Simpática e comunicativa, a jornalista revelou à VIP como entrou para a profissão que abraçou há quase duas décadas, a entrega com que a desempenha – agora na TVI 24 – e o receio que sente pelo futuro dos jovens que agora saem das faculdades. “De repente temos uma geração inteira que vai ficar em casa dos pais sem nada para fazer.”
VIP – Com a sua mudança para a TVI 24 já passou por vários horários e formatos de informação. Como tem gerido essas mudanças?
Lurdes Baeta – Agora estou como quero, no sentido de ter aquele horário normal de quem tem miúdos pequenos. Até dá para os ir levar à escola e buscar, se for preciso. Já estive com horários complicados, à meia-noite ou ao fim de semana. Aí sim era complicado porque não tinha esse tempo para a família. Por isso, agora estou ótima. Faço o bloco das onze, do meio-dia e das quatro, portanto estou cá o dia todo, mas depois das cinco e meia posso ir-me embora. Na semana em que não estou a apresentar estou a fazer reportagem, que é uma coisa que dá para gerir o tempo. Como o meu marido também é repórter de imagem na TVI conseguimos organizar bem as coisas. Todas as direções que temos tido sempre facilitaram a nossa vida, porque nós queremos é trabalhar.
Prefere reportagem, trabalho de pivô, entrevista…
São coisas muito diferentes. Há duas coisas que gosto muito de fazer: apresentar e coordenar jornais. São trabalhos muito estimulantes. Neste momento estou sobretudo a fazer reportagem, uma vez que a TVI tem apostado nas caras mais conhecidas e que acha que têm capacidade para esse tipo de trabalho. É um bocadinho voltar atrás no caminho que fiz, não que seja desprestigiante, nada disso, mas ainda me estou a adaptar à ideia. Nos últimos cinco anos trabalhei sobretudo a coordenar jornais. Foi esse o meu caminho. Agora só o faço de vez em quando e estou a apresentar muito mais. Mas é muito estimulante coordenar uma hora informativa.
Ajuda o facto de funcionar bem sobre pressão?
Gosto muito e funciono muito melhor do que quando tenho tempo para pensar demasiado sobre os assuntos. Gosto muito do dia-a-dia… cai um prédio vou para lá, vai ser inaugurada qualquer coisa e eu vou para lá. E a informação na TVI 24 é isso, o dia-a-dia puro. Para mim é muito estimulante.
Notou diferenças com a entrada da Judite de Sousa e do José Alberto de Carvalho?
O que notei mais foi que vieram com um projeto. Estivemos muito tempo com o José Eduardo Moniz, que tinha um projeto que estava em andamento e em velocidade cruzeiro e era muito presente e tentava enquadrar-nos a todos. Depois veio o Júlio Magalhães, que tentou manter tudo isto vivo e a funcionar e agora a nova direção surgiu com um projeto muito concreto do que queria que fosse a TVI e isso nota-se. Sentimos isso ao nível de coordenação, do planeamento. Somos os mesmos, não entrou mais ninguém, mas porventura o nosso trabalho é mais escrutinado e ainda bem. As peças são mais avaliadas. Isso é ótimo porque tem que se trabalhar para o melhor. Cada vez que leio um pivô do José Alberto Carvalho aprendo sempre, porque ele faz aquilo muito bem. A Judite, além das entrevistas magníficas, tem todo aquele trabalho das reportagens que faz com o seu cunho particular e sabe avaliar que peças são boas ou não. Existe uma atenção muito apertada ao que fazemos e isso é bom.
Alguma vez foi assediada por outra estação?
(Risos) Não posso falar sobre isso… recentemente não! Mas acho que recentemente ninguém é assediado.
Nesta altura de crise que notícia gostava de dar aos portugueses?
Que o desemprego baixou para dois por cento, que o plano de austeridade foi à vida, que já voltámos a ter dinheiro para as escolas, para a saúde, para as pensões e para os subsídios de férias dos funcionários públicos, aposentados… Só com uma varinha mágica.
É mãe de três filhos, encara com mais desconfiança o futuro que os espera?
A minha filha mais velha tem 15 anos, por isso espero que quando sair da universidade isto já esteja diferente. Acho que ainda vamos sentir mais a crise, mas espero que daqui a cinco seis anos ela já tenha emprego. Tenho a certeza de que todas as pessoas que têm filhos a sair da universidade agora não sabem o que lhes vai acontecer. De repente temos uma geração inteira que vai ficar em casa dos pais sem nada para fazer. Em relação aos meus filhos pequeninos, a minha filha do meio está numa escola pública, achei que era uma boa aposta. Felizmente posso dar aos meus filhos outras coisas, além do que têm na escola, portanto vou tentar contrabalançar… haja trabalho para todos nós e conseguimos ir vivendo, embora esteja tudo muito mais caro. Para quem não tem trabalho não há visão otimista que salve.
A sua filha mais velha quer ser jornalista?
Não. Ela ainda não sabe muito bem o que quer ser, mas está nessa área, de letras, o que significa que vai desembocar diretamente no desemprego (risos). Mas ela tem uma forma de pensar engraçada, porque quer sair daqui, quer ir para Londres. Não sabe bem o que vai fazer, mas não quer ficar cá.
Fomenta isso?
Ir viver para fora não, porque precisamos dos jovens cá senão isto fica um país de velhos, agora estudar e conhecer sim. Espero que encontrem caminhos que gostem e que os façam felizes.
É algarvia. É obrigatório descer a Sul para férias?
Claro, praia é no Algarve. Moro na Linha de Cascais e para mim aquilo não é praia, não desfazendo quem lá faz praia, mas sem Algarve não há verão.
Como é o seu relacionamento com as pessoas que a abordam na rua?
Sou um bocadinho distraída e se não vierem falar comigo não dou por isso. Tento ser simpática com quem me reconhece.
Sempre quis ser jornalista?
Só descobri o que queria ser no 12.º ano. “Ok agora vou ter que estudar, ter um curso, o que e que eu faço?” Também fiz provas para Direito e depois entrei em Comunicação Social na Nova… Portanto, não! Eu queria escrever e viajar, mas atualmente não me vejo a fazer outra coisa. Agora, com este tempo de crise, há muita gente a pensar mudar de vida e eu chego à conclusão de que não sei fazer mais nada. Tenho 40 anos, estou cá há 19 e só sei fazer isto, portanto se calhar este é mesmo o meu caminho. Sou bastante tímida e reservada e fui para televisão por acaso, porque era para ir para rádio, mas gosto de fazer coisas mais arrojadas e não me estou a ver fazer mais nada.
Portanto, não tem um plano B para a sua vida?
Não, exato! Quer dizer, devem existir outras coisas que sei fazer, mas gosto disto e é isto que sei fazer mesmo bem.
Uma boa entrevista é mérito do entrevistador, do entrevistado ou do jogo entre os dois?
Dos dois. Um bom entrevistador tem de ser alguém que tem alguma coisa interessante para dizer e tem de falar bem. Em televisão não conta só o que se diz, mas também a forma como se diz. Cabe ao entrevistador fazer as perguntas certas e é isso que faz a entrevista ideal.
Recorde uma boa entrevista recente?
Gosto muito de entrevistar o professor Miguel Beleza. Estava a responder e a pensar nele. Entrevistei-o muitas vezes para o Discurso Direto, que dura uma hora, e é espetacular tê-lo durante uma hora para falar. Ele sabe imenso do que diz, é muito conhecedor de economia, dá explicações muito simples do que se está a passar e tem um humor extraordinário. Dá a volta a tudo, mesmo o mais desagradável, com respostas hilariantes. Além disso é muito cavalheiro e bem-educado.
Gosta de se ver na televisão?
Às vezes. Sou um bocadinho crítica em relação ao meu trabalho, quando me engano vou ver o que correu mal e normalmente corre sempre pior do que eu estava à espera (risos). Sou um bocadinho exigente e crítica.
Texto: Carla Simone Costa; Fotos: Paulo Lopes; Produção: Manuela Costa; Maquilagem e cabelos: Lígia Bento; Styling: Dora Rogério, Maximo Ditti e Eugénio Campos
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