Há um mês e meio no Brasil, a gravar a novela Fina Estampa, que estreou na última semana na Globo em horário nobre, Paulo Rocha, de 34 anos, ainda está a "medir o terreno onde pisa". Numa produção exclusiva para a VIP no luxuoso Relais & Chateaux Santa Teresa Hotel, no Rio de Janeiro, o actor fala das saudades que tem da família, de como está preparado para as mulheres brasileiras e como se empenha em se sair bem na novela.
“A minha maior preocupação agora é com os momentos de gravação. Preciso que entre o grito de 'acção' do director e o 'corta', as coisas corram muito bem para mim”. Nesta estreia na representação fora de Portugal , não esconde que se sente “só”. Mas a presença constante do pai adoptivo, José Costa Reis, com quem fala diariamente pelo Skype, tem sido a sua grande bússola.
Aliás, ao longo da conversa Paulo Rocha refere-se por diversas vezes a ele. “O meu pai continua muito próximo, porque é um ser humano extraordinário. Tudo o que sou devo a ele. Ele e a minha mãe conhecem-me como ninguém. Às vezes, quando me enervo, ele faz-me ver o outro lado da questão. Com ele aprendi a ter calma e a ser uma pessoa mais reservada; aqui, no Brasil, tenho sido muito reservado”, explica.
Carinhosamente acolhido pelos colegas de cena, diz-se bastante sortudo por poder trabalhar com eles. “Tive imensa sorte nisso, são profissionais excelentes. “A Lilia [Cabral] é maravilhosa, fazendo com que seja muito fácil trabalhar com ela. O meu pai sempre me ensinou que as pessoas que são realmente boas no que fazem são as mais simples. Talvez por serem mais seguras de si, são mais receptivas a tudo o que é novo. A Lilia é extremamente simples e receptiva. Eu já era admirador do trabalho dela e foi uma surpresa ainda maior conhecê-la”, afirma, referindo-se à conhecida actriz brasileira com quem contracena.
Esta tem sido, por isso, uma aposta ganha. Apesar de sentir saudades da família e dos amigos que deixou em Portugal, conta que não pensou duas vezes para aceitar este convite de Aguinaldo Silva. "Era uma proposta irrecusável. Fiz apenas três malas e apanhei o avião. Afinal, sou solteiro e não tenho filhos.” Garante que, tirando o pai e a mãe, não deixou para trás qualquer outra motivação. "Trouxe comigo todas as minhas paixões”, entre elas, a da representação. Daí que por agora esteja focado em conseguir encontrar “a alma do personagem”, como diz. “Agora é o arranque. Ainda preciso de estar muito disponível e atento a ele. Não faço mesmo ideia do que vai acontecer com o personagem, se as pessoas vão gostar dele ou não. Mas torço muito que para que sim.”
Sobre o novo visual, com barba, brinca: “Quando acabei de gravar a novela em Portugal decidi deixar crescer selvagemmente a barba e o cabelo, para dar várias possibilidades aos criativos da Globo e pelos vistos eles gostaram deste ar de 'homem das cavernas'. Vou ficar assim mesmo… este cave man moderno”, ri.
“O novo galã da praça”
Instalado num aparthotel do Leblon, não demorou muito até Paulo Rocha começar a frequentar um ginásio ali perto. Exercício físico não lhe vai faltar. “No Leblon posso fazer tudo a pé, pois não pretendo ter carro aqui no Rio. Acordo sempre às 7h da manhã e vou andando para o ginásio. Faço alongamentos pela manhã e musculação à tarde, quando não gravo. Já fui a vários restaurantes. Adoro uma churrascaria, mas procuro sempre o equilíbrio”, conta.
A julgar pela repercussão que causou na Imprensa brasileira, Paulo Rocha promete dar que falar. Na opinião de um respeitado colunista carioca, “o português Paulo Rocha tem tudo para virar o novo galã da praça”, publicou Bruno Astuto num artigo com a foto do actor na abertura da coluna.
“Estou muito solteiro”
Paulo Rocha está mais do que preparado para o assédio que aí vem, até porque está solteiro. “Não deixei nenhuma namorada em Portugal. Ficar aqui a ter saudades de uma namorada de lá é perda de tempo. Já namorei uma brasileira que morava em Lisboa e sei que as mulheres daqui são lindas e maravilhosas. Estou muito solteiro”, diz, com um sorriso maroto.
Para além disso, Paulo Rocha mostra–se prendado. “Sou uma pessoa muito organizada. Moro sozinho há muito tempo e como sou preguiçoso, tornei-me organizado. Se desarrumo alguma coisa, arrumo logo, para depois não ter muito trabalho de uma vez só e sei cozinhar. A minha especialidade é bacalhau com grão-de-bico.”
O papel na novela
Fina Estampa já estreou no horário nobre da Globo na última semana. Na novela, Paulo Rocha faz de Guaracy, um jovem português filho de pai português e mãe brasileira, que saiu do seu país para tentar a vida no Brasil ao herdar o “Bar Tupinambar”. Mas há uma coisa que o diferencia de todos os outros homens da novela: a forma como vê as mulheres, procurando o que há de melhor nelas e não apenas a beleza exterior. Foi assim que se apaixonou por Griselda (Lilia Cabral), uma mulher de meia- -idade, que trabalha como torneira mecânica, pedreira, e faz todos os trabalhos mais pesados da casa, na vizinhança, como se fosse um homem. “Guaracy apaixona-se por aquela 'mulher de fato-macaco', pois sabe o que há por debaixo daquela cara suja de graxa”, explica Paulo Rocha.
Mas Griselda foge dele como o diabo da cruz. Desde que ficou viúva, não quer mais saber de homens. Aliás, ela pensa que o seu ex-marido, Pereirinha (José Mayer) morreu há anos, só que ele está vivo e vai voltar. Griselda só pensa em trabalhar para sustentar os filhos, a quem dá todo o seu afecto. Mas Guaracy não desiste. Aliás, ele não desiste nunca.
Os dias de gravação têm sido bastante divertidos, com cenas de exterior, nas quais Guaracy está sempre, literalmente, a correr atrás de Griselda. No entanto, aproximam-se cenas mais dramáticas. “Foi óptimo fazer as cenas mais cómicas antes e agora partir para as mais sérias. Foi simpático a ordem ter sido assim. Assim fica mais fácil estabelecer a cumplicidade entre as pessoas”, explica Paulo Rocha, ele próprio uma pessoa divertida.
Texto: Mônica Soares; Fotos: Lino Rodrigues; Produção: Danúbia G; Maquilhagem: Bárbara Lima
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