Pouco mais de três semanas foi o tempo que Marta Melro esteve no 'Big Brother VIP'. A atriz, por sua iniciativa, desistiu do programa e conta a sua experiência na casa mais vigiada do País, assim como as razões que a levaram a tomar essa decisão. Marta Melro, que atualmente namora com Filipe Cunha, esclarece que no passado não traiu o ator Rodrigo Saraiva, com quem namorou quatro anos, e que nunca se envolveu com Francisco Macau, pois não o conhecia.
VIP – Como está agora, que saiu da casa?
Marta Melro – Para já, ainda estou a recuperar um bocadinho do caos (risos). Estou ótima, muito feliz por estar de volta a casa, ter as minhas coisas e o meu sofá, estar com as pessoas que conheço desde sempre, só posso estar bem.
Está no conforto do lar, mas chegou a morar no barracão. Como é que foi?
Era tudo menos conforto. A primeira semana foi a mais difícil, porque entretanto foram-se conquistando alguns luxos e refiro-me a coisas como almofadas, sal, que era um dos maiores luxos, e açúcar. Na primeira semana usámos como sal as pevides que vinham no cabaz de boas-vindas e que usámos para temperar o frango.
O que foi o mais difícil enquanto esteve no programa?
É sufocante não sabermos nada cá de fora, torna aquilo mais claustrofóbico. Já toda a gente teve situações em que esteve longe da família ou amigos, mas era difícil não ouvirmos sequer um olá. Algumas pessoas foram tendo a benesse de falar com a família nos diretos e eu nunca tive essa sorte. A única coisa que recebi foi um postal, e chorei baba e ranho só porque vi a letra da minha mãe, e recebi uma mensagem dos meus pais através da produção.
O que a levou a sair?
O instinto que me levou a entrar foi o mesmo instinto que me disse que eu deveria sair. É complicado explicar às pessoas porque é que se faz uma coisa que se sente. Como é que se explica que alguém se apaixona ou tinha o instinto de fazer algo? Eu tive esse instinto. “Acho que devo sair, tenho muitas saudades de casa, acho que o jogo a partir daqui vai começar a ficar feio”, senti isso, que a partir dali ia ser um jogo à séria.
Mas feio em que sentido? Com discussões?
Sim, é inevitável, porque começa a passar mais tempo, as pessoas começam a ficar mais cansadas umas das outras e a ter saudades de casa, por todos os motivos que aquele programa causa. Eu nunca sairia se não sentisse que já tinha sido posta à prova ali dentro. Estive em situações de confronto, de tristeza, senti todas as emoções que o programa me poderia dar. Quando senti que já tinha confrontado isso, que já tinha cumprido o objetivo de me pôr à prova, achei que não fazia sentido continuar.
Mas achou que foi algum concorrente que a pôs à prova ou a produção?
Não. Era o contexto. Era inevitável que existissem discussões ou dissabores. Por haver nomeações na terça-feira, a quarta-feira era um dia tenso. Todos os dias havia ali um motivo para tensão, nem que fosse por não se saber onde estava o sabonete de alguém. Ali todos os dias há motivo de discussão.
Acha que não se precipitou em ter saído do programa?
Pensei com calma. Fui ponderando sempre as coisas. Era o que eu dizia aos meus colegas: “Para terem a capacidade de gerir isto, vivam todas as semanas como se fosse a última que aqui estão. Pensem que a qualquer momento podem ir embora, ou porque não vos apetece estar mais aqui ou porque são nomeados e são expulsos.” Eu pensava isso, deixei os dias correr e sabia que quando sentisse alguma coisa ia ser irreversível. Já todos foram ao confessionário e pediram para sair, já toda a gente chorou baba e ranho, stressou…
Disse que o que a levou a entrar foram as mesmas razões que a levaram a sair. Que razões são?
Quando aceitei entrar, tinha muitas dúvidas. Inicialmente, recusei o convite por achar que era uma atitude egoísta da minha parte, porque sempre fiz tudo para resguardar a minha família e que a minha vida privada fosse exposta q.b. Ao entrar num programa daqueles, estava a dar tudo de bandeja. Estava a expor a minha vida e a da minha família, e eu não tinha o direito de ser egoísta. Senti-me culpada e essa culpa foi aumentando, e não sabia como é que os meus pais estavam.
Foi dito que os seus pais estariam com dificuldades e por isso estariam a vender a casa de férias.
A casa está à venda porque a localização de trabalho do meu pai mudou e deixa de fazer sentido. Quando eu saí do Porto, a casa deixou de ter tanta utilidade, que era a casa onde eu ia com os meus pais, irmãos e amigos aos fins de semana. Geograficamente, toda a gente se afastou, portanto, deixou de fazer sentido a casa e ela está à venda.
E quanto ao Francisco Macau, com quem teria traído o seu ex-namorado Rodrigo Saraiva?
Nunca vi o [Francisco] Macau na minha vida e, graças a Deus, eu e o Rodrigo sempre tivemos um grande 'fair-play' na nossa relação. Terminou porque tinha de terminar. Somos amigos e tenho um grande respeito por ele e ele por mim, e isso nunca seria possível se tivesse havido traição. E, supostamente, também sou arqui-inimiga da Joana Duarte…
Também ia perguntar-lhe isso. Que a Joana Duarte e o Daniel Cardoso se terão envolvido quando ele namorava consigo?
Conheço a Joana, mas não somos grandes amigas, porque não convivemos muito. Mas temos uma boa relação e soube que ela esteve com o Daniel muito depois de nos termos afastado. Não houve traição.
Voltando à sua saída do Big Brother VIP. Qual foi a primeira coisa que fez após ter saído do programa?
A minha preocupação era só que o meu namorado estivesse ali e assim que o vi, o mundo à minha volta morreu. Entrei numa bolha e a única coisa que me importava era estar com ele e olhar para ele.
A distância ajudou a perceber que o vosso amor é mesmo forte?
Já era. Eu entrei com a certeza de que era quase estúpido estar longe de algo tão bom. É de facto das coisas mais importantes e maravilhosas que eu tenho na minha vida, o meu namorado e a minha relação.
Chegou a ter, por momentos, a vontade de casar?
Nós vivemos juntos, não estamos casados só porque não calhou. Mas trato-o por maridão e para mim é como se fosse o meu marido. Cheira-me que um dia casamos e dizemos: “Pessoal, casámos!” Um dia dá-nos para isso e fazemos uma jantarada como as que fazemos com os nossos amigos. Mas para já não.
Acha que passou a dar mais valor à liberdade e à companhia daqueles que mais ama?
Passei a dar mais valor à liberdade de expressão. Eu exaltei-me por causa disso, porque não conseguia estar a dizer uma coisa e pensar no que estava a dizer, porque sou desbocada. Eu sou stressada, mas sou ponderada e normalmente não me arrependo do que digo. Mas ali era muito complicado não dizer o que estava a pensar. Vê-los a combinar coisinhas e a falar como se fossem crianças de 12 anos, apetecia-me dizer: “Acordem para a vida. Isto é um programa de televisão, não estejam a fingir que não estão num programa de televisão.” Não poder falar e, sobretudo, não ver as pessoas a falar umas com as outras com naturalidade fazia-me confusão.
Alterou ou escondeu traços seus por saber que estava a ser observada 24 horas por dia?
Eu tinha o cuidado que temos de ter quando estamos a trabalhar. Simplesmente, não podemos levar tudo à frente, temos de ter o fair-play lidar com as pessoas que estão à nossa volta, isto em qualquer tipo de trabalho. Quando saí, as pessoas disseram coisas muito bonitas, que eu era uma possível candidata e que achavam que eu tinha sido uma senhora. Pensei: “A sério? Eu? Eu, que me fartei de dizer tudo o que me apeteceu lá dentro?”
Acha que se “esticou”?
Acho que estiquei um bocadinho a corda em algumas circunstâncias. É uma hipocrisia as pessoas dizerem que gostam que lhes digam a verdade, quase ninguém gosta que lhe digam a verdade e eu disse algumas.
E que verdade é que acha que foi bem dita?
Nós fizemos o jogo da roleta em que me saiu a questão: “Qual é que era a pior pergunta que lhe poderiam fazer?” Eu respondi que era ter de dizer francamente o que achava sobre cada um. Dez minutos depois sou chamada ao confessionário para dizer o que achava sobre cada um.
E o que é que disse?
Disse tudo. E quando saí, pensei: “Que caraças!” Quando me perguntaram o que achava do Camarinha, eu disse que ele estava ali em personagem e estava aflitíssimo porque não conseguia manter a personagem. Sobre o Flávio Furtado, eu disse que gostava muito dele, mas que às vezes era um bocadinho palhacinho e precisa de muita atenção porque é inseguro. Eu nem pensei no que disse, mas disse tudo.
Arrepende-se do que disse?
Pensei que também tenho mãe e pai, e por muito que achem que eu sou uma parva, os meus pais não têm de ouvir ninguém a chamar-me parva. Fiquei arrependida por isso.
Os portugueses viram a verdadeira Marta Melro?
Viram e eu não queria muito mais, porque sou um bocado “bichinho do mato” e não sinto que as pessoas precisem de me conhecer. Pelo menos tudo… Ninguém precisa de me ver a rapar a axila, para quê? Ninguém precisa de saber que eu acordo com um cabelo para cada lado e cheia de ramelas nos olhos de manhã. Não há necessidade, não é?
Em poucas palavras, o que foi o melhor e o pior?
O melhor foi o conseguir divertir-me muito sob stress. O pior foi o sentir que as pessoas fazem qualquer coisa para chamar a atenção.
Que tipo de coisas?
Terem que ter cuidado com o lugar onde se sentam à mesa ou a cama onde ficam deitadas. Foi isso que se tornou para mim assustador. Foi o pensarem: “Vou sentar-me aqui porque a câmara daqui tem um melhor ângulo e se esta cama é a central é para onde a câmara foca melhor.” E falarem assumidamente sobre isso.
Está sem trabalho há algum tempo. Foi isso que a levou a participar no Big Brother?
De forma alguma. O que mais me preocupava era que as pessoas pudessem achar que era desespero por aparecer. Preocupava-me as pessoas que gostam de mim não gostarem que eu fosse para o programa.
Se não foi essa falta de trabalho nem a necessidade de aparecer, então o que foi que realmente a motivou a ir?
Eu precisava de passar por aquele teste. Senti que era o melhor workshop que poderia fazer e ainda por cima pago. Senti mesmo que era importante nesta fase da minha vida passar por esse teste, para pôr um ponto final nalgumas interrogações que eu tinha sobre a minha personalidade ou postura, ou sobre como lidar com algumas coisas. Eu precisava dessa experiência social. Precisava de me testar e precisava de um teste radical, que não pudesse controlar de forma alguma. Quando poderia ter outra oportunidade destas para fazê-lo? Nunca. Por isso é que foi fácil perceber quando é que estava na hora de vir embora.
Era uma experiência a repetir?
Não. Já testei o que havia para testar.
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