A 1 de Outubro de 1986, Jorge Gabriel dava os primeiros passos na carreira de comunicador num exterior para o programa Musicomania de Raul Durão, emitido pela Antena 1. Vinte cinco anos depois é um dos mais respeitados apresentadores do País e tornou-se, recentemente, amante de golfe. Foi num torneio da modalidade que a VIP falou com Jorge Gabriel.
VIP – Como nasceu a paixão pelo golfe?
Jorge Gabriel – Aconteceu há um ano e meio, numas férias em Porto Santo, quando me convidaram para assistir ao Pro-Am do Open da Madeira. Fui provocado dizendo que era um desperdício eu não jogar com um campo tão bom perto da minha casa. Prometi que ia começar a jogar e que, se gostasse, continuava. Se gostasse, no ano seguinte iria disputar o Pro-Am da Madeira. E assim foi.
O golfe é uma espécie de terapia?
Não tenho dúvida. O golfe evitaria a toma de ansiolíticos na quantidade que se regista em Portugal.
O que aconteceu à sua paixão pelo futebol?
Em Portugal não há hipóteses de ver envolvidas pessoas que tenham a vontade de permanecer no meio onde aquilo que mais se vive e defende é o fairplay, a verdade desportiva e o jogo pelo jogo. Enquanto o futebol não atingir estes três níveis, vejo futebol apenas porque o Sporting joga. Se o meu clube ganhar fico satisfeito, se perder paciência. A febre passou há muitos anos. O futebol é muito mais um negócio do que um desporto.
Abdicava da carreira que tem se tivesse a oportunidade de mudar o futebol enquanto dirigente?
É impossível. O futebol não interessa. É um negócio para alguns ganharem dinheiro com as emoções das pessoas. Não há nada mais unilateral do que o futebol.
Há muitos anos que apresenta o programa das manhãs da RTP. É tempo a mais na carreira de um apresentador?
É um privilégio fazer o que gosto. Acaba de fazer 25 anos que iniciei a minha carreira profissional na comunicação. Sou um comunicador e é isso que gosto de ser. Se faço um programa da manhã, um talk show noturno, se faço alguma coisa que me permita executar um conteúdo com o qual me identifique, isso dá-me prazer.
Gostava que o futuro passasse por um talk show noturno?
Atualmente, ninguém pode falar com segurança sobre o futuro. Nem eu, nem a senhora Merkel, Obama ou o Presidente Cavaco Silva. Não sou exceção. O que eu gostava, honestamente, era de viver numa sociedade mais justa. Se for para continuar a fazer aquilo que faço hoje, não me importo. Quero uma sociedade mais justa, onde o mérito seja reconhecido.
O que ainda o move após 25 anos de carreira?
O telespectador. A pessoa que no dia seguinte se cruza comigo e agradece a companhia por não ter família ou porque ficou a pensar em algo que disse, mesmo não concordando. É o que qualquer profissional da comunicação gosta de ter.
Enquanto pai fica assustado com o rumo do País?
Tenho de ter cautelas e ajudar os meus filhos da forma que posso e que sei. Tudo o que for uma boa oportunidade para que os meus filhos possam ter bons conhecimentos, oportunidades profissionais ou ir para o estrangeiro, estarei cá para os apoiar.
O melhor ainda está para vir?
De certeza absoluta. Por muitas nuvens negras que possam apoquentar o nosso caminho de regresso a casa, amanhã de manhã o Sol volta a nascer.
Texto: Bruno Seruca; Fotos: Paula Alveno
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