Letizia
Teme não ser rainha

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Perante a fúria dos súbditos e o movimento pela independência da Catalunha, que vai ganhando cada vez mais força, a família real tenta mostrar a sua união

Qui, 11/10/2012 - 23:00

Enquanto Espanha se debate com os temporais que fizeram já inúmeras vítimas, também a família real se está a debater com um dos maiores cataclismos que lhe aconteceu, tentando responder às ameaças do povo espanhol com uma imagem de união que há muito não transparecia e que levou, até, Letizia e Elena a trocarem sorrisos calorosos no passado dia 1 de outubro.

O presidente da Catalunha, Artur Mas, convocou eleições antecipadas para testar o desejo de independência daquela que é a província mais rica de Espanha. O movimento é antigo, mas ganhou novo fôlego na manifestação do passado dia 11 de setembro, que reuniu dois milhões de pessoas em Barcelona. Os catalães consideram que contribuem com muito mais do que recebem para os cofres do Estado, já que representam 18% do PIB espanhol. Por isso, exigem um modelo diferente de relação com o Estado central, com uma autonomia financeira semelhante à do País Basco. Se o “sim” vencer este referendo, o caminho rumo à independência será iniciado na próxima legislatura. A ideia recebeu algumas críticas, mas outros, como José António Monago, presidente da Extremadura, pediu que o referendo fosse realizado em todo o país, porque os espanhóis têm “algo a dizer” em relação ao seu futuro. Esta perspetiva é fatal para os Bourbon, já que, num Estado federado, a monarquia deixa de fazer sentido. Letizia e Felipe podem mesmo nunca subir ao trono.

Juan Carlos e Felipe chegaram pontualmente, na terça-feira, dia 2, à conferência de presidentes das comunidades autónomas, que não se realizava desde 2009, e onde Artur Mas foi o último a chegar. O monarca dedicou alguma atenção ao homem que constitui uma ameaça ao futuro da monarquia. A conferência, que reuniu durante oito horas numa mesa presidida por Mariano Rajoy e que juntou os 17 presidentes das comunidades autónomas e Ceuta e Melilla, poderá ter dado um novo capítulo ao futuro de Espanha e da família real.

No dia seguinte, os príncipes das Astúrias embarcaram numa visita oficial com comitiva empresarial ao Panamá, que iria prosseguir com dois dias de estadia no Equador, e não conseguiram disfarçar a preocupação.

Texto: Elizabete Agostinho; Fotos: Reuters

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