Ela está a gravar Mundo ao Contrário, a próxima novela da TVI, ele está a preparar o ciclo de Óperas de Verdi no Teatro Nacional de São Carlos. Juntos desde 2009, Melânia Gomes e Mário Redondo reúnem debaixo do mesmo teto representação, teatro, novelas, revista, canto e encenação. A atriz, de 28 anos, e o ator com formação em canto, de 42, complementam-se no trabalho e nos afetos e, apesar de não serem casados, consideram-se marido e mulher.
VIP – Melânia, antes de mais, como está a correr a novela O Mundo ao Contrário?
Melânia Gomes – Está a correr muito bem e é uma personagem completamente diferente daquilo que tenho feito. Ultimamente tenho feito personagens mais cómicas e esta é uma mulher muito sensual, ambiciosa, que quer subir na vida. Estou ansiosa, acho que as pessoas vão ficar surpreendidas e espero que gostem.
Como explorou essa sensualidade?
MG – Eu comecei no teatro, na comédia, sempre tendo como aliada a sedução, mas vamos ver agora como reagem a esta personagem, que tem um lado duvidoso, que sabe que através da sensualidade consegue facilmente aquilo que quer.
Acha que as mulheres rejeitam à partida as mulheres sensuais?
MG – Acho que as mulheres são supercruéis umas para as outras. Os homens são mais tranquilos, a mulher é mais competitiva. Sobretudo quando chegam a uma certa idade e começam a perder um pouco da juventude sentem-se mais ameaçadas e… coitadas das mais novas…
Sei que vai ter algumas cenas escaldantes com o Diogo Infante, como está a correr?
MG – Ainda não tivemos muitas cenas, mas ele é um excelente ator, já não faz novelas há muito tempo, vai ser com certeza muito agradável. É uma novela de horário nobre, portanto também são cenas que não vão chocar o espectador, são cenas sensuais num contexto de novela.
O Mário não tem ciúmes destes papéis mais atrevidos?
Mário Redondo – Isso faz parte da nossa profissão. Acho que uma das vantagens de termos uma relação com alguém que partilha esta vida é o facto de compreender melhor o que está implicado. Não me faz confusão nenhuma. Além do mais o Diogo Infante é um ator que respeito muito, com quem já trabalhei e é superprofissional. Já vi alguns textos e parece-me um papel muito interessante. Nós ajudamo-nos mutuamente e trabalhamos os textos juntos.
O Mário está a preparar um espetáculo de ópera…
MR – O Teatro Nacional de São Carlos vai estrear três óperas de Verdi. Eu entro em duas, na Traviata e no Rigoletto. Cada uma delas vai ter quatro espetáculos.
O Mário é formado em canto, faz ópera, é ator. Consegue conciliar as duas coisas?
MR – Sim, em Portugal acho que funciona assim com todas as pessoas que trabalham na área do espetáculo, a vida acaba por decidir por nós. Houve alturas em que representei mais, outras em que cantei mais…
Mas qual é a sua preferência pessoal?
MR – É muito difícil responder a isso, é quase como perguntar de qual dos filhos se gosta mais. No musical consigo juntar as duas áreas, é onde sinto que posso dar tudo. Infelizmente não dá para fazer isso com a frequência com que gostaria.
E a Melânia ainda está com a peça Humor com Humor se Paga, é difícil conciliar tudo?
MG – Sim, mas acaba em abril, vão ser poucos meses deste ritmo mais acelerado.
Acaba por fazer muito palco. É aí que se sente bem?
MG – Sinto-me verdadeiramente completa a fazer as duas coisas, faz com que o nosso cérebro esteja sempre criativo. Claro que temos de ser regrados noutros aspectos, a nossa vida pessoal e social são sacrificadas, mas o facto de fazer o que amamos e conseguir esta versatilidade é ótimo.
Gostam de trabalhar juntos?
MR – Sim, aliás conhecemo-nos a trabalhar juntos, no Teatro Maria Vitória, numa revista que ela estava a fazer e onde substituí um colega que teve de sair, em 2009. Depois disso voltámos a trabalhar juntos num projeto da Silvina Godinho que gostamos muito.
Como se aproximaram? Sentiu que era logo a pessoa certa?
MG – Não, de todo. Eu não simpatizei muito com ele, fui um bocadinho preconceituosa, não percebia o que é que um homem que faz ópera fazia ali no teatro de revista. Acho que havia ali uma atração, quando uma pessoa nos perturba, sem estarmos conscientes de que há ali qualquer coisa, então arranjava ali desculpas, aquilo chocava… mas rapidamente nos aproximámos… depois ele ajudou-me com uma peça e quando reparámos já estávamos apaixonados.
A diferença de idade não interferiu?
MG – Eu não fazia ideia da idade dele. Eu sempre pareci mais velha, sempre me relacionei com pessoas mais velhas, e ele é uma pessoa superjovem, superinteressante.
MR – Acho que isso hoje em dia não tem tanto peso como já teve noutras épocas. As pessoas aproximam-se pelas suas afinidades. Além do mais acho que a Melânia é muito madura e eu sou muito jovem de espírito. No nosso caso, se a diferença de idades tem alguma influência acho que até é positiva. Às vezes há alguma vantagem em eu ter vivido algumas situações e ter um pouco mais de experiência e também é bom para mim conviver de perto com alguém que tem a energia e a determinação de fazer coisas novas como a Melânia tem. Também me ajuda a ter mais disponibilidade para sair minha zona de conforto, há uma complementaridade.
E na paternidade, por exemplo, não têm visões distintas?
MR – Pensamos nisso, mas diria que estamos em sintonia relativamente a esse assunto e diria que não é para já. Mas está no nosso horizonte.
MG – Ele tem até mais medo do que eu. É uma responsabilidade muito grande, são escolhas que têm de se fazer com muita consciência e temos de sentir que é a altura certa e nós não sentimos ainda que é a altura certa, nem sentimos essa necessidade, eu para já não sinto vontade, quero continuar a trabalhar, a fazer outras coisas, a estudar, a trabalhar lá fora. Quero estar livre para poder aceitar as propostas interessantes que aparecerem, viajar se tiver que fazer a mala.
São parecidos ou são muito diferentes?
MG – Somos muito diferentes. O Mário é uma pessoa mais calma e mais assertiva. Se tiver de dizer não, diz não, muito fria e objetivamente, eu tenho sempre medo de magoar as pessoas. Ele é mais prático nesse aspecto, depois há outros aspectos em que sou eu mais radical. Acabamos por nos equilibrar muito bem. Parece que tudo é natural entre nós, percebo-o perfeitamente, não há queixas do género “porque é que chegas a casa tão tarde, não me dás atenção”… Percebemos que temos exatamente a mesma vida e isso gera uma grande compreensão, uma grande entreajuda.
Texto: Elizabete Agostinho; Fotos: José Manuel Marques; Produção: Elisabete Guerreiro e Manuel
Medeiro; Cabelo e maquilhagem: Vanda Pimentel com produtos Maybelline e L’Oréal Professionnel
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