Hugo Almeida E Andreia
Recebem a VIP na sua casa em Istambul

Famosos

“Se estivermos com a família estamos sempre bem”

Dom, 25/03/2012 - 0:00

 Hugo Almeida, 27 anos, é um dos seis jogadores portugueses do clube turco Besitkas. Na cidade de 12 milhões de habitantes que emoldura o estreito do Bósforo, Hugo e a mulher, Andreia, escolheram viver num condomínio de luxo, de cerca de duas mil moradias, do lado asiático da cidade. Longe dos bazares, das grandes mesquitas e do centro da cidade, ocuparam uma moradia de três andares, jardim e piscina da qual se avistam os telhados vizinhos, em março ainda cobertos de neve. Juntos há 12 anos e na Turquia há um ano, mostram-se felizes com a opção de uma vida centrada na família. Com o casal vivem as filha (Mariana, de cinco anos, e Matilde, de quatro), o irmão gémeo de Andreia e os pais dela.

VIP – Como está a ser a adaptação à Turquia?
Hugo Almeida – Boa, é um país muito diferente, mas fomos muito bem recebidos. Tanto a minha família como eu gostamos muito de viver aqui.

Na Alemanha, onde viveram cinco anos durante os quais o Hugo jogou no Werder Bremen, também teve o apoio da sua família?
Andreia Almeida – Sim, tivemos sempre a minha família, mas a Alemanha foi para mim um país mais complicado, também porque foi a primeira vez que fui para fora. Além disso, aqui as pessoas são mais afáveis, mais agradáveis.

É difícil educar duas crianças pequenas num país que não conhecia?
AA – Em relação à cultura nota-se um bocadinho a diferença: aqui os homens têm prioridade em tudo. Ainda por cima eu tenho duas meninas, o que torna tudo mais complicado.

As suas filhas ainda estão em casa consigo, mas vão começar a ir à escola?
AA – A Mariana vai já para a escola no próximo ano letivo e isso é uma coisa que me tira o sono. Estou 24 horas por dia com elas desde que nasceram e vai ser difícil separarmo-nos. Elas vão para a Escola Internacional, ter um ensino em inglês, o que lhes vai permitir estudar em qualquer país. A escola tem culturas e pessoas de diferentes nacionalidades, o que nos dá mais tranquilidade do que se fosse uma escola turca.

No seu dia-a-dia sente muito essa questão de que falava de as mulheres terem um papel secundário?
AA – Sinto, até porque temos funcionários homens e eles não encaram bem ser uma mulher a mandar e a dar ordens. Como o Hugo está muito tempo fora sou eu que dirijo a casa e no início foi complicado para eles receberem ordens de uma mulher, mas acabaram por adaptar-se, até porque tentamos que eles se sintam bem.
HA – Mesmo quando saímos, a forma como nos vestimos é muito diferente da deles, em que as mulheres têm de andar tapadas… É uma cultura bastante restrita em alguns aspectos, mas nós tentamos sempre ao máximo fazer as coisas como se estivéssemos no nosso próprio país.

Porque é que optaram por viver deste lado do Bósforo, o lado asiático de Istambul, que é mais conservador, em vez de irem para o lado europeu?
HA – É mais sossegado, temos mais privacidade e está mais perto do centro de treinos. Também podemos ter aqui uma casa melhor, porque do outro lado quase só há apartamentos. Temos jardins, no verão podemos estar na piscina, tenho muito espaço para brincar com as minhas filhas e sempre esquecemos que estamos longe de Portugal.

Quem são as pessoas da família com quem vivem?
AA – Os meus pais e o meu irmão estão sempre connosco e são o nosso pilar.

A Andreia toma conta de tudo para o Hugo se dedicar por completo ao futebol?
AA – Sim, nós temos a nossa vida em Portugal, as casas, assuntos para tratar, e eu tento ocupar-me de tudo o que se passa em Portugal. Nesse aspecto, o Hugo não tem trabalho…

A Andreia estudou Educação Física. Já pensou em voltar a dar aulas quando as suas filhas forem para a escola?
AA – Infelizmente não consegui acabar o curso, mas adorava acabar. Há coisas que, pelo facto de estar fora do País, não posso fazer, mas pode ser que um dia consiga…

O que é que o Hugo acha que irá acontecer à sua carreira no futuro?
HA – Ainda gostava de jogar noutro país. Gosto muito do futebol inglês e do futebol espanhol, são tipos de futebol que me cativam bastante. Adorava. Há uns anos atrás não me ocorreria vir jogar para a Turquia, nem me passava pela cabeça, mas vim porque quis, ninguém me obrigou, e adoro estar aqui, sinto-me muito bem e estou a adorar este país.

Não gostava de voltar a jogar em Portugal?
HA – Gostava, mas para voltar a Portugal teria de ser para um dos três grandes. Já estou fora do meu país há sete anos e começa a saturar estar longe das nossas coisas e da língua, mas a nossa vida em termos de carreira é curta e temos de aproveitar as oportunidades.

Quando terminar a sua carreira de jogador de futebol o que é que se vê a fazer?
HA – Um dos meus maiores pesadelos é o que vai acontecer após deixar de ser jogador. Mas gostava de continuar ligado a esta modalidade.
AA – Há pessoas que fazem carreira porque os pais incentivam, mas não é o caso do Hugo; ele gosta mesmo daquilo que faz e quando se lesiona é um castigo, fica completamente alterado, nervoso…

Fica com mau feitio?
AA – Sim, um bocado (risos). Não é fácil… O que eu desejo para ele é que continue a sentir-se realizado como neste momento, no que quer que faça. Isso é o principal.

Qual é a sua expectativa para o Europeu?
HA – Nós temos um grupo bastante difícil, o “grupo da morte”, com duas seleções candidatas a vencer: a Holanda foi à final do Mundial, a Alemanha hoje em dia é uma das melhores seleções do mundo e ainda temos a Dinamarca, que é uma equipa bastante difícil de defrontar. Eu acho que o mais importante é a condição física. Todos nós fazemos 40, 50, 60 jogos por época. Esse sim, é o trabalho principal de um jogador: estar bem depois de uma época tão desgastante e chegar àquela altura e sentir-se bem… Temos uma das melhores seleções do mundo, se olharmos bem para as outras equipas não há tantos futebolistas a jogarem em clubes tão grandes como nós temos. Agora, o mais importante é passar o grupo.

O que é que acha do futebol português?
HA – Acho que tem sido um ano bastante positivo, há muitas equipas a lutar pelos lugares da frente. Está a ser um campeonato bem disputado. Anteriormente, ou o Porto ou o Benfica arrecadavam tudo e já se sabia com antecedência o que ia acontecer.

Tem muitos amigos aqui nesta zona? Dão-se muito com os outros jogadores portugueses?
HA – Aqui neste condomínio mora o Ricardo Quaresma. O Manuel e o Simão moram no lado da Europa. Às vezes estamos com o Ricardo, mas com o Manuel e o Simão só me encontro no balneário, até porque eles são pessoas solteiras, é normal que tenham outro estilo de vida. Eu passo muito tempo em casa que é onde gosto de estar, com a minha família. Às vezes saímos para passear ou ir a um restaurante, mas eu adoro estar em casa.

Do que é que sente mais falta em Portugal?
HA – Sinto falta do meu cantinho: a minha casa, as minhas coisas. Podemos ter o que quisermos fora do nosso país, mas o nosso cantinho é sempre o nosso cantinho.

A Andreia já disse que estava grata ao Hugo por ter a oportunidade de acompanhar o crescimento das sua filhas.
AA – Sim, acho que qualquer mulher, cujo marido consiga fazer esse sacrifício, o melhor que lhe pode acontecer é estar em casa a cuidar dos seus próprios filhos, ver o crescimento deles. E não está fora de questão termos o terceiro filho.

O Hugo tem parte do tempo preenchido com os treinos e os jogos. No seu caso, como é o seu dia-a-dia?
AA – Normal, com idas ao supermercado, brincar com as meninas no parque, passear. Aqui ainda não conhecemos muitos sítios para passear, mas temos a maior parte das coisas de que precisamos no condomínio, vamos ao shopping… Ainda não temos grandes amizades aqui, mas a família do Quaresma quando está cá está connosco.

Não se queixa desta vida?
AA – Não. Eu sou feliz assim. Quando conheci o meu marido andávamos na escola e a partir do momento em que ele começou a carreira eu optei por segui-lo. É uma opção minha. Claro que podia fazer coisas que me fizessem sentir mais realizada, mas as minhas filhas preenchem-me muito os dias porque não é fácil cuidar de duas crianças pequeninas, apesar de ter a minha mãe, o meu pai e o meu irmão, mas não me sinto vazia. Sinto-me realizada, sem dúvida alguma.

Como é a relação entre as mulheres dos jogadores? Existe a ideia de que se dão todas muito bem, vão juntas ao cabeleireiro, ao centro comercial…
AA – Eu se dissesse isso estava a mentir e não tenho necessidade disso. Até porque não nos damos com ninguém…
HA – Nós gostamos de ter a nossa vida e viver simplesmente para nós. Quando eu estava no Porto tínhamos o Raul [Meireles] e a Ivone e o Ricardo e a Paula e fazíamos muitos programas juntos em casal. Aqui são só rapazes solteiros, é diferente.

Como é que a Andreia gostava que fosse o vosso futuro?
AA – Que a nossa família se mantivesse como sempre foi: feliz. Isso é o essencial para mim e para o Hugo. Em termos de trabalho, estando com a família estamos bem. Gostava de voltar a Portugal, claro, é o nosso país, ou pelo menos ir para mais perto, mas também gosto de estar aqui, desde que a família esteja unida.

O Hugo faz-lhe muitas surpresas?
AA – Imensas. É um homem muito romântico.
HA – Gosto de lhe fazer mimos e também tenho prazer às vezes em comprar coisas que eu gosto de ver na minha mulher. Ela também faz o esforço de estar aqui, se bem que se ela casou comigo e está ao meu lado este tempo todo por alguma coisa é, mas é sempre importante manter este lado romântico.

Qual foi o presente mais inesperado que ele lhe ofereceu?
AA – Ao longo deste tempo tem-me feito várias surpresas, não sei… Eu fiz anos agora no dia 10 e ele fez-me uma festa surpresa e trouxe os meus amigos. Eu não desconfiei de nada. Vi uma carrinha a chegar e estava cheia com os meus amigos todos, que me encheram a casa. Foi uma bela surpresa, ter os meus amigos todos num dia tão especial.

Texto: Cristina Ferreira de Almeida, na Turquia; Fotos: DR

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