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O primeiro Natal de EDUARDO BEAUTÉ e LUÍS BORGES depois do casamento

Famosos

“Vai ser mais preenchido proque temos uma benção que é o BERNARDO”
Casaram-se em maio e preparam-se para viver um Natal mágico e especial. Muito mais do que a primeira quadra enquanto casal, Eduardo Beauté e Luís Borges vão ter a companhia de Bernardo, o menino, portador de trissomia 21, que os conquistou. “Foi amor à primeira vista”, dizem.

Sex, 02/12/2011 - 0:00

Casaram-se em maio e preparam-se para viver um Natal mágico e especial. Muito mais do que a primeira quadra enquanto casal, Eduardo Beauté e Luís Borges vão ter a companhia de Bernardo, o menino, portador de trissomia 21, que os conquistou. “Foi amor à primeira vista”, dizem. O cabeleireiro e o modelo vão partilhar a custódia do bebé, de 19 meses, com a mãe biológica e garantem que vão fazer tudo para nunca falharem como pais.

VIP – O Natal é especial para vocês?
Eduardo Beauté – Sem dúvida. É uma oportunidade de juntar a família. É a quadra da família. O Natal foi sempre muito especial porque sou muito ligado aos meus. Quando nasceram os meus sobrinhos, passou a ter outro significado.
Luís Borges – O Natal sempre significou o juntar da família. Este ano vai ser ainda mais especial porque vamos reunir-nos todos, dos dois lados, e porque temos o Bernardo.

Há algum presente de Natal que vos tenha marcado?
EB – Só comecei a receber presentes em adolescente. Venho de uma família humilde e costumava receber roupa. Aproveitava-se a quadra para dar aquilo de que se necessitava. A minha casa nunca foi muito recheada de brinquedos. Graças a Deus, o Bernardo e os meus sobrinhos têm tudo aquilo que necessitam para o seu crescimento e sinto prazer no dia em que vou comprar os brinquedos. Acaba por ser quase como se estivesse a viver a minha infância.
LB – Comigo passa-se o mesmo. Como somos quatro irmãos, os meus pais nunca nos deram grandes presentes. A minha avó costumava dar-nos roupa e os meus pais davam-nos chocolates. Ficávamos todos contentes porque o Natal, para nós, era estar com a família, as cantorias e os doces.

Tal como com o Eduardo, comprar brinquedos é o reviver da sua infância?
LB – Sim, adoro.
EB – O Luís é um consumista. Quando passa em algum sítio, compra algo já a pensar nos sobrinhos (risos). Acho que isto é um preencher do vazio que ficou em nós. Queremos dar algo que queríamos ter recebido naquelas idades. Mas o mais importante é que nas nossas famílias nunca faltou amor. Ultrapassa todos os presentes. E esta é a mensagem que queremos passar aos meus sobrinhos e também ao Bernardo. Esta é a razão pela qual ficamos satisfeitos por a mãe do Bernardo poder acompanhar o seu crescimento.

A mãe e os dois pais…
EB – Sim, dois pais que o amam muito e que lhe vão tentar passar todos os princípios. Isso é o mais importante.
Vivemos numa época em que não se dá muita importância ao valor da família?
EB – Perdeu-se completamente o significado do ambiente familiar. Passou a ser tudo muito materialista.
LB – Acho que a culpa é dos pais e dos adultos que rodeiam as crianças. Pensam que se pode compensar tudo numa criança com a parte material. Muitas das vezes os pais esquecem-se de que os filhos precisam de educação, carinho e muito amor. É muito mais bonito na noite de consoada estar nos braços dos pais a receber amor, muitos beijinhos e ouvir os pais dizerem que os amam muito, que nunca vão deixar de os proteger e que a vida faz sentido porque eles existem.

É o primeiro Natal desde que se casaram e na companhia do Bernardo. Já têm tudo planeado?
EB – Já. Vamos juntar as duas famílias. É o primeiro ano que o vamos fazer. Vai ser um Natal muito mais preenchido porque temos uma bênção que é o Bernardo. Vai ser um Natal especial.
Vai ser o centro das atenções?
LB – De certeza.
EB – Vai ser o Menino Jesus da família. Aliás, já o é.

Temeram não ter a companhia do Bernardo no Natal, quando ficaram sem o menino?
EB – Sentia que o Bernardo ia voltar para nós. Nunca perdemos a esperança. E não foi em vão porque, pouco tempo depois, a própria mãe reconheceu que o facto do Bernardo estar connosco seria bom para todos. Foi um ato de amor de mãe, perante o filho.

Como reagiram à ausência do Bernardo?
EB – Estávamos muito tristes. Nessa altura, o Luís teve de viajar para Nova Iorque, estava muito em baixo e eu tive de ficar sozinho em Lisboa.

Agora, que é pai, como vai lidar com as viagens? Pensa levar o Bernardo?
LB – É complicado levá-lo porque o meu trabalho não o permite, mas o Eduardo costuma ir ter comigo algumas vezes e sei que levará o Bernardo quando for possível. Com a Internet é fácil gerir as saudades. É óbvio que vou ter muitas saudades, mas sei que o Eduardo irá fazer-me algumas surpresas. Já estou habituado.

Esta experiência enquanto pai é um recuar no tempo até à altura em que foi pai pela primeira vez?
EB – Fui pai muito jovem. Hoje, sou muito mais consciente daquilo que está a acontecer na minha vida. Infelizmente, por razões de saúde, o Rúben faleceu e ficou sempre um vazio na minha vida. Esse vazio não se preenche com outra criança, mas ficou sempre a vontade de voltar a ser pai. Foi essa vontade que me afeiçoou muito mais rapidamente ao Bernardo. Parecia que estava a rever o meu filho.

Essas memórias são dolorosas?
EB – Não vejo a morte como uma tristeza, mas como uma perda. Deus sabe o que faz e se achou que o meu filho não deveria viver mais do aquele tempo, tenho que O respeitar. Não se contrariam as vontades de Deus. Recordo sempre o meu filho com saudade porque imagino como é que seria hoje e revejo no Bernardo só o sentimento que se tem por um filho. Não faço comparações, até porque o meu filho, tirando aquela situação de saúde, à qual não resistiu, era uma criança normal. O Bernardo será sempre especial. Com o meu filho iria criar expectativas e esperar que fosse doutor ou algo do género. Com o Bernardo espero que nos surpreenda todos os dias e é o que ele tem feito. Quero que seja feliz e não crio objetivos.

Que balanço fazem do tempo que têm passado com o Bernardo?
EB – Enquanto pessoa, tornei-me mais caseiro e passou a haver outro peso em algumas responsabilidades. Acho que fortaleceu ainda mais a relação com o Luís. Surpreendentemente, descobri um Luís que não esperava.

Como assim?
EB – Tem um sentido paternal maravilhoso para a idade. Aliás, a última palavra de ficar com o Bernardo foi do Luís. Ele tomou a decisão final de ter este filho. Inclusive, quando o Bernardo voltou para nós, o Luís estava em Nova Iorque, cancelou todos os trabalhos que tinha e apanhou o primeiro avião para vir ter com o Bernardo.

O que o levou a tomar a decisão de querer ficar com o Bernardo?
LB – Antes do casamento, já tínhamos falado em adotar uma menina. O Bernardo apareceu por acaso nas nossas vidas e fiquei um pouco reticente devido ao que a tia-avó dizia da família dele, o que não corresponde de todo à verdade. São pessoas honestas, humildes e trabalhadoras. Quando o vi no salão, foi amor à primeira vista. Aí, decidi que tinha sentido ficar com o Bernardo e sermos os pais dele. Por isso é que nem pensei duas vezes e apanhei o avião para Portugal.
EB – O Luís sofreu muito quando o Bernardo voltou para a mãe. E eu passei a sofrer a dobrar. Sofria pelo Bernardo e por ver o Luís a sofrer.

Durante a sessão fotográfica, o Eduardo revelou uma postura mais séria com o Bernardo, enquanto o Luís mostrou ser mais brincalhão…
EB – Ele é o brincalhão. O Luís dá-lhe o mau comportamento e eu o respeito (risos). Tenho 44 anos, automaticamente a minha atitude é diferente. O Luís brinca muito com o Bernardo. São dois trapalhões que destroem a sala. Eu sou o imperador e o Luís é o bobo que leva o filho a dar gargalhadas de felicidade.

Há algo que vos assuste nesta nova etapa das vossas vidas?
EB – O que me assusta mais é a sociedade em que vivemos. Está a tornar-se mais perigosa com o crescimento das dificuldades sociais. Há uma maior marginalidade. Apavoram-me o bullying, os sequestros…
LB – Assusta-me a discriminação não só pela diferença dele. Além disso vamos tentar protegê-lo ao máximo da discriminação por ter dois pais homossexuais. Felizmente, a sociedade está a mudar muito e suponho que daqui a dez anos já irá viver numa sociedade diferente.

Referiram a discriminação. Já foram vítimas de comentários menos simpáticos em saídas a três?
EB – Com o Bernardo não. Às vezes, há um piropo desagradável, mas não damos importância. São pessoas que nos são indiferentes. Em relação ao Bernardo só recebemos palavras de apreço e incentivo.

Têm medo de falhar enquanto pais?
LB – Todos os pais falham.
EB – E todos têm medo de falhar. É normal que se possa falhar em alguma coisa, mas vamos tentar que isso não aconteça.

Existe uma disputa entre as vossas madrinhas de casamento para estar mais tempo com o Bernardo?
EB – Elas adoram o Bernardo. Trazem presentes e querem estar com ele. Quando vamos a casa delas, perguntam logo se ele vai.
LB – Temos a vantagem de duas delas, a Fátima Lopes e a Fernanda Serrano, serem mães. É fantástico.

O encanto com que falam do Bernardo significa que não será filho único?
EB – Não!
LB – Vai ter uma “manita” (risos).
EB – Quando ponderámos a hipótese de adotar, o Luís dizia sempre que gostava de ter uma pretinha. E é mais uma certeza que temos. Virá pelo menos mais uma criança. Se tivéssemos ido a uma instituição procurar uma criança, teria sido uma menina.

Barriga de aluguer não foi uma opção?
EB – Foi. Falámos disso.

É uma hipótese futura?
EB – Pode ser.

Que balanço fazem dos primeiros meses do casamento?
EB – Este ano foi o mais feliz da minha vida. Casei com a pessoa que amo, no meu próprio país. Fazê-lo com a pessoa com quem me imagino para o resto da minha vida é mais do que maravilhoso e ainda mais maravilhoso é podermos ter filhos para criar. Não tenho como descrever tamanha felicidade.

Como se reage a um elogio destes?
LB – Estou sem palavras… Para mim, também foi o melhor ano da minha vida, pessoalmente e profissionalmente. Casei com o Eduardo e temos o Bernardo, o nosso maior tesouro como casal, que fortalece a relação.

Estão juntos no amor e nos negócios. Têm receio da rotina na relação?
EB – Creio que não e tentamos que isso não aconteça. Nós falamos nisso e o Luís, quando tem necessidade, sai sozinho com os amigos dele e eu fico com o Bernardo. E acho que isso é bom.
LB – Faz parte e não podemos criar uma saturação.
EB – Temos de saber dividir as nossas vidas porque não sou dono do Luís nem ele é meu dono. Simplesmente nos unimos, o amor assim o quis e foi algo que fizemos com a intenção de que dure muitos anos.

A loja que acabou de inaugurar no espaço Eduardo Beauté era um sonho?
LB – Sempre disse ao Eduardo que gostaria de ter algo relacionado com moda, como uma agência ou uma loja de roupa. Ainda é cedo para uma agência e fazia sentido abrir a loja agora. Decidi ter só criadores portugueses na minha loja porque sou português, tenho orgulho nisso.
EB – Poderá ser o início de uma cadeia de lojas LB Fashion Concept by Luís Borges.

Agora, já não há o risco de o Eduardo despedir o Luís…
EB – Pois (risos). Podia despejá-lo porque ele aluga-me o espaço, mas isso levaria a muita burocracia (risos). Quando prescindi dos serviços dele foi porque ele não se adaptava a isto. O mundo dele era a moda e acon- selhei-o a procurar o sucesso lá fora. Foi o que ele fez e ainda bem.
LB – Não servi para rececionista, mas servi para teu marido (risos).

Podiam ter optado por um espaço de rua, mas a loja é no salão. É um aproveitamento do espaço ou estratégia?
LB – Ambos. Aproveitámos o espaço, pois é uma sala que ia ficar livre e achámos que ficava bem fazer algo com moda.
EB – Também é estratégia, pois as pessoas que venham ver a loja ficam a conhecer o espaço e movimentam-se no cabeleireiro.

Têm algum desejo para 2012?
EB – Desejo que a sociedade nos respeite. Quem não gostar de nós, ignore-nos. Quem nos admira, continue a dar-nos palavras bonitas. O amor resume tudo na vida.
LB – Desejo paz, saúde e amor para todos os que gostam de nós.

Texto: Bruno Seruca; Fotos: Luís Baltazar; Produção: Elisabete Guerreiro e Marco António; Maquilhagem e cabelos: Tita Costa com produtos Maybelline e L´Oréal Professionnel

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