A celebrar 20 anos de carreira, Fátima Lopes concretizou mais um sonho. A estilista lançou em Paris o seu primeiro perfume, o Be Mine. Depois, seguiu-se um novo desfile, que desta vez aconteceu no “dia mais importante” do calendário da semana de moda parisiense, minutos antes do da Chanel, e que foi inspirado nos diamantes. Na Cidade Luz, a estilista mostrou ainda duas novidades: uma linha de acessórios feita em colaboração com um designer belga da marca PP From Longwy e desfilou pela primeira vez looks masculinos. Ao seu lado, teve sempre o namorado, António Pereira Coutinho. “O apoio dele foi fundamental”, revela.
VIP – Já conta com 20 anos de carreira. Algum dia pensou chegar tão longe?
Fátima Lopes – A minha vida é um bocadinho feita de sonhos, mas nunca me preocupei em pensar no futuro. Vou fazendo as coisas devagarinho, passo a passo, sem fazer planos a longo prazo. As coisas foram acontecendo naturalmente. Estes 20 anos têm sido a crescer e a apreender. Tudo isto tem sido o resultado de muito trabalho. É evidente que também a minha moda de hoje em dia não é propriamente a mesma de há 20 anos atrás.
As suas coleções estão diferentes…
Eu evolui. As roupas têm sempre a ver comigo. É sempre o meu estilo, mas eu vou mudando. Ao longo de 20 anos toda a gente muda e o meu trabalho acompanhou a minha vida. Os tempos também mudaram. O facto de estar em Paris, na capital da moda, também me obrigou a ter uma visão diferente.
E a ser mais exigente?
Claro. Eu sou a pessoa mais exigente comigo própria e com o meu trabalho.
Descreveu, recentemente, estes dias como os mais importantes da sua vida…
Sim. Por dois motivos. Por um lado pelo lançamento do perfume. Um perfume com um dimensão internacional é talvez o ponto mais importante da carreira de um criador. Faz a diferença em todas as marcas e é o sonho de todos. Sou assediada há muitos anos para fazer um perfume em Portugal, mas nunca quis e posso dizer que recebi muitas propostas. Mas sempre sonhei com um perfume francês porque acho que a tradição da perfumaria é francesa. Por outro lado, desfilei no dia mais forte do calendário, que teve a maior concentração de nomes importantes de moda. Abrir às 9h30 da manhã num dia destes, antes da Chanel, era muito difícil.
Mas conseguiu ter a assistência cheia?
Era muito difícil conseguir que corresse bem. Mas como é evidente abracei este desafio. Foi o consolidar de uma a marca de forma diferente porque até agora estava num dia de conforto.
Há vários anos que costumava abrir a Semana de Moda de Paris…
Sim. O abrir é tudo muito garantido. Ou seja é fácil. Há a responsabilidade de abrir, mas por outro lado são as primeiras notícias e as pessoas não estão cansadas. É uma garantia que vai correr bem. Agora foi competir à séria com os maiores do mundo. Com a marca que gasta milhões num desfile. Mas correu lindamente. Estou muito, mas mesmo muito feliz.
Esta nova coleção é inspirada nos diamantes, as pedras preciosas que a celebrizaram há uns anos aqui, em Paris?
Exatamente. Esta coleção nasceu do perfume. Comecei a trabalhar na coleção, sabendo que ia lançar o Be Mine e queria criar um conceito global. Daí eu ter feito o lançamento na noite anterior.
O que é que ainda lhe falta concretizar no futuro?
Felizmente na moda volta tudo a zero de seis em seis meses. É sempre possível fazer melhor e é sempre obrigatório. Especialmente aqui no mundo dos grandes. Daqui a seis meses tenho de fazer melhor do que fiz hoje.
Vai começar já a trabalhar na próxima coleção?
Não. Agora a minha cabeça está um bocadinho vazia. Tenho uma capacidade de criatividade quase ilimitada, mas quando acabo uma coleção preciso de recuperar energias, de não pensar, nem desenhar nada. Mas depois recomeça tudo outra vez.
Pode-se dizer que a moda é a sua vida?
Não me consigo imaginar a fazer outra coisa. Seria muito infeliz. Trabalho por prazer, não por obrigação. Acho que não há nada no mundo que me dê mais gozo. É verdadeiramente para isto que eu vivo.
Quais é que foram os momentos mais importantes destes 20 anos?
Direi que o primeiro desfile em 1992. Depois disso, segue-se o primeiro desfile em Paris, em março de 1999, e o desfile do biquíni de diamantes. O da Torre Eiffel também foi fundamental porque foi a primeira vez que houve um evento deste género na Torre Eiffel. Depois há outras coisa pelo caminho, como o facto de ter vestido a Seleção Nacional e de ter sido condecorada pelo Presidente da República. Em Portugal também vivi coisas muito giras. A nossa terra é a nossa terra. Desde o momento que passo metade do meu tempo no estrangeiro que me tornei mais patriota.
Mas a nível de negócio está cada vez mais a apostar na internacionalização?
Tem de ser. Gosto muito de Portugal, mas a nossa dimensão é mais pequena. Somos forçados a sair.
Sei que está a apostar nos mercados emergentes?
Neste momento é preciso perceber quais é que são os mercados alternativos. A Europa está toda em crise, mas por outro lado há regiões que estão com crescimentos brutais, como a China, o Brasil e o Médio Oriente. É preciso estar atento.
Costuma dizer que não se quer reformar. Não gosta de estar parada?
Deus me livre. Nunca me irei reformar. Acho que só pararei no dia em que sinta que já não tenho nada para dar. Para mim parar é morrer. Espero ter saúde para viver pelo menos até aos 100 anos e continuar a trabalhar. Admiro imenso o nosso Manoel de Oliveira. Achei genial quando ele, da última vez que esteve doente, disse que queria sair do hospital porque tinha de trabalhar.
Como é que a Fátima se define?
Sou uma pessoa muito normal que detesta vedetismos e arrogâncias. Gosto muito de trabalhar em equipa. Sozinha não faria nada. Por isso, é que tenho pessoas comigo há 20 anos. Gosto que as pessoas façam parte do projeto, gosto de as responsabilizar e de não estar a fazer de chefe de polícia a vigiar as pessoas. Assim funciona muito bem. É o meu segredo.
Foi importante ter o apoio do seu namorado, o António Pereira Coutinho, aqui em Paris?
Claro que é importante que ele esteja comigo. Ele chegou no mesmo dia que eu. E nos primeiros dias não tive tempo nenhum para estar com ele. Hoje vai ser o primeiro dia em que vou estar verdadeiramente com ele. A presença dele é fundamental, especialmente para quando tudo acaba. Nessa altura é bom termos alguém ao nosso lado. Porque antes do desfile não tenho tempo para respirar sequer. Quando acaba tudo, o lugar de topo é muitas vezes um lugar solitário. Aí, é importante ter uma fonte de equilíbrio emocional. Agora preciso dos miminhos todos e mais alguns e aí é fundamental ter alguém com paciência para nos acompanhar. Nos últimos tempos trabalhei sete dias por semana. Não tive um único dia de folga. Quando é preciso estou sempre em pé.
Já pensam em casamento?
É muito cedo. Conhecemo-nos há pouquíssimo tempo. Como já disse, não gosto de fazer planos a longo prazo. Para já, estamos muito bem assim e é tudo.
Texto: Ricardina Batista; Fotos: Ricardo Sousa Costa
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