Jurista, tradutora jurídica e de literatura infantil, a colombiana Martha Esperanza apaixonou-se por Portugal quando nos visitou pela primeira vez, em 1998. Desde então, tem sido uma embaixadora da cultura lusitana no seu país de origem, com a tradução de várias obras literárias portuguesas. Neste momento, vive entre um país e o outro, descrevendo-os como as suas “duas pátrias”.
VIP – Quando foi o seu primeiro contacto com Portugal?
Martha Esperanza – Vim pela primeira vez a Portugal quando estava a fazer uma pós-graduação em ciência política, na universidade de S alamanca, em Espanha, e umas colegas da Venezuela convidaram-me para visitar Portugal. Fiquei impressionada com o país e a sua gente. Neste momento é portuguesa.
Isto é importante para si?
Sim. S enti o desejo intenso de ter um vínculo sério e duradouro com este país. Por isso, solicitei a nacionalidade e tive a honra de me ser outorgada. Sinto-me feliz por ser portuguesa, mas também sinto uma grande responsabilidade. Tenho duas pátrias e tenho que corresponder à confiança que tem sido depositada em mim.
Como foi a sua incursão na tradução literária?
Um amigo, o engenheiro José Peres Machado, bisneto da escritora portuguesa Elzira Dantas Machado – mulher do ex-Presidente da República Bernardino Machado –, referiu-me, um dia, um livro da sua bisavó, intitulado 'Contos para os Meus Netos'. Li os contos, que me trouxeram sentimentos de ternura, ao conhecer as circunstâncias em que foram escritos e ao inteirar-me de que a autora foi uma lutadora pelo reconhecimento da plenitude dos direitos da mulher portuguesa. Decidi traduzi-lo para castelhano, para compartilhar com as crianças do outro lado do Atlântico as histórias que Elzira Dantas Machado escreveu.
Como reagiu a família Machado a essa sua decisão?
Deram-me total apoio. O Dr. Manuel Machado Sá Marques participou ativamente no processo de tradução e ilustração e na apresentação do livro. Foi um grande apoio para mim, neste trabalho.
'Contos para os Meus Netos', na versão espanhola, inclui um prólogo da autoria de Mário Soares, não é assim?
Sim, tive a sorte de o ex-Presidente da República de Portugal, Dr. Mário S oares, ter dado esse valioso contributo ao livro. A generosa contribuição enaltece a obra. Aliás, a apresentação do livro ao público português foi feita na sua fundação. Esta foi uma das obras que apresentou na 16.ª Feira Internacional do livro em Bogotá.
Como foi a aceitação por parte do público?
As minhas obras são as Letras Portuguesas em Espanhol e tiveram – e têm – uma grande aceitação por parte do público colombiano. Os leitores colombianos estão ávidos de conhecer temas deste lado do Atlântico e devoraram os livros, que traduzi para eles.
Traduzir é uma forma de difundir a cultura? E as palavras são todas traduzíveis?
Sim, a tradução é um meio eficaz para difundir os valores, os costumes, as crenças e as práticas dos habitantes dum país. As palavras não são todas traduzíveis, mas pode transmitir-se a ideia que expressam. Não há segredo na tradução, o que há é um compromisso: a fidelidade.
Pode dizer-se que é uma embaixadora da cultura portuguesa?
A cultura portuguesa é imensa e eu não tenho conhecimento para poder dizer que sou uma sua embaixadora cultural. Só sou portuguesa pela generosidade das autoridades deste país e pelo amor que tenho a Portugal. Procuro enaltecer o nome do País, em todas as partes onde vou.
Como iniciou a sua atividade como tradutora jurídica?
Para obter a equivalência da licenciatura em Direito, tive que estudar o livro de direito administrativo geral, da autoria de Marcelo Rebelo de Sousa e André Salgado de Matos. A minha especialidade na Colômbia é o direito administrativo e pareceu– me interessante e importante compartilhar com os meus colegas do outro lado do Atlântico o direito administrativo português. Por isso, achei que a maneira mais eficaz era fazendo uma tradução deste livro, para o que obtive a confiança dos autores e a tutela de Francisco Magalhães, presidente da APT. Este foi o meu primeiro trabalho como tradutora jurídica.
Que atividade desenvolvia na Colômbia, antes de vir para Portugal?
Formei-me como advogada na Faculdade de Direito do Externato de Colômbia em Bogotá, e exerci a profissão de advogada litigante. Servi o país em cargos de eleição popular, em vários períodos, como deputada à assembleia departamental de Tolima, e fui membro da Câmara Municipal do Chaparral. Desempenhei cargos de livre nomeação e remoção, lecionei na universidade e trabalhei no jornalismo de rádio e escrito.
O que faz nos seus tempos livres?
Tento conhecer melhor Portugal, ou seja, visitar fisicamente, mas devagar, diversos lugares deste país, para poder senti-lo e porque é muito agradável comprovar que o verbo que mais se conjuga em Portugal, é o verbo ajudar. Os portugueses estão sempre dispostos a ajudar.
De que lugares gosta mais, em Portugal?
Lisboa, pela sua luminosidade, a simplicidade da sua gente, o típico dos bairros antigos… Sintra, Ericeira, Mafra, Coimbra e a sua universidade, são locais encantadores. E gosto das praias! Pela proximidade da minha casa, frequento mais as de Sesimbra, o Portinho de Arrábida e as de Troia.
Que plano tem para o futuro?
Neste ir e vir entre as minhas duas pátrias, tenho aprendido que estimular a apresentação das manifestações culturais eleva o espírito das pessoas. Por isso, estou a planear um grande centro cultural em Chaparral, na Colômbia, um espaço arquitetónico contemporâneo, destinado à apresentação de manifestações culturais, das mais diversas modalidades. Para isso, tenho que aprender mais sobre a maneira de ser, sentir e conviver em paz do povo português.
Fotos: Luis Lizararo y Paulo Ferreira
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