Como se não bastasse o facto do genro de Juan Carlos, Iñaki Urdangarín, estar no banco dos réus, o próprio rei está agora implicado no caso Palma Arena. É que Diego Torres, o sócio do marido da infanta Cristina, entregou ao juiz vários e-mails onde é referido o nome de Corinna Sayn-Wittgenstein, a alegada amante do soberano, que terá pedido ao genro, em 2004, que convidasse a empresária alemã aos fóruns económicos para que esta pudesse fazer “contactos empresariais”. Assim, esta viajou para a primeira edição da cimeira de Valência, um fórum internacional sobre turismo e desporto pelo qual o Instituto Nóos recebeu 1,1 milhões de euros, com viagens e transportes pagos.
Recorde-se que Corinna Sayn-Wittgenstein era na altura casada com o príncipe alemão Casimir Sayn-Wittgenstein e organizava viagens de caça de luxo. Saltou para as primeiras páginas dos jornais quando foi revelada a sua relação com o rei, com quem viajou por diversas vezes e que chegou a representar em viagens de negócios. Vivia em Madrid, mas pouco depois de explodir o escândalo, quando se soube que estava com o monarca a caçar elefantes no Botsuana, começou a viver entre Londres, Nova Iorque e o Mónaco.
Segundo fontes próximas da investigação, Corinna viajou para Valença, desde Londres, dia 26 de outubro 2004, na véspera do congresso (houve mais em 2005 e 2006) e ficou hospedada no Eurostars Gran Valencia, o mesmo hotel onde ficaram Urdangarín e Torres. Um ano depois, separava-se do marido e montava a sua própria empresa, a Apollonia Associates.
Apesar de isto não ter repercussões a nível penal, coloca várias questões: não só confirma que o rei conhecia a princesa alemã desde 2004, mas também que, de alguma forma, usufruía de alguns favores do genro. Para além disso, Torres deixa implícita a sua intenção de fazer chantagem, com a ameaça de que poderá revelar informações mais comprometedoras. Garante que tem e-mails que mostrariam que o rei sempre soube dos negócios do genro e até que chegou a impulsioná-los. Este seria o derradeiro golpe para a popularidade da monarquia espanhola.
E, apesar de Corinna se ter mantido na sombra nos últimos meses, fontes próximas asseguram ao jornal El Mundo que ainda mantém contacto com o rei e que esta cancelou a viagem que tinha previsto a Abu Dabi, para a Cimeira Mundial das Energias do Futuro, não por “conselho médico”, como afirmou o porta-voz do Palácio da Zarzuela, mas por causa de se voltar a falar de Corinna.
Quanto a Iñaki, fez 45 anos no dia em que apresentava no tribunal uma petição para não ter de pagar uma fiança de cerca oito milhões de euros exigida pelo Ministério Público aos dois sócios.
“Opomo-nos a qualquer fiança porque o meu cliente é inocente”, afirmava o advogado, Pascual Vives. Recorde-se ainda que o Fiscal General del Estado, (o equivalente ao nosso Procurador-geral da República), Eduardo Torres-Dulce, excluiu qualquer hipótese de acordo, afirmando haver “provas mais que suficientes” para ir a julgamento.
Texto: Elizabete Agostinho; Fotos: Impala
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