As últimas imagens de Carlos Castro e Renato Seabra datam do dia do homicídio, 7 de janeiro. As câmaras de vigilância do Hotel Intercontinental captaram imagens do casal a subir para o quarto às 12h56, depois de um pequeno-almoço tenso. A partir das 13h30 já não atendeu as insistentes chamadas nem as tentativas de contacto por parte do pessoal do hotel. O corpo de Carlos Castro foi descoberto às 17h30. Isso e o relatório da autópsia levaram a médica-legista Michel Sloan a testemunhar, no Supremo Tribunal de Nova Iorque, que o cronista poderá ter sido torturado durante quatro horas.
Perante as fotografias da autópsia, os membros do júri mostraram-se indispostos e a irmã do jornalista, Amélia, que tem assistido a todas as sessões, teve de sair da sala. A mãe de Renato, Odília Pereirinha, terá desviado o olhar enquanto o jovem olhou impávido para as imagens, sem manifestar qualquer expressão, como de resto tem acontecido desde o início do julgamento.
O juiz e o júri composto por 12 elementos – oito mulheres e quatro homens –, que irão decidir o destino de Renato Seabra, já ouviram dezenas de pessoas. Vanda Pires, uma das principais testemunhas, que foi quem presenciou de mais perto a viagem, começou por descrever momentos felizes, como darem comida à colher um ao outro, como sucede em qualquer “casal apaixonado”. Garantiu que Renato nunca mencionou ter saudades de casa ou falou “na homossexualidade ou nos males do Mundo”. No entanto, recorda que, depois do jantar tenso de 6 de janeiro, a noite deu lugar a uma violenta discussão. O amigo ter-lhe-á relatado que tinha medo de Renato e que este lhe terá dito que já não era gay. Contou que tinha sido alvo de “insultos e impropérios”, que o levaram a antecipar a viagem do companheiro, mas que o jovem lhe terá pedido para ficar. Apesar de aceder, Castro terá dito à amiga: “Quando chegarmos lá (a Portugal), seguimos caminhos separados.” No entanto, o advogado David Touger alega que não há provas de que Seabra soubesse dessa intenção, portanto o fim da relação não pode ser considerado móbil.
Já o namorado da executiva, Avelino Lima, contou que, na véspera do crime, quando os dois casais jantaram juntos, apesar da tensão, Renato estava mais feliz e menos calado do que habitualmente, bebendo vinho e propondo brindes. As câmaras captaram o regresso ao quarto depois do jantar quando, segundo Vanda Pires, Carlos Castro estava chateado e não falava com o companheiro. No elevador, Renato põe a mão no ombro do cronista, como que a tentar acalmá-lo, mas não suscita qualquer reação. As imagens mostram também o pequeno-almoço do dia seguinte, já depois da violenta discussão noturna. Durou 25 minutos e, segundo a empregada do hotel, Lauren Cohen-Fiszman, o comportamento de ambos era completamente diferente dos dias anteriores.
Já a filha de Vanda Pires, Mónica Nascimento, que foi ter com a mãe ao hotel quando Carlos Castro foi descoberto, cruzou-se com Renato Seabra depois deste ter consumado o homicídio e disse que o jovem estava “calmo, surpreendido e hesitante”, quando antes, recordou David Touger, o havia descrito como estando “em transe”.
O detetive Michael de Almeida, lusodescendente, que serviu de tradutor ao detetive Richard Tirelli durante a confissão de Seabra, confirmou em tribunal que o jovem disse ter tentado suicidar-se depois do crime, apesar deste facto não ter sido incluído na versão final da confissão lida em tribunal. Na quinta-feira começaram a passar pelo tribunal as testemunhas de defesa. “Estava desconectado da realidade. Não podia julgar se os seus atos estavam certos ou errados”, defendeu o psicólogo Jeffrey Singer. Segundo o especialista, Renato terá chegado ao Hospital Roosevelt, defendendo que, com o cartão branco que tinha na mão, podia “fazer qualquer coisa”. Os médicos terão demorado apenas dez minutos a formular o diagnóstico e a medicá-lo, para de seguida tratarem da sua transferência para o Bellevue. Os psiquiatras recordam que ele ria de forma compulsiva e que tentava tocar nas pessoas enquanto dizia que podia “mudar o Mundo”, acreditando que podia curar as pessoas da sida e tirar-lhes os seus demónios e vírus. “Uma ilusão psicótica de grandeza”, conclui o especialista.
O Ministério Público defende que “a raiva, a desilusão e a frustração” motivaram Renato Seabra, por saber do fim da relação, que implicaria o fim “da carreira de modelo, das viagens e dos presentes”.
A defesa argumenta que foi “um episódio maníaco e de desordem bipolar com características psicóticas graves” que levou ao crime, e que o jovem demonstrou um “pensamento delirante”, dizendo que era Jesus. Por isso, continua a pedir que seja considerado inimputável.
Texto: Elizabete Agostinho; Fotos: Impala, Lusa e D.R.
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