Tinha 19 anos quando abandonou o curso de Nutrição, no Porto, e rumou a Lisboa atrás do sonho da representação. Hoje, Sandra Santos, de 28 anos, alcançou o que queria. Depois de ter sido a Nani, de Conta-me Como Foi, da RTP1, agora é a Cláudia dos Morangos com Açúcar, da TVI. Conheça a actriz que adia os sonhos pessoais para consolidar a carreira.
VIP – Como é fazer os Morangos com Açúcar?
Sandra Santos – É um projecto interessante porque é sempre bom trabalhar com o elenco mais novo e com o elenco mais velho. Eu costumava dizer que era café com leite (risos), porque estava no meio.
Interpreta uma jornalista. Foi difícil?
Foi engraçado. Ainda por cima ela era uma jornalista de desporto. Era muito boa, encontrava sempre boas histórias. Nunca tinha tido contacto com este mundo. O mais complicado foram as questões éticas. Foi interessante perceber se eticamente as decisões dela eram boas ou más. O que às vezes põe o jornalista numa posição delicada. Se por um lado há boas histórias, por outro é importante saber como se conseguem.
Como a construiu?
Tenho uma tia que é jornalista, embora não exerça. Fui-lhe perguntando algumas coisas. Sobretudo no início fazia-lhe muitas perguntas técnicas: como é que era a postura quando se fazia uma entrevista; se era suposto haver um distanciamento.
Os Morangos são uma série juvenil. Como era a Sandra adolescente?
Era feliz e curiosa. A minha adolescência foi vivida muito na rua, a brincar. Quando fui para o quinto ano, tinha dez anos, a escola ficava a uns 30 minutos a pé e ninguém me ia lá pôr de carro; ia e vinha a pé. Tinha uma grande liberdade. Desde que tivesse boas notas ninguém me chateava. Só ia para casa para comer.
Veio para Lisboa com 19 anos. Como foi a adaptação?
Foi uma mudança muito impulsiva porque eu estava no segundo ano de Ciências da Nutrição, na faculdade. Fazia teatro desde os 14 anos e no segundo ano da faculdade a minha tristeza adensou-se por não estar a fazer o que realmente queria, que era representar. Por impulso, depois de um amigo meu ter feito um ano na Act, vim para Lisboa fazer as provas e entrei. Vim sem saber como ia prolongar a minha estada na capital. Era um pouco inconsequente, mas é isso que faz a nossa vida mudar.
O que foi mais complicado?
Eu não conhecia cá ninguém. Mesmo assim, foi a melhor altura da minha vida. Agora acho que já não tenho nada a ver com aquela Sandra. Estou muito mais pessimista, muito mais ansiosa. Se na altura havia problemas, eles resolviam-se, tinha de ser.
Porque acha que mudou a sua perspectiva de vida?
Mudou a idade, a consciência e as responsabilidades que a vida nos dá.
Mudava alguma coisa no que fez?
Nada. Ainda bem que se tem 19 anos para se fazer estas coisas.
O que lhe custou mais?
Eu adaptei-me muito bem. Gostei imenso da cidade. É mais quentinha do que o Porto, o que é uma vantagem para uma friorenta como eu. Acho que a única diferença são as pessoas. No Porto são mais abertas, é mais fácil fazer amigos. Não que tenha sentido essa dificuldade, mas parte dos meus melhores amigos cá são pessoas do Porto.
Como é que a família reagiu à notícia de deixar a faculdade para vir para Lisboa?
Quando meto uma coisa na cabeça não vale a pena demoverem-me porque eu faço e pronto. A verdade é que eles não me ajudaram a vir, ficaram parados a ver no que dava. Eles sempre me deram bastante liberdade. Também não sou filha única, tenho um irmão de 16 anos.
Deve ser o ídolo do seu irmão…
Não, ele já não está na fase de ver os Morangos. Os meus pais é que tentam ver o que faço e a minha mãe fica chateada se dá alguma coisa na TV e eu não a aviso.
E a Sandra vê o que faz? É muito crítica em relação ao seu trabalho?
Sou muito crítica e por isso às vezes não gosto muito de ver. Eu vejo no início dos trabalhos, mas depois chateia-me ver porque me martirizo.
Quando deixou o Porto para vir para Lisboa atrás do sonho de ser actriz alguma vez pensou chegar onde está hoje?
Sim. Senão não teria vindo. Se não acreditarmos as coisas não acontecem. Não sou optimista, mas não perco a esperança.
Que sonhos estão ainda por cumprir?
Tanta coisa. Continuar a fazer projectos interessantes. A nível pessoal ainda não chegou a altura de pensar em casar ou ter filhos. Cada coisa a seu tempo. Neste momento estou focada na minha carreira.
Texto: Sónia Salgueiro Silva; Fotos: Luís Baltazar; Produção: Marco António; Cabelos e Maquilhagem: Tita Costa com produtos Maybelline e L´Oréal Professionnel
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