Manuela Couto
“Fiquei velha de repente e custou-me”

Famosos

Aos 48 anos, a atriz está tranquila por se dedicar a fazer o que mais gosta

Sex, 07/12/2012 - 0:00

 É rodeada daqueles que mais ama que Manuela Couto recebeu a VIP em sua casa. Aos 48 anos, a atriz redefiniu prioridades e, depois de um susto, no ano passado, decidiu voltar a concentrar-se naquilo que realmente lhe traz felicidade: a família e a representação. Casada há duas décadas com o geólogo Pedro Terrinha, é mãe de João Pedro, 17 anos, e Manuel 12, por quem o casal se mudou para Sintra, o palco para uma conversa sobre o Natal e a vida.

VIP – Como festejam esta época festiva?
Manuela Couto – É divertido, os miúdos gostam imenso do Natal, os meus pais vêm sempre, eu acho engraçado.

A família é importante?
Claro, eu queria muito ter uma família, são um pilar emocional. Eles crescem muito rápido, é vertiginoso. De repente o João está um homem.

O João está quase a ir para a faculdade?
Sim, gosta muito de História, de Economia, de Política. Tem ótimas notas, está a ponderar ir para Direito, é um rapaz com muitos argumentos. É uma grande felicidade percebermos o que estamos a fazer nesta vida. Para mim a profissão é mais do que uma maneira de ganhar dinheiro, não se dissocia da felicidade, e eu tive a sorte de perceber muito cedo o que queria ser. O Manuel é muito expressivo, talvez enverede pelo caminho da mãe.

Quando soube que queria ser atriz?
Foi um acaso. A minha mãe pôs-me a aprender a bordar e a senhora que me ensinava cantava no Coral Luísa Todi em Setúbal. Levou-me para o coral e comecei a fazer teatro aos dez anos. Só aos 18 anos é que percebi que podia fazer daquilo profissão, mas sentia que era o local mais maravilhoso onde podia estar.

Sendo atriz, sente o peso da idade?
Senti a idade talvez há dois anos. Foi uma altura em que emagreci muito, tinha feito o Equador, e acho que uma vez olhei para mim ao espelho e vi que tinha envelhecido muito em pouco tempo. Fiquei velha de repente e isso custou-me. Felizmente, tive acesso aos tratamentos do Dr. Chams. Nunca tinha feito nada porque sou contra os tratamentos artificiais. Já tinha lido sobre ele, mas achava que seria noutra encarnação, até que surgiu a oportunidade. Acho que me tirou cinco anos do rosto. Agora olho para o espelho e fico contente. Mas em termos profissionais, nunca senti. Nesta novela sou avó de um miúdo de 20 anos o que, com 48 anos, é pouco provável, mas credível.

E projetos para 2013?
Para além da novela, vou ter uma peça de Shakespeare. Começo os ensaios em janeiro.

A última vez que acumulou tanto trabalho acabou por correr risco de AVC…
Foi diferente. Estava a coordenar o departamento de elencos da Plural. Tem um lado muito engraçado, mas tem um lado humano que não é agradável, porque há uma pressão muito grande dos colegas. Juntei a isso um espetáculo e a novela Anjo Meu, onde tinha muito texto e um trabalho físico puxado, e chega a um ponto que não conseguimos dar resposta. Eu sou muito perfeccionista e sentia permanentemente que estava a falhar… tive um ataque de pânico, fiz uma subida brutal de tensão.

Foi um alerta?
Sim, deixei o departamento nesse dia. Percebi que estava a arriscar demasiado, já estava a ser doloroso. Gosto tanto de representar, modéstia à parte acho que sou boa atriz, e acho que não devemos desperdiçar o talento que temos, devemos focar-nos no que sabemos fazer bem e fazer disso a nossa vida. Eu passava lá horas, esquecia-me de vir para casa. Sei que agora vou ter de despender muita energia, com a peça e a novela, mas são coisas de que gosto. Lutei imenso para conseguir chegar onde cheguei, não vou deitar isto fora.

Vieram viver para o campo um pouco por força das circunstâncias…
O João Pedro começou a ter problemas de comportamento, no fim do primeiro ano, e diagnosticaram-lhe sobredotação. Tivemos de encontrar uma escola adaptada, porque ele estava em sofrimento, começou a ficar violento. Isso implicou vir para aqui. Viemos para um apartamento em Mem Martins e depois procurámos casa e decidimos, já que estamos longe, pelo menos temos uma casa onde nos sentimos bem, perto das praias. É longe, sinto isso à noite, no regresso… mas temos aqui uma casa de férias que é a casa onde vivemos, é muito repousante.

Como se “alimenta” um casamento que dura há quase duas décadas?
Com amor, claro. Com inteligência, com uma grande capacidade de compreensão, não haver ciúmes, não haver sentimentos de posse, isso mata uma relação. Uma grande confiança… No fundo, se é a pessoa com quem queremos estar, fica tudo mais fácil.

Texto: Elizabete Agostinho; Fotos: Liliana Silva; Produção: Romão Correia / Elizabete Guerreiro, Maquilhagem e cabelo: Vanda Pimentel com produtos Maybelline e L’Oréal Professionnel

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