Com o sétimo lugar nos Jogos de Londres, Jéssica Augusto, classificou-se no quadro de honra e recebeu o diploma olímpico. Porém para chegar
aqui sofreu muito, tendo mesmo recebido apoio psicológico numa altura da sua vida em que tudo parecia descambar.
“Este lugar soube-me a Ouro! Sempre idealizei fazer a maratona olímpica e conclui-la” revelou Jéssica. Apesar da satisfação, o percurso para chegar aqui não foi fácil, como a própria faz questão de salientar. “Depois da morte do meu pai as coisas começaram a correr mal, desisti na maratona de Nova Iorque e quando dou por ela estou com uma depressão muito grande, tive de receber apoio psicológico. Estive um ano e dois meses a sofrer e a lutar contra mim e contra muita coisa.” Mas a tristeza ficou para trás e deu lugar a uma nova alegria. “Ver ali a minha mãe deu-me mais força. Somos uma família muito unida. E o Eduardo, apesar de não ter estado presente devido aos compromissos profissionais, assistiu pela televisão. E no final enviou-me uma mensagem que dizia: ‘Lindo! Parabéns!´”, confessou a atleta, referindo-se ao namorado, o guarda-redes que esteve no Benfica e agora trabalha na Turquia.
No decorrer da longa prova foram muitas as coisas que passaram pela cabeça da maratonista. “Deu para rever a vida toda. São muitos os pensamentos, sobretudo coisas boas. Também fui vendo os portugueses cujas bandeiras me deram força”, salientou. Em Londres, metade da corrida foi realizada com chuva, mas isto não atrapalhou a atleta lusa, que acabou por perder algo que passou despercebido à maior parte das pessoas. “Eu gosto de correr com óculos porque me ajuda a focar apenas na corrida. Na primeira volta estava com eles na cabeça, mas devido à chuva tive que os dar a um português e agora não sei a quem foi (risos)”, revelou Jéssica. Curiosos estavam os portugueses que se interrogavam do porquê da maratonista estar a correr com meias. Ao que a atleta responde: “São umas meias especiais que retardam o aparecimento de problemas nas pernas resultantes da fadiga. Por isso muitos corredores optam por as usar.”
Quanto ao futuro não promete medalhas, porque se não conseguir ficará em dívida. Refere antes que vai treinar afincadamente. “Quero fazer mais um ciclo olímpico e trabalhar o dobro do que fiz para estes Jogos. Eu gosto de traçar objetivos. Se treinar e tiver em mente que vou fazer bons tempos, acredito que vou conseguir. Para já quero bater o recorde nacional, 2h23m29s, estabelecido em 1985 por Rosa Mota”, atira. Com o diploma olímpico na mão, só ao alcance dos oito melhores classificados, e de sorriso rasgado, Jéssica, não tem dúvidas sobre quem destina este honroso lugar. “Dedico a todos os que me apoiaram, patrocinadores, treinadores, família, em especial à minha mãe e claro ao meu pai que está lá em cima a olhar por nós”, afirmou Jéssica Augusto, no final da conversa com a VIP, em Londres.
Texto: Nuno Manuel Dias; Fotos: Impala
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