O cantor português está rendido ao talento e entrega da colega espanhola. India Martinez admira a voz de Paulo Gonzo, a sua forma de cantar e o facto de a fazer rir: “É um sedutor nato”, garante! Juntos, gravaram o sucesso Vencer ao Amor. A VIP entrevistou-os em Lisboa.
VIP – Como surgiu este dueto com a India Martinez?
Paulo Gonzo – A atividade musical tem destas coisas. É uma área muito abrangente e muito alegre, que nos faz conhecer imensas pessoas. Ao longo dos anos, vamos conhecendo pessoas que queremos conhecer e outras que aparecem sem querer. Portanto, não é entediante. Eu não conhecia a India Martinez. O ano de 2012 foi muito bom, entre discos, promoções, concertos… e acabei o ano nos Coliseus, a celebrar os meus 35 anos de carreira. Foi um ano musicalmente muito bom, os sítios sempre cheios, muitos encores. Apesar desta tristeza idiota que nos envolve, foi um ano muito bom.
Não sente que essa “tristeza idiota” de que fala leva mais gente aos concertos, para se animarem um pouco…
PG – Sim, sim. Às vezes até me sinto meio constrangido por estar em sítios, por exemplo, no Interior do País, e as pessoas cantam e estão alegres. Constrangido, mas muito contente e bem comigo, porque é sinal que tiram aquele bocadinho para estar menos mal. E isso é um privilégio.
Gostou logo da voz do Paulo quando o ouviu?
India Martinez – Sim, pareceu-me ter uma voz muito original e uma forma de cantar diferente. Gostei muito. Não se conheciam pessoalmente.
Como foi quando se juntaram para cantar?
IM – Quando o conheci, descobri que não só era um grande cantor como uma excelente pessoa e muito divertido. Além disso, o Paulo inspira-me confiança e faz-me rir. Cantar ao seu lado é muito especial.
Voltando ao dueto…
PG – Tinha de ir pensando num disco para o próximo ano, mas não queria fazer mais do mesmo. Ainda não tinha nada bem equacionado, mas o ex-presidente da Sony Music falou-se de um pedido que tinha vindo de Espanha, para ver se eu queria gravar um dueto com a cantora India Martinez e deu- me um CD dela, que eu pus no carro, mas não ouvi logo porque estava muito preocupado com os ensaios dos Coliseus e queria estar focado nisso. Em outubro, o presidente voltou a falar-me nisso, dizendo que havia um pressing maior e pediu-me que ouvisse o CD rapidamente, para dizer sim ou não. Ouvi no carro e fiquei absolutamente surpreendido. Fui pesquisar e ver o percurso dela. Depois, conheci-a e o processo foi muito rápido. Foi amor à primeira vista, foi uma coisa absolutamente espontânea.
Ela também canta em português.
PG – Sim, duas frases e também teve muita dificuldade, mas ela tem muito jeito e muita facilidade em aprender.
O facto de ser muito novinha não dificultou um pouco?
PG – Desde quando as qualidades musicais se medem pela idade? O Sinatra faleceu com oitenta e muitos anos… É o talento que interessa. E resultou na perfeição. Sei que tem muito menos experiência que eu, mas é muito madura em termos vocais e musicais. Aliás, ela faz muita fusão e temas em árabe. É extremamente afinada, é detentora de uma voz incrível e tem uma margem de progresso enorme. Além disso, é muito intuitiva e madura.
A partir daí, começou-se a deli-near-se um projeto para o próximo ano que tem a ver com duetos, mas isso ainda não estou habilitado a falar. Não pode dizer nem um ou dois nomes?
PG – Ainda não posso, mas serão vários… espanhóis, brasileiros, franceses, italianos, cabo-verdianos, angolanos…. todos muito bons. Entretanto, para que não se perdesse o fio à meada com a India, fizemos um repackeged do Só Gestos, que se perdeu ali um bocado na confusão.
Disse há pouco que havia pessoas com quem gostava de trabalhar, mas que nunca aconteceu. Tais como?
PG – Com muita gente, mas não escolho as pessoas pelos seus lindo olhos e sim porque me acrescentam alguma coisa. Há uma pessoa que adoro e que andava atrás dela aos anos e parece que, finalmente, consegui para este novo disco.
Pode dizer-nos quem é?
PG – (Risos) Ainda não.
Com que idade começou a cantar?
IM – Entre os dois e os cinco anos cantava muito, mas só em casa. Aos 12 anos, cantei pela primeira vez em público, num programa de televisão, onde fui finalista. Desde esse momento, comecei a cantar em festivais, concursos e festivais de flamengo. Aos 17 anos tive o meu primeiro contrato discográfico.
Já foi indicada para vários prémios latinos. É um sonho tornado realidade?
IM – Cada dia, para mim, é o realizar de um sonho. Proponho-me metas e estou muito agradecida por ter conseguido de-dicar-me à musica, porque é o que amo fazer.
Foi difícil cantar em português?
IM – Quero saber a canção inteira em português, já disse isso ao Paulo, mas vai aos poucos (risos).
Com fôlego para voltar à estrada?
PG – Sim, sempre! Não concebo outra forma de ser. Sou muito empreendedor e exigente. Trabalho sempre imenso, ao contrário do que muita gente possa pensar – não sei se é pelo meu ar (risos). Devem achar que não trabalho e que as coisas aparecem feitas… que sou omnipresente (risos).
Já mostrou Lisboa à India?
PG – Ela já cá tinha estado. Não deu para muito, porque quando vem é sempre com pouco tempo, já que também tem a agenda dela, mas já a levei a jantar a alguns sítios onde se come bem. Ela é muito simpática, humilde. Neste momento, em Espanha, é já muito conceituada.
IM – Esta é a segunda vez que cá estou. A primeira foi para gravar o videoclip. De momento só conheço Lisboa, que acho uma cidade mágica. Penso voltar mais vezes.
O Paulo é um sedutor?
IM – Sim! Nato (risos)!
Texto: Carla Simone Costa; Foto: Bruno Peres; Produção: Romão Correia; Maquilhagem e cabelos: Vanda Pimentel com com produtos Maybelline e L’Oréal Professionnel
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