nunca sei como serão as minhas férias do próximo verão. Portanto, não corro para a segurança. Procuro estar confortável, não gosto de dar o passo maior do que a perna e penso sempre, desde que trabalho, que poderei estar alguns meses sem trabalhar.
É talvez um dos primeiros manequins portugueses a conseguir construir uma carreira na representação. Sentiu alguma resistência, ou foi algo natural?
Não sei se era resistência, acho que era preconceito, mas acho esse preconceito normal. Se me dissessem amanhã que a Gisele Bünchen vai fazer um filme também ficaria de pé atrás e eu não era, propriamente, a Gisele Bünchen. Mas o tempo, normalmente, resolve essas questões.
Foi também parar à moda por acaso do destino?
Foi uma porta que se abriu, mas acho que em nada na vida isso é, por si só, suficiente. É preciso construir as coisas com cabeça, arriscando, mas medindo os riscos. E foi isso que tentei. Depois, acabei por trabalhar menos na moda do que seria de esperar e preferi enveredar por este campo. A dada altura, foi necessário dizer a mim próprio que não ia trabalhar mais em moda, apesar de ter continuado a fazer campanhas publicitárias.
Como é que surgiu esta carreira, numa altura em que pensava estudar psicologia?
Sou daquelas pessoas que não se vê a fazer uma única coisa na vida. A psicologia seduzia-me muito, ainda hoje é um campo que me fascina, mas também me via a estudar algo na área das artes… houve sempre várias atividades que acho que me poderiam realizar, mas completamente realizado nunca ninguém está. Surgiu isto e eu fui avançando.
Praticou desporto federado quando era mais novo, agora pratica fotografia… está constantemente em busca de novos territórios?
Todos somos ambiciosos. De uma forma geral, a ambição é uma coisa boa, é importante a pessoa estar em constante procura, porque isso mantém– nos vivos. Todos nós passamos por momentos de felicidade e por outros de insatisfação. Eu estou longe de ter tudo, mas não estou realizado, nem nunca estarei.
Nesses momentos, ter em casa uma terapeuta familiar ajuda?
Normalmente, as pessoas que estão nesse meio costumam ser boas conselheiras. Claro que quando estamos envolvidos não vemos as coisas tão bem. Mas, apesar de ser minha mulher, a Astrid consegue ter essa distância crítica, não só pessoal, mas também profissional, até porque conhece o meio. Portanto, sempre foi um apoio muito grande.
Como se conheceram?
A trabalhar na moda, na minha segunda passagem pela Áustria, em Viena. Vivemos juntos em Paris, Taiwan, Munique e, depois de muitas vindas a Portugal, acabámos por casar na Áustria e por vir viver para Portugal.
Como se mantém um casamento durante 13 anos?
Pensando no dia-a-dia, dialogando… não sei, não tenho o segredo. Acho que não há fórmulas certas para nada na vida, nem para um casamento, nem para a educação dos filhos. Acho simplesmente que temos de tentar fazer as coisas da forma mais honesta possível. Ir deixando que as coisas aconteçam e ir gerindo… Eu nunca pensei que fosse casar com uma austríaca e pergunto-lhe muita vezes se algum dia pensou que ia casar com um português de raízes alentejanas. Quando vamos ao Alentejo, brincamos com isto. Nunca passou pela cabeça do meu avô que o neto viria a ser ator e viesse a casar com uma manequim austríaca.
Mantém essa ligação afetiva ao Alentejo?
Sim. Primeiro, porque tenho lá as minhas origens; depois, porque é a região do País que prefiro. Aquela paisagem, o calor, o silêncio, o cheiro, toda aquela energia que o Alentejo transmite está nas memórias da minha infância. Durante a adolescência houve algum distanciamento, porque é um período em que as pessoas querem descobrir o mundo; mas, depois, voltei a estabelecer essa ligação. É a região que prefiro quando quero sair de Lisboa, para escapar e “recarregar pilhas”.
A Chloë tem nove anos; agora, a Zoe, com sete meses, veio trazer uma nova fase à vossa vida? Ser pai aos quarenta é diferente de ser pai aos trinta?
É diferente, sobretudo, por ser a experiência da segunda filha. Talvez as noites mal dormidas sejam piores agora, porque a resistência diminui com a idade. Mas é uma criança que apareceu nesta fase da nossa vida e é mais uma experiência única. Julgo que a paternidade é a coisa mais maravilhosa que fazemos na vida. Há uma espécie de imortalidade, o nosso sangue continua a correr noutras veias, é um mundo novo.
A Zoe foi planeada ou foi uma surpresa?
Na nossa vida quase nada é planeado. Ela decidiu aparecer e foi uma boa surpresa.
Mas planeiam receber mais surpresas dessas, ou não pensam nisso?
Nunca fizemos muitos planos, mas também temos a noção de que isto não está para mais crianças. Assusta um bocadinho, quando temos um filho pensamos no que poderemos dar-lhe, queremos ter uma esperança de vida que permita acompanhá-lo e dar-lhe qualidade de vida.
Gosta que elas cresçam neste ambiente internacional, que sejam, por assim dizer, umas cidadãs do mundo?
Não o fazemos com esse propósito, acontece muito naturalmente. À nossa mesa falam-se três línguas, o português, o alemão e o inglês, porque o inglês foi a língua que adotamos, quando eu e a Astrid nos conhecemos. Quando estão outras pessoas connosco falamos português; mas a nossa ligação mais rápida é o inglês. Às vezes saltamos de uma língua para outra e funciona.
Teve uma carreira internacional, trabalhou em Espanha… parece que vai sempre buscar sempre coisas além-fronteiras, até a Astrid!
É verdade, importei até no amor. Houve um período da minha vida em que viajei muito e isso trouxe-me muita coisa, mostrou-me muito mundo. Gosto disso, não gosto de estar num gueto, porque acho que, de facto, vivemos numa aldeia global. De uma forma geral, aquilo que faço na minha vida leva-me a viajar. Não é só pelo dinheiro, mas também para abrir novos mercados e adoro essa sensação, de pensar “amanhã vou para Istambul… como será?” Não fui lá fora à procura de uma mulher, fui lá para fora e conheci uma mulher. Antes da Astrid tive alguns relacionamentos internacionais, de curta duração, pelo simples facto de viajar. E depois conheci a Astrid. Mas gosto muito do facto de a minha filha mais velha ter estado no Brasil com apenas três semanas. Hoje, com nove anos, já viajou mais do que os meus pais. Com sete meses, a Zoe já viajou várias vezes… isso agrada-me muito.
Não são “pais-galinha”?
Somos pais cuidadosos. Quando fui para o Brasil, primeiro fui eu, andei à procura de um aparthotel que tivesse as características que queria para ir em família, procurei uma pediatra, preparei terreno e depois vim buscá-las. Portanto, sou “galinha” no sentido de que sou muito atento. Tenho esse lado português. Acho que os portugueses têm, por exemplo, a preocupação com a comida, com alimentação e o austríaco tem mais a preocupação com o descanso, com o dormir bem. É curiosa esta diferença: quando uma das crianças está rabugenta, eu penso “se calhar tem fome” e, geralmente, a Astrid pensa em pô-la a dormir. Estas diferenças mantêm-se, temos esta cultura dupla e eu gosto desta fusão.
Texto: Elizabete Agostinho; Fotos: Bruno Peres; Produção: Manuel Medeiro; Maquihagem: Vanda Pimentel com produtos Maybelline e L'Oréal Professionel
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