Era para ser atriz, mas tornou-se uma cantora de sucesso depois de a sua voz ter encantado um amigo universitário. Aos 25 anos, Aurea é já um dos nomes mais sonantes da música nacional. Desde novembro que se encontra concentrada no segundo álbum, o Soul Notes. “Agradeço muito por tudo o que me tem acontecido na vida. Tenho tido belas surpresas”, diz.
VIP – Lançou recentemente o seu segundo álbum. Como é que está a correr?
Aurea – Inicialmente, estávamos com algum receio por ser o segundo disco, mas o feedback está a ser muito positivo.
Este disco é inspirado na sua vida. Certo?
Fala de situações da minha vida, de pessoas que já fizeram parte dela e também de pensamentos meus. Portanto, é um disco bem mais íntimo, bem mais Aurea.
É uma maneira de fazer as pessoas identificarem-se consigo?
Espero que sim. As músicas não falam diretamente de uma pessoa. Deixámos isso muito em aberto para que as pessoas possam ouvir a música e se possam identificar. E sim, espero que as pessoas me conheçam um bocadinho melhor.
Quando começou, há quase três anos, esperava chegar tão longe?
Não esperava metade das coisas que aconteceram. Aprendi que não posso construir grandes expectativas. O futuro é muito imprevisível. Levo a minha vida um bocadinho assim.
Vive mais o dia-a-dia?
Sim. Acho que é muito mais importante aproveitarmos as coisinhas boas que nos vão acontecendo e lutar cada vez por mais para ver se o dia de amanhã ainda vai ser melhor.
Sei que a família foi uma a grande influência no seu gosto pela música.
O meu pai toca guitarra como amador. Fado. E a minha mãe canta. Chegou a fazer um ou outro concerto, mas é muito envergonhada. Mas ela tem uma voz muito bonita. Lembro-me de cantar desde muito pequenina. Mesmo sem saber falar inglês, arranhava nas letras. O meu irmão mais velho começou a dar-me a conhecer bandas e eu comecei a ganhar o gosto pela procura…
O seu pai tocava fado, mas a Aurea não se tornou fadista.
Só canto fado em família.
Porquê?
Não sou cantora de fado, de todo. Tenho muito respeito pelas cantoras de fado e pelo fado. Mas não gosto sequer de pensar na ideia de desrespeitar este género musical, que eu amo.
Apesar de gostar de música desde pequenina, não foi isso que escolheu inicialmente para a sua vida.
Começou por estudar teatro.
Levei muito tempo a querer ser psicóloga. E o meu pai queria que seguisse Direito. Primeiro entrei em Linguística, em Lisboa, mas não me adaptei e então decidi atirar-me de cabeça em teatro. Descobri uma grande paixão.
Foi descoberta por um amigo na universidade.
O Rui Ribeiro estava a estudar música na Universidade de Évora. Já nessa altura éramos amigos e encontrávamo-nos muitas vezes para tertúlias musicais só entre amigos. Ele ouviu-me a cantar e gostou da minha voz. Foi a partir daí que tudo começou.
Como é que se sente em palco?
Eu? Muito feliz. Encontrei aquilo que amo fazer. E é um privilégio, no estado atual do nosso país, poder fazer aquilo que gosto. Sou independente dos meus pais, posso pagar as minhas contas e faço aquilo que eu amo. Sinto-me… sei lá… é indescritível. É um momento mágico!
Canta descalça. Porquê?
Por conforto. Só. Acho incrível como é que algumas cantoras conseguem cantar espetáculos inteiros com saltos enormes. Admiro-as muito, porque eu não consigo. Descalça tenho mais liberdade de movimentos e aí concentro-me no que estou a fazer, que é cantar.
Com uma agenda preenchida, tem tempo para namorar?
Não gosto muito de falar sobre isso. Posso dizer que sou uma pessoa muito realizada. Estou muito feliz com aquilo que temos conseguido até agora, eu e a minha equipa.
Que sonhos ainda gostaria de realizar?
Ainda há muitos sítios para fazer concertos. Quero, sobretudo, cantar. Não gosto de fazer planos a longo prazo. Gosto de viver estas coisinhas que estão a acontecer agora e agradeço muito por tudo o que me tem acontecido na vida. Tenho tido belas surpresas. Sobre o futuro, só sei que é cantar. Até que as pessoas me queiram ouvir.
O que é que destaca destes quase três de Aurea como cantora?
Destaco a equipa toda que tenho comigo, porque são pessoas fabulosas. São o meu suporte. São precious e isso não tem preço.
Texto: Ricardina Batista; Fotos: Luís Baltazar; Produção: Romão Correia; Cabelo e maquilhagem: Vanda Pimentel com produtos Maybelline e L’Oréal Professionnel
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