Aos 42 anos, Sónia Araújo assume-se como uma mulher de bem com a vida. Porém, as constantes mudanças nos canais de televisão fazem com que a apresentadora fique preocupada com o futuro dos filhos, Carolina, de nove anos, e os gémeos, Francisco e Tomás,
de quatro. No que à carreira diz respeito, lamenta a forma como foi conduzido o processo que levou ao seu afastamento da Praça da Alegria, programa que apresentava há 17 anos e mostra se orgulhosa com o novo projeto Sónia e as Profissões, emitido no canal Panda e editado em CD e DVD. Aqui, Sónia canta, dança e representa para dar a conhecer uma dúzia de profissões aos mais pequenos.
VIP – Como é que surgiu esta ideia?
Sónia Araújo – Apresentaram me a ideia
e fiquei um pouco cética porque cantar era uma novidade para mim. Só cantava em tom de brincadeira. Acho que acabei por me encaixar bem pois estou nas mãos de excelentes profissionais. E também me agrada bastante trabalhar para um público infantil.
Falou de ceticismo. Foi só a parte do canto que provocou essa reação?
Sim. Porque podia correr mal. Aliás, continua a poder correr mal (risos). Atirei me para a frente e encarei isto como mais um desafio. As músicas estão bem construídas e foi fácil interpretá las. Porque é isso que faço. Não me limito a cantar.
Neste projeto recuou até à sua infância?
Sem dúvida. Quando brincamos com miúdos e quando brinco com os meus filhos volto a ser criança. Recordam se os tempos de infância e as brincadeiras desses tempos. Essa parte cómica acaba por ser transportada para os vídeos.
Ser mãe dá um encanto especial a um projeto destes?
Sim. Posso constatar em casa como corre.
É um teste para ver qual o tema preferido (risos).
Como reagiram?
A reação foi ótima, muito efusiva (risos).
Eles têm alguma preferência?
A minha filha gosta muito da cabeleireira e do escritor. Depois gostam todos do DJ.
Como é que os seus filhos lidam com a mãe enquanto figura que aparece na televisão?
Eles têm orgulho em ver a mãe a cantar e dançar para eles. Costumo brincar e dizer que agora sou o ídolo dos meus filhos (risos). Eles acham piada. À parte disso, quando eles nasceram já tinha esta profissão. Por isso encaram com a maior naturalidade. E também tento passar essa naturalidade para eles porque é um trabalho como outro qualquer mas apareço na televisão.
Enquanto profissional, o que ganha?
É uma nova faceta. Enriquece o meu trabalho, até como apresentadora. A versatilidade é boa.
Gostava que tivesse continuidade?
Sim, claro. É outra janela que se abre e que pode evoluir para mais profissões, para outros temas e para espetáculos ao vivo.
Poderá existir uma tour?
Poderá ser anunciada em breve.
Ao pensar nisso fica nervosa?
Fico ansiosa porque gosto de palco. Gosto de comunicar através da expressão corporal.
Está aberta propostas para outras áreas, como por exemplo representação?
Ao contrário do que se pensa não tenho muito mais tempo livre. Quanto à proposta, é algo que me levava a pensar. Depende sempre do projeto.
Que balanço faz destes primeiros tempos depois das mudanças na RTP?
Estamos há duas semanas no novo estúdio. Estamos num cenário novo e vamos começar
a apalpar terreno. Sentimos que estamos a criar um formato e ainda é cedo para avaliar, apesar
de achar que está a correr muito bem.
Sente que o processo das alterações na RTP podia ser tratado de outra forma ou que ainda podiam estar a apresentar a Praça da Alegria?
Penso que poderia ter sido feito de outra forma. Não quero alongar me, mas acho que podia ter sido feito de outra forma.
O seu registo enquanto apresentadora tem sido muito constante. No futuro existe algo que gostasse de fazer?
Não estamos numa fase de pensar em grandes projetos. Os recursos na televisão não são muitos, mas ainda há muito que se pode fazer com os recursos que temos. Se me disserem que tenho dinheiro para um grande talk show ou espetáculo de variedades com música, bailado e teatro, é claro que fazia. Ia sentir me como peixe na água com muito glamour e espetáculo. Mas ainda há muito que pode ser feito com tudo o que temos. E nós tentamos fazer isso no nosso programa.
Ao longo dos últimos tempos verificaram se muitas alterações profissionais com atores e apresentadores. Enquanto profissional que vive da televisão e mãe, tem medo do futuro?
Sou uma pessoa otimista. Estou atenta à realidade mas não passo o dia todo a ouvir más notícias. Tento viver com aquilo que tenho, tentando seguir os meus sonhos e objetivos. Acho que as pessoas não devem deixar de sonhar por muito negro que seja o cenário. Mas claro que me preocupa o futuro. Preocupa me o futuro dos meus filhos, acima de tudo. Se vão conseguir seguir a carreira que querem. Preocupa me isso e as situações dramáticas de que temos conhecimento. Se fosse política não estaria muito descansada.
Está sempre a sorrir. Nunca perde o sorriso?
Também me passo e grito (risos). Sou uma pessoa como todas as outras. Tenho momentos bons e maus, mas em frente às câmaras nunca me vão ver mal. As pessoas não têm culpa do estado em que estou. Quando ligam a televisão querem ver pessoas de bem com a vida. E eu estou de bem com a vida. Isso é sincero e não crio um boneco para as câmaras. Era impossível fazê lo durante 17 anos sem que os telespectadores se apercebessem.
Texto: Bruno Seruca; Fotos: Jorge Firmino
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