Sandra Celas
“Canto e escrevo as letras”

Famosos

A atriz assinala dez anos de carreira e vai lançar um disco

Qui, 27/09/2012 - 23:00

 Um disco. É este o próximo projeto de Sandra Celas, que vai aventurar-se pela primeira vez no mundo da música. O gosto pelo cantar vem da sua mãe, que incentivava Sandra e a irmã a gravarem as suas cantorias numa cassete. No final de setembro completa dez anos de carreira como atriz, depois de se ter estreado com O Olhar da Serpente.

VIP – Está a desenvolver o seu primeiro projeto musical. Como está a correr e o que pode desvendar?
Sandra Celas – Ainda está numa fase inicial. A música sempre fez parte da minha vida, em miúda cantava, oiço muita música, vou a muitos concertos, canto também muito em casa para os amigos, mas sempre foi algo que fiz por prazer. Enquanto atriz também já pude usar essas minhas aptidões, como em Morangos com Açúcar. De repente foi crescendo uma vontade imensa de fazer alguma coisa independente e ligada só à música, que não fosse uma convergência entre representação e canto, e fui também um bocadinho espicaçada por várias pessoas, o que culminou com o convite do Zé Manel para participar no projeto dele, Darko. Ele deu-me várias músicas para ouvir e eu gostei da música Para Nunca Mais (Acordar), que é a única em português e depois disso achei que estava na altura de fazer qualquer coisa.

E começou quando?
Há cerca de quatro meses. São coisas demoradas e eu acho que abri uma caixa de Pandora. Estou a trabalhar com o músico Alexandre Cortez, ex-Rádio Macau, e como vai ser um trabalho de originais não sei quanto tempo vai demorar. Além de cantar, estou a escrever letras de músicas e estou a trabalhar para fazer um disco de que goste mesmo muito.

A paixão pela música vem da sua mãe, de ouvi-la cantar em casa.
A minha mãe passou-me muito isso, é muito cantadeira, e uma coisa que ela fazia muito connosco era pôr-nos a cantar e a gravar num gravador. Passávamos tardes a fazer isto.

E tem essas cassetes guardadas?
Tenho algumas, porque depois quando cresci mais um bocado e queria gravar músicas da rádio, desgravei muitas dessas cassetes. Tenho imensa pena das que perdi, mas ainda tenho algumas. Já as ouvi, mas a minha mãe é que tem o culto disso.

Dia 28 de setembro faz dez anos que estreou a novela O Olhar da Serpente, na SIC, a mesma novela na qual a Sandra se estreou como atriz. Guarda boas memórias desses tempos?
Este ano estou a fazer dez anos de profissão, que é pouco, porque já comecei tarde. Guardo muito boas memórias porque para mim foi uma satisfação muito grande ter a oportunidade de abandonar uma profissão que já não queria, que era o jornalismo. Andava há algum tempo a tentar dar o salto para outra profissão. Fiz um casting e fiquei com o papel da Rosarinho, uma médica da Marinha que tinha uma história dramática. Eu contracenava com o Paulo Pires, com o José Fidalgo, a Helena Laureano… muita gente. Foi uma libertação, foi um momento muito forte na minha vida.

Como foi este percurso?
Tem sido muito bom, porque quando se trabalha naquilo que se gosta é meio caminho andado para se fazer as coisas com muita paixão e garra, fazendo com que a vida nos saiba melhor. Tem sido muito interessante e tem sido uma aprendizagem, porque nesta profissão tem de se trabalhar para evoluir. Não chega fazer um curso para se ser um grande ator. É preciso ter experiências, vários tipos de trabalho – televisão, cinema e teatro – fazer diferentes personagens, conhecer diferentes métodos e a experiência da própria vida. Tem sido um prazer imenso. Só me arrependo daquilo que ainda não fiz (risos).

É difícil ser atriz em Portugal?
Portugal não é dos sítios mais fáceis para se ser artista e para se ser ator, inclusive. Se bem que, dentro da área artística, não sei se não são os atores que, mesmo assim, vão estando melhor. Não é fácil porque tenho muitas ambições em termos de trabalho – em fazer determinados papéis e participar em alguns formatos – que eu sei que dificilmente vou poder realizar em Portugal. Cinema faz-se muito pouco; já participei em curtas-­-metragens, mas em longas ainda estou para me estrear. O panorama televisivo tem vindo a evoluir, mas está longe daquelas séries que vemos na Fox ou na BBC. Estamos a caminhar, estamos bem e ao longo do meu percurso já vejo muitas diferenças. A nossa profissão não está bem enquadrada do ponto de vista legal e fiscal, temos obviamente muitas questões que não estão corretas.

Tem sentido os efeitos da crise? Por exemplo, reduziram-lhe o cachet?
É impossível alguma pessoa dizer que está indiferente à crise, se bem que existem uns quantos intocáveis. Eu sinto que existe menos produção, os atores têm sentido muito isso. No teatro, então, é vergonhoso, porque houve todos aqueles cortes para a cultura. Do ponto de vista do cachet não me posso queixar porque nos trabalhos que fiz não tive redução, mas estou a trabalhar menos. Se calhar há três anos já estaria a fazer uma novela e não estou. Acho que isto é geral, com exceção dos atores que têm contrato de exclusividade, que não é o meu caso. Não tenho nem nunca tive. Há muito mais espaço entre os trabalhos, o que obriga a uma ginástica financeira. Eu estive na manifestação do dia 15 e perguntaram-me porque é que eu estava ali quando provavelmente não estaria com necessidade, ao que eu respondi que não é uma questão de ter necessidade. Neste momento não tenho, mas posso vir a ter e para além disso há uma coisa chamada solidariedade com as pessoas, que podem ser os nossos pais, irmãos, vizinhos… se a sociedade não está bem, toca-nos a nós necessariamente.
Não vivo num limbo.

A sua filha, Miranda, fez quatro anos a 21 de setembro. Como é vê-la crescer?
É maravilhoso. É das coisas mais belas que há ver um ser humano evoluir de um estado básico de “bicharoco” até começar a tornar-se gente e pessoa. Fazer parte desse processo e ajudar é maravilhoso.

Em que é que ela se parece consigo?
Ela está a mudar constantemente. Eu acho-a mais parecida com o pai a todos os níveis, tanto fisicamente como de personalidade. Tem uns olhos castanhos lindos. Eu quando era miúda era muito diferente do que sou agora, eu nem sequer era bonita (risos), a sério, ninguém me ligava nenhuma, era quase um patinho feio. A Miranda é linda. Eu a partir dos dez anos mudei muito fisionomicamente e comecei a parecer-me mais com aquilo que sou hoje. A minha filha é muito ela mesma e é isso que eu quero, que ela encontre a sua autonomia e individualidade. Quero ser uma inspiração para ela fazer as coisas dela mais do que copiar ou querer ser parecida comigo. Não tenho nada aquela necessidade de me rever na minha filha: se ela quiser ser atriz, polícia, detetive, o que ela quiser e se sentir realizada para mim está bem.

Custa-lhe ter de dizer que “não”?
Se eu sentir que é mesmo importante não me custa assim tanto. O “não” nunca me foi difícil de dizer, mesmo na minha vida pessoal. Há quem tenha dificuldade em dizê-lo em geral na vida, mas nunca tive esse problema. Até acho que disse muitos “não” em muitas situações e até tive um bocadinho fama de uma certa assertividade e até mau feitio, porque ao princípio as pessoas não me conhecem e eu digo logo aquilo que penso.

Está com 37 anos, gostava de ser mãe novamente?
Ainda não sei bem responder isso, porque estou a curtir a minha filha. Não tenho vontade de engravidar, mas sim de me concentrar no trabalho. Não ponho de lado essa hipótese, é um bocadinho o que sentir. Foi como com a minha filha, andei a adiar, mas depois senti vontade de ser mãe. Nem fecho a porta, nem digo que não. Ainda tenho uma folga de tempo, não sinto que
tenha a idade a impor-me.

Tem uma profissão que obriga à exposição. Tem cuidados especiais com a sua imagem?
É inevitável. À medida que os anos passam as mulheres sentem necessidade de ter mais cuidados, mas sinto que a profissão me deu essa disciplina. É importante estar bem a nível interior, de saúde e também a nível de imagem. Tenho cuidados com a minha alimentação e com o meu corpo. Faço tratamentos, uso bons cremes e mesmo com o cabelo, que é a minha coqueluche, tenho muitos cuidados. A BioSeivas convidou-me para ser embaixadora e, de facto, os produtos são bons. Foi o aliar o útil ao agradável. É uma marca de cosmética capilar portuguesa, feita em Portugal, a investigação laboratorial é feita cá e têm uma vertente natural muito vincada.

Tem medo de envelhecer?
Não. É um medo da nossa sociedade, temos todos de ter atenção a isso porque estamos todos a ficar paranoicos. Há beleza em várias idades e é importante saber aceitar os momentos da vida. Eu mesma estou alerta em relação a isso, porque não quero dar por mim a fazer plásticas.

Texto: Helena Magna Costa; Fotos: Paulo Lopes; Produção: Manuel Medeiro; Cabelo e maquilhagem: Vanda Pimentel com Produtos Maybelline e L´Oréal Professionnel

Siga a Revista VIP no Instagram