É um dos rostos da campanha internacional da linha de acessórios e relógios da Guess e recentemente viu-se envolvido num incidente na festa que se sucedeu à gala de entrega dos Globos de Ouro, onde recebeu o troféu de Melhor Modelo Masculino. Logo depois, o manequim viajou para Los Angeles. Dias antes do sucedido no Urban Beach, Gonçalo Teixeira deu uma entrevista à VIP onde falava precisamente da sua intenção de se mudar para os Estados Unidos, estando inclusive a tratar do visto. Aos 23 anos, o homem que enfrentou Cristiano Ronaldo é um modelo em ascensão que não esconde as dificuldades pelas quais passou no início da carreira.
VIP – Como é que começou o seu percurso como manequim?
Gonçalo Teixeira – Candidatei-me ao concurso da Elite Model Look há sete anos atrás e acabei por vencer.
Quais foram as razões que o levaram a concorrer? Foi influenciado pela família ou pelos amigos?
Não, foi por iniciativa própria. Não sei o que me levou a inscrever. Apenas tive vontade, quis ver o que era e tentei a sorte.
Mas este concurso acabou por mudar o seu percurso profissional. Deixou de estudar, por exemplo…
Sim, na altura estava a tirar um curso de Marketing e Publicidade e esse era o meu objetivo. Queria entrar na universidade, fazer uma vida normal. Mas o concurso acabou por mudar a minha vida. Comecei a viajar, infelizmente deixei de estudar. Agora estou dedicado a 100 por cento à moda.
Não pensa voltar a estudar?
Penso. Agora com o programa Maiores de 23 surgiu a hipótese de tentar entrar numa faculdade. Mas depende de muita coisa.
Considera que é importante apostar nos estudos para o seu percurso profissional?
Dentro do meu meio, ter ou não curso, não é muito relevante. É mais para realização profissional. Penso que nem vá exercer nada que possa vir a tirar na faculdade. Acho que a vida não me vai levar para esses caminhos. Os meus sonhos são todos à volta da minha carreira. Quero levá-la o mais longe possível.
Fotografa só para catálogos e campanhas publicitárias ou também é manequim de passerelle?
Faço tudo. Vou agora fazer um desfile da Guess em Los Angeles. Já desfilei para a Armani, por exemplo. Faço tudo o que vier.
Neste momento é o rosto da linha de acessórios e relógios da Guess a nível mundial. Tem mais novidades?
Voltei a fotografar para a Guess há 15 dias. A nova campanha vai sair daqui a seis meses.
O que é que destaca de positivo e negativo do seu percurso na moda?
É ótimo ter a oportunidade de viajar para países onde nunca pensei ir. Já vivi muita coisa. Mas destaco também as amizades que fiz. De negativo, refiro o tempo que os clientes demoram a pagar…
Sente dificuldade em receber os cachês?
Sempre foi assim. Os clientes demoram sempre algum tempo, mas faz parte.
Deve ser obrigado a fazer uma gestão financeira bastante apertada.
É obrigatório. Sou um pouco contra esta lógica de pagarem a 90 dias, porque quando vou ao supermercado não pago assim.
Sente que tem tido o reconhecimento nacional e internacional merecido?
Já dei várias entrevistas dentro e fora de Portugal. A nível de editorias já fiz para a JFK Magazine na Holanda, para a Nox Magazine em Espanha, já fiz para a Elle portuguesa…
Como é o relacionalmente entre manequins? Não há rivalidades?
Não. A nível nacional puxamos todos uns pelos outros. Já a nível internacional é um pouco diferente, mas a maior parte das pessoas são porreiras.
Sei que está a apostar no mercado norte-americano. Tem a ver com as oportunidades?
Sem dúvida. Estive lá em outubro e novembro do ano passado. Sem dúvida nenhuma que é um mercado espetacular. Vou começar a tratar da minha vida para começar a fazer mais temporadas lá. O meu futuro passa pelos Estados Unidos.
Pretende mudar-se definitivamente? Não tem pena de deixar o seu País?
Não, porque não vou para sempre. Vou e volto. Vou em temporadas de dois meses, máximo três, e depois volto para umas feriazinhas.
E quando está a trabalhar fora, sente saudades da família?
Sim, ao fim de dois meses sinto saudades, mas esta é a minha vida. Tem de ser.
Imagino que deve receber muito apoio da família. É o seu grande pilar?
Sem dúvida, a família e os amigos.
E o apoio da namorada? Também deve ser fundamental.
Prefiro não falar sobre isso. É a minha vida pessoal.
O seu namoro com a atriz Mariana Monteiro foi conhecido. Ficaram amigos depois da separação?
Não vou falar sobre isso porque não quero estar associado a ninguém. Quero estar associado ao meu trabalho. Sempre lutei por isso: para ser reconhecido por aquilo que faço, não pelo resto da minha vida, que no meu ponto de vista não tem interesse algum.
Como é que se define como pessoa?
Sou muito descontraído e tranquilo. Gosto de fazer desporto. Faço-o de segunda a sábado. E gosto muito de praia.
Como é que reage quando vê uma publicidade protagonizada por si?
É sempre entusiasmante. Mas já não é igual ao início. Nessa altura era mais giro, não estava habituado. Ao fim de sete anos já começa a ser normal. Fico feliz pelo trabalho em si, não tanto por estar em outdoor ou seja onde for.
Como manequim, deve ter muitos cuidados com a imagem.
Como é natural, temos de ter cuidado para tentar trabalhar o máximo de tempo possível. Mas faço as coisas pela minha saúde, não só pelo meu trabalho. Faço desporto e uso sempre creme hidratante a seguir ao banho. Mas sou um homem, assumo-me como tal, não sou nada metrossexual. Cuido de mim o quanto baste.
Qual é a parte que mais valoriza no seu corpo?
Sem dúvida o rosto. O corpo qualquer pessoa pode trabalhar.
O que pensa fazer quando não tiver mais trabalho como manequim?
Quero muito tirar o curso de treinador de futebol, mas mais para a frente porque acho que é um bocado despropositado estar a fazer isso agora. Só devo começar a pensar nisso aos 28 ou 29 anos. Mas tudo vai depender do que eu conseguir atingir na moda. Porque se chegar muito longe… quem sabe se não se abrem muitas portas? Posso abrir um negócio. Logo se vê, com calma.
Qual é o manequim que mais aprecia?
Sou um homem de poucos ídolos. Gostava de ter uma carreira parecida com alguns manequins, mas não os idolatro. Talvez com o espanhol Jon Kortajarena, que até é parecido comigo. Já cheguei a fazer trabalhos dele porque ele não podia. Foi bom, tendo em conta que ele é praticamente o melhor manequim do mundo.
Como se sente neste mundo da moda?
É muito difícil começar. Não é nada fácil. No início passei por momentos muito maus. Cheguei a viajar com muito pouco dinheiro, que quase não dava para comer.
A sério?
Sim. Isso acontece com quase todos os manequins. As pessoas pensam que isto é muito bom, mas só o é a partir de um patamar. Até lá chegar é muito mau. Os primeiros dois anos foram muito complicados.
Não pensou em desistir?
Pensei. Quando descobri o que era a moda, vi que não era nada daquilo que estava à espera. Mas comecei a aperceber-me de que só com tempo e trabalho é que se chega ao objetivo. Ao início é muito complicado para toda a gente. É raro o manequim que chega e vai logo longe. Agora, já estou numa posição mais confortável. O trabalho na moda é isto: é viajar, viver nos países onde estão os maiores clientes, tentar agradar, trabalhar para podermos ter mais dinheiro para viajar. É uma bola de neve.
Imagino que já deve estar farto de viagens de avião.
As viagens são aborrecidas. Ainda agora quando fui fazer a campanha da Guess tive de fazer 16 horas de viagem e depois ir trabalhar. Quando só se dormiu três horas…
Que conselhos deixa aos manequins que estão a iniciar agora a sua carreira?
Para não se iludirem, porque as coisas não são o que parecem e só ao fim de algum tempo, com algum trabalho e paciência, é que se começa a colher os louros. É preciso ter calma, consciência do que se está a fazer. E ter uma boa agência que nos possa mostrar o caminho.
E arriscar?
Arriscar é sempre possível, agora não se pode arriscar a pensar que se vai chegar logo lá acima. Demora um pouco.
Tem os pés bem assentes na terra?
Sim, sem dúvida. Prezo-me por isso.
Texto: Ricardina Batista; Fotos: Luís Baltazar e Impala; Produção: Romão Correia; Maquilhagem e Cabelos: Vanda Pimentel com produtos Maybelline e L’Oréal
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