Depois de Segredos e Mentiras da Família Real Espanhola, a jornalista e escritora Pilar Eyre volta a desafiar a famí-lia real, desta vez com A Solidão da Rainha, onde descreve a infelicidade da vida conjugal da rainha Sofia ao lado de Juan Carlos. Em entrevista à VIP, revela alguns dos segredos da monarquia, que atravessa uma das piores crises de sempre e que talvez seja salva pela próxima geração de reis, Felipe e Letizia.
VIP – Antes de mais, teve algum feedback da casa real sobre o livro?
Pilar Eyre – Ligaram-me porque queriam que eu soubesse que o livro não foi bem recebido e que teriam preferido que não tivesse sido escrito, mas disseram que não iam processar nem proibir a publicação, porque estão a favor da liberdade de expressão e não querem repetir erros do passado. Então perguntei se tinha dito alguma mentira e disseram que não, mas que também não foram 1500 (amantes de Juan Carlos). Sinceramente acho que a rainha está satisfeita com este livro, porque por fim já não tem de dissimular e isso viu-se com a visita que fez a Juan Carlos agora, só esteve 20 minutos no hospital.
Não acha que o livro é uma humilhação pública, maior do que qualquer outra?
Eu acho que se sentiu libertada e, sobretudo, penso que este livro realça que o rei provavelmente não teria sido rei se não tivesse tido a sua ajuda, reconhece o papel fundamental que teve na transição. Contaram-me que, depois da publicação, está mais segura, mais alegre e que se aproximou mais da sua família. Quando ele foi operado no ano passado, em Barcelona, sabia que estava com outra pessoa e teve de engolir o orgulho. Desta vez, ficou tranquilamente na Grécia, onde estava a passar a Páscoa ortodoxa, fez uma visita de 20 minutos e voltou para casa. Já não têm de fingir que são um casal unido porque todos os espanhóis sabem que não é verdade. Acho que não aconteceria nada se houvesse um comunicado a dizer que separaram as suas vidas privadas. Os espanhóis são suficientemente maduros para entendê-lo e eles seriam muito mais felizes.
Diz que Sofia é a mulher mais solitária do mundo…
Pela infância duríssima que teve, tornou-se uma pessoa quase associal. É muito introvertida, muito tímida, circunscreveu o seu mundo ao marido e aos filhos, não tinha amigas. Não tem ninguém a quem fazer confidências, ela própria diz isso com naturalidade, e quando falhou a sua relação conjugal, ficou sozinha.
Juan Carlos nunca esteve apaixonado?
Não. Foi um casamento arranjado, mas a rainha cometeu o erro de se apaixonar pelo marido… Ela descobre a primeira traição em 1976. Eu acho que até esse momento, Franco ainda estava vivo e exigia uma extrema moralidade, portanto acredito que Juan Carlos tivesse sido fiel até essa altura, não por respeito à mulher, mas porque tinha muito medo de Franco. Depois dele morrer, teve de recuperar as oportunidades perdidas. Na primeira semana desse mês de janeiro, disse à rainha que ia caçar, ela quis surpreendê-lo, mas a surpreendida foi ela. A partir desse momento separaram as suas vidas conjugais e nunca voltaram a reatar, a rainha tinha apenas 40 anos, era uma mulher jovem.
E ela, nunca teve mais ninguém?
Eu acho que nunca foi infiel. Analisei tudo minuciosamente, há muitas lendas de um caso com um arquiteto, com um jornalista, com um músico, mas confirmei que nenhum deles era real.
Mas é de facto uma boa rainha?
Sim e acho que Juan Carlos é um mau marido, mas um bom rei. Mas talvez este seja o momento de passar para primeiro plano os príncipes das Astúrias.
Todos os escândalos das últimas semanas têm dificultado a situação dele…
Sim, tem sido muita coisa. Primeiro o Marichalar, depois a vida conjugal a descoberto, depois o Iñaki Urdangarín. Cada escândalo parece minimizar o anterior. Por exemplo, saiu uma notícia a dizer que o Urdangarín tinha esvaziado umas contas na Suíça. Se não houvesse mais nada estaríamos a linchá-lo na praça pública, mas como de repente surge a foto do rei com o elefante morto, perde dimensão.
Como é que se arrisca numa caçada que pode dar tanto que falar?
Sobretudo, as pessoas começam a questionar quantas vezes o terá feito, mas nunca ninguém soube porque não aconteceu nada. Ele deve pensar que lutou muito, que o merece, que a Imprensa vai continuar a ampará-lo, mas nesta altura que as redes sociais têm tanto peso, já não consegue calar o povo. Este acidente foi muito mal visto, primeiro porque fazer estes safaris é algo de outra época, depois com a crise esta despesa é muito mal vista e depois há uma grande consciência ecologista e essa fotografia obscena do elefante morto repugnou muita gente de todas as idades.
A Corinna zu Sayn-Wittgenstein (alegada amante do rei), organiza viagens de caça, acha que ela acompanhava o rei?
Acho que sim.
Sofia optou por visitar a filha Cristina e Iñaki nos Estados Unidos pelo Natal, acha que foi uma declaração a dizer, “agora sou mais mãe do que rainha”?
Acho que sempre foi mais rainha que mãe e acho que nessa ocasião foi para apoiar a filha e o genro, mas também para aborrecer o marido. Foi a sua pequena vingança e, segundo me contaram, irritou tanto o rei que se ouviram gritos na Zarzuela.
Estes escândalos podem provocar a abdicação antecipada de Juan Carlos?
Antes havia muitos juancarlistas que diziam que o rei ia morrer com as botas postas e agora vejo que os juancarlistas se transformaram em felipistas, acho que há um clamor popular a favor dos príncipes das Astúrias e da abdicação do rei, que os monárquicos se estão a aperceber que o rei já cumpriu o seu papel e que agora é a hora de Felipe.
E acha que Felipe cumprirá o papel melhor que o pai?
Acho, sobretudo, que tem de ser outro papel. Têm de ser modestos, austeros, trabalhadores, deixar-se de coroas, de festas…
Letizia cumpre esse papel de fazer a ponte entre a monarquia e o povo?
Teoricamente sim. Ela tentou no início, mas era criticada por isso e ficou sem saber como comportar-se porque nós também não sabemos muito bem o que queremos.
Espera a Letizia o mesmo destino que o da sogra?
Muitos dizem que Felipe é parecido com a mãe, mas a verdade é que também foi muito namoradeiro quando era solteiro. Agora sei que está muito apaixonado pela mulher e enquanto estiver apaixonado vai continuar fiel. De futuro não se sabe, mas acho que por enquanto estão muito unidos.
Acha que ela aguentaria uma traição?
Alguns dizem que nem pensar, outros afirmam que se teve a ambição de chegar até aqui também aguentará a traição para tornar-se rainha… mas a verdade é que estão mesmo apaixonados, eu já estive com eles uma ou outra vez e o Felipe “baba-se” a olhar para a mulher. E Letizia torce pelo marido, é notório.
Ela é tão ambiciosa como dizem?
Alguém que aceita casar com o herdeiro de uma coroa tem de ser ambicioso, senão recusa este compromisso. A mim não me parece mal que uma mulher seja ambiciosa… mas claro que está convencida que vai ser rainha, Felipe foi educado a acreditar que será rei. Se a monarquia desaparecesse, Felipe não poderia fazer nada, seria militar, mas também não teria um grau muito elevado, ele foi preparado para reinar.
Revela a relação de Letizia com Kitin Muñoz, que por sua vez viria a casar com a princesa Kalina da Bulgária. Já não se interessam pelo passado de Letizia?
Ela era uma mulher livre, ele um tipo giro, muito apresentável. Eu curiosamente achava que isto ia escandalizar toda a gente, mas a verdade é que com tudo o que está a acontecer, toda a gente está mais interessada na vida conjugal dos reis.
Letizia poderá ser uma nova Sofia?
Os reis são fruto da sua educação. Aliás, Sofia deve achar que Letizia não é assim tão má, porque pelo menos não tem comparação possível com ela. Mas eles têm uma postura trabalhadora, esforçam-se bastante, aprenderam as línguas das autonomias, tentam dar uma imagem de austeridade. A cara de Letizia à saída do hospital depois de visitar o sogro diz tudo. “Tenho de visitar este tipo que engana a minha sogra, que tem um comportamento horrível.” Até porque os filhos não “visitam” o pai 50 minutos, ficam ao lado dele, passam lá a noite.
Como é a relação de Letizia com a sogra, nutre alguma simpatia por ela?
Acho que foi evoluindo, foi primeiro de admiração, de aluna, depois houve ali uns momentos de tensão e agora há talvez uma certa condescendência e compaixão.
Letizia está tão só como Sofia esteve?
Não. Letizia tem um grupo de amigas de solteira, que a protegem, que lhe são muito fiéis. Eles conseguem ausentar-se, tirar fins de semana e desaparecer sem que ninguém saiba onde vão.
Acha que Letizia voltaria a engravidar?
Eu acho que não engravidaria nunca, porque é muito dedicada às meninas, porque Leonor já é praticamente vista como futura rainha e não poderia agora correr o risco de ter um filho varão.
E ela é mais inteligente que Felipe?
Seguramente. Entre outras coisas porque já subiu para um autocarro, trabalhou, viveu do ordenado. Ele não sabe nada da realidade da vida, teve uma educação desenhada à sua medida que não implicou qualquer esforço, teve sempre o que queria. Ela tem mais vida. Neste momento, se colocássemos a hipótese da monarquia acabar e de ser implementada uma república, seria Letizia quem levaria a família para a frente, poderia voltar a trabalhar como jornalista, o príncipe Felipe… em comparação com os outros herdeiros europeus, não tem uma grande formação, não estudou em grandes universidades. Acho que ela está muito mais preparada que ele.
Texto: Elizabete Agostinho; Fotos: Filipe Brito
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