Maria de Vasconcelos, psiquiatra e autora do projeto musical infantil As Canções da Maria, conta como vive o Natal em família junto do marido, Xavier Colette, (administrador de lares de idosos) e das duas filhas, Mathilde e Manon, de oito e seis anos. Devido às origens do marido, a comida francesa é muito apreciada na quadra e é Xavier quem trata da ementa. As decorações ficam à responsabilidade de Maria, de 42 anos, e das filhas.
VIP – Como comemoram o Natal?
Maria de Vasconcelos – Não temos tradições nenhumas portuguesas. Aquela história do bacalhau, eu nunca fui educada dessa maneira. O bacalhau sempre foi comum ao longo do ano e a minha mãe sempre me disse que no Natal deveríamos comer algo que nos desse prazer e que fosse diferente. Sempre comemos as mais variadas coisas e, num Natal, a minha mãe chegou a fazer iscas. Foi uma das melhores ceias que já tive. Nós achamos que devemos comer algo que gostemos e nesta época é mais a comida francesa.
Xavier Colette – Ostras, foie-fras, confit, magret de pato, cèpes (uma espécie de cogumelos)…
O Xavier conseguiu influenciar o seu Natal francês à sua mulher…
XC – Um bom garfo não precisa de ser influenciado, é só apresentar-lhe o prato e mais nada (risos).
MV – É um facto, somos os dois bons garfos. Mas eu adoro bacalhau de todas as formas e feitios, não consigo é associar à tradição porque comemos muitas vezes.
Sendo os dois bons garfos, quem se atreve a ir para a cozinha?
XC – A cozinha é comigo. A Maria sabe onde ela fica, que é ao descer as escadas.
MV – Eu sei onde é a cozinha e se for preciso cozinhar, cozinho e cozinho muito bem. Já fiz ceias de Natal há muitos anos. Mas eu cozinho uma vez de seis em seis meses. Diariamente quem cozinha é o Xavier, que o faz maravilhosamente e gosta de cozinhar. Ele faz tão bem que eu delego-lhe completamente essa tarefa.
E quem tem a responsabilidade das decorações de Natal?
MV – Isso é tudo comigo.
XC – Temos de refrear a Maria, por ela a 15 de setembro já estavam as decorações montadas.
MV – Um dia fui com a minha mãe às compras, 24 ou 25 de outubro, e havia uns bonecos de Natal. Achei-os giros e comprei-os. Cheguei a casa, entusiasmei-me com aquilo e montei tudo. A minha mãe ligou-me a meio da tarde e perguntou-me o que é que eu estava a fazer? (Risos) “Estou a montar as coisas do Natal.” Houve uma pausa do outro lado: “Mas é 25 de outubro. Estás boa da cabeça?” (risos). Adoro tudo o que envolve o Natal: as decorações, as compras, pôr a mesa, comer, dar e receber as prendas. Gosto das tradições todas, das pagãs e das católicas, dos anjinhos e dos duendes, aliás, há uma canção no meu disco que se chama Pó de Estrelas e que fala de tudo isso.
A Mathilde e a Manon já pediram alguma coisa para este Natal?
XC – Há alguma criança que não pede? O Pai Natal traz as prendas dia 25 de manhã e no dia 24 à noite trocamos presentes entre nós e dizemos mesmo: “Mathilde comprei-te isto; mamã comprei–te esta prenda.” Os avós também participam. Fazemos esta troca de presentes para que não seja o Pai Natal a trazer tudo.
MV – Elas escrevem uma carta ao Pai Natal e normalmente ele responde-lhes sempre.
XC – É muito engraçado porque a carta é sempre uma mistura de português e francês. Elas vêm televisão francesa para terem mais vocabulário e depois quando escrevem é: “Querido Pai Natal quero este presente e je veux aussi la poupée de la publicité.” (Risos).
MV – E depois perguntam-nos: “Será que o Pai Natal vai conseguir trazer aquilo de França?” Eu acho que sim, vamos lá ver. Numa das vezes que o Pai Natal respondeu, disse à Mathilde que ia tentar trazer os presentes que ela queria e pediu–lhe para lhe dar a chucha. Ela tinha três anos e era a chucha da noite, que ela adorava. A carta dele chegou a 22 ou a 23 de dezembro e no dia 24 de manhã ela disse-me que tínhamos de ir comprar uma caixinha para pôr a chucha para dar ao Pai Natal e deixou-a ao pé da chaminé.
Que valores a Maria e o Xavier procuram transmitir às vossas filhas?
XC – Bom-dia, obrigado, se faz favor e desculpa são quatro coisas obrigatórias. É imprescindível.
MV – Que é muito importante poder contar com o outro, que a tolerância é essencial, que ser paciente é difícil, mas é uma virtude, que se deve respeitar e que não há nada como a verdade. São tantos os valores.
Como se veem no papel de pais?
XC – Se calhar é melhor perguntar à Mathilde e à Manon. Mathilde, como descreves o papá?
Mathilde – É um pai muito simpático, é o meu pai, tem cabelos castanhos, gosto de brincar com ele e é muito querido.
XC – É difícil descrevermo-nos. Só vamos saber daqui a 20 anos se a coisa correu bem. Nós fazemos o que achamos que é melhor.
De que maneira se complementam?
MV – Há uma grande admiração mútua. Lembra-se de eu lhe ter dito que o meu marido é o meu ídolo? É verdade.
Acham que são muito parecidos?
MV – Eu costumo dizer isto: “São as semelhanças que nos atraem, mas são as diferenças que nos mantêm juntos.” E é verdade, porque as diferenças permitem quebrar a rotina. O Xavier diz-me coisas novas todos os dias e, por vezes, que me fazem rir sozinha porque fico a pensar naquilo. Ele é muito engraçado. Nós temos um grande companheirismo: um diz mata ou outro diz esfola. Somos os dois aventureiros e quando é preciso ir, vamos lá e logo se vê. Somos os dois muito otimistas.
A Mathilde e a Manon participam nos espetáculos de As Canções da Maria. Acha que vão seguir as suas pisadas?
MV – Elas estão umas verdadeiras artistas de palmo e meio. Até nos esquecemos que elas têm seis e oito anos, porque portam-se que nem gente grande. Cantam muito bem e têm muito à-vontade, metem-se com o público, as pessoas fartam-se de rir com elas e eu percebo que elas gostam. É um privilégio poder estar a fazer este trabalho desta maneira, é o melhor de dois mundos.
É levar a família para cima do palco.
MV – E é uma coisa nossa, um projeto todo feito por nós. Temos o nosso ritual antes de começar o espetáculo. Elas adoram.
Foi inspirada nas suas filhas que começou As Canções da Maria, não foi?
MV – Sim. Quando a Mathilde e a Manon começaram a colocar-me questões sobre a matéria da escola comecei a fazer canções para as ajudar a decorar a matéria. Acho que tudo é mais fácil a cantar. E começou a resultar muito bem. Elas cantavam na escola e os miúdos também, começou a fazer sucesso até que me disseram que tinha de editar. Resolvi exportar isto para fora das portas da nossa casa e falei com o administrador da Valentim de Carvalho que me disse para avançarmos. Falei com a professora do primeiro ano da Mathilde, a diretora forneceu-me manuais do primeiro e segundo ano e tentei perceber as dificuldades de aprendizagem desta altura. O disco é uma ferramenta escolar.
Texto: Helena Magna Costa; Fotos: Paulo Lopes; Produção: Elisabete Guerreiro e Sara Batista; Cabelo e maquilhagem: Ana Coelho com produtos Maybelline e L'Oréal Professionnel
Siga a Revista VIP no Instagram
TOP VIP
-
1Nacional
Cristiano Ronaldo
Desiludido com Georgina Rodríguez e tudo por causa dos filhos: “Tinha a obrigação…”
-
2Nacional
Fernando Daniel
Volta a ser arrasado no The Voice Kids: “ Tamanha arrogância “
-
3Nacional
Marco Paulo
Eis o motivo para a família não herdar um cêntimo
-
4Nacional
Marco Paulo
Família ‘impedida’ de lutar por herança: “A menos que…”