Nigella Lawson
“Prefiro sexo a chocolate”

 As curvas voluptuosas e a forma sensual como apresenta os inúmeros programas de culinária e gastronomia valem-lhe críticas acesas. Os que resistem ao charme de Nigella Lawson defendem que está num permanente jogo de sedução com a comida, os convidados e a câmara e usam, para a descrever, o revelador epíteto de “queen of food porn” – “rainha da pornografia da comida”. Mas, a julgar pelo sucesso dos programas e dos múltiplos livros, a feminina apresentadora consegue deixar “água na boca” a milhares de espectadores ávidos por receitas para o quotidiano, apimentadas pelo savoir-faire da jornalista, que não se coíbe de usar todos os seus atributos. Que, considerando os seus 52 anos, estão bem acima da média.

Nigella Lucy Lawson é filha do ex-chanceler conservador Nigel Lawson e de Vanessa Salmon, herdeira do império de hotéis e restaurantes J. Lyons and Co. Revelou recentemente que a mãe era violenta e depressiva e que maltratava os filhos, sendo “o som de um saco de plástico” suficiente para despertar a sua fúria e espoletar uma forte tareia. “Ela não gostava de mim, talvez porque tivesse ciúmes da boa relação que eu tinha com o meu pai, por isso apanhei muitas vezes.” Os pais separaram-se em 1980, quando ela tinha 20 anos e, por essa altura, passou um ano em Itália, onde se sente “realmente em casa”.

Vanessa Salmon morreu de cancro no fígado aos 48 anos, quando Nigella tinha 25. Esta esteve ao seu lado nos últimos dias, apesar de tudo. Já com o pai, mantém uma excelente relação, apesar de não partilhar das suas opiniões no que a política diz respeito. Em 1989, criou polémica quando admitiu votar no Partido Trabalhista e criticou Margaret Thatcher na Imprensa. “O meu pai não está à espera que eu concorde com ele e para ser sincera, não falamos muito de política”, justificou então.

Depois de tirar um curso de Línguas Medievais e Modernas em Oxford, Nigella começou a trabalhar como revisora e crítica gastronómica, tornando-se, aos 26 anos, vice-editora do The Sunday Times. Depois de vários anos a trabalhar como jornalista, lançou em 1998, How to Eat (Como Comer) o seu primeiro livro de culinária, que se tornou um sucesso e vendas e iniciou uma carreira como ícone da boa mesa. How To Be a Domestic Goddess – Como Ser Uma Deusa Doméstica, em 2000, consagrou-a como chef, apesar de ela entender que apenas cozinha para o seu prazer e de considerar que é terapêutico. “Acho que cozinhar devia ser divertido e familiar, acho que parte da minha atração se prende com o facto da minha visão da cozinha ser descontraída. Na minha cozinha não há regras”, diz.

Quando começou a destacar-se em televisão, foi criticada pelo seu excesso de peso. Enquanto alguns denunciavam que “não se viam cenas de glutonaria destas desde o monstro das bolachas”, outros, como The Guardian, realçavam que as receitas condizem com a sua aparência “refinada e sexy”. Mas a bela quinquagenária não parece preocupar-se e faz questão de explorar a sensualidade sem preconceitos. Quando lançou um novo livro, em 2007, revelou a sua intimidade numa sensual produção para a Esquire. “As ligas nunca falham. Os homens têm este fascínio por ligas, portanto no quarto uso muitas vezes ligas e sapatos de salto alto, só”, revelou, adiantando que também não percebe muito bem a atração pelo uso de chocolate derretido na intimidade. “Prefiro sexo a chocolate. Se alguém preferir chocolate a sexo é porque tem um problema sério. Se estiveres com alguém que não te interesse, percebo que usar comida pode ajudar, mas misturar comida com sexo não resulta para mim.”

Nigella casou com o jornalista John Diamond, que conheceu no The Sunday Times, em Veneza, em 1992. Tiveram dois filhos, Cosima Thomasina, que tem agora 18 anos, e Bruno Paul, que nasceu em 1996. Apenas um ano depois do nascimento do filho, era diagnosticado cancro da garganta ao seu companheiro, que viria a falecer em 2001, despedindo-se da “deusa doméstica”, com uma nota onde dizia estar muito orgulhoso da relação que tinham tido e daquilo em que Nigella se tornara. A apresentadora tirou 15 dias durante os quais criou uma Morbidobox, onde reuniu todos os artigos sobre a morte do marido. Menos de dois anos depois, casou com o colecionador de arte milionário Charles Saatchi e defende que precisa de “adoração total” para que o casamento funcione. “Não peço muito, só atenção total, constantemente”, ironiza.
exto: Elizabete Agostinho; Fotos: Feriaque

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