Foi das pessoas que sentiu mais saudades enquanto esteve a gravar Perdidos na Tribo, que a TVI estreou no domingo, dia 8. Por isso, o reencontro com as filhas, Mafalda, 15 anos, e Carolina, 11, foi muito emotivo e com muitas lágrimas à mistura. Esta foi a primeira vez que a mãe esteve mais tempo longe das meninas. Foram 21 dias no seio da tribo Hamer e a tentar viver segundo as tradições e os costumes dos habitantes desta comunidade perdida na Etiópia. Uma experiência dura, da qual fala sem pudores, e onde aproveitou para escrever – a única forma de escape que encontrou, numa viagem onde fez questão de não pensar em assuntos como o processo de divórcio de Ricardo Trêpa, que agora está parado. Afinal, o ainda marido foi esperá-la ao aeroporto com um ramo de flores e uma carta, e a reconciliação é uma hipótese que paira no ar.
VIP – Como foi o regresso a casa?
Cláudia Jacques – Foi um reencontro com muita emoção. Nunca estive tanto tempo longe das minhas filhas, nem tanto tempo sem falar com elas. Fiquei lavada em lágrimas quando as vi, quando as abracei. Elas já estavam preparadas, mas custou-lhes bastante a minha ausência. A mais velha até pôs uma foto nossa no desktop do computador.
Mafalda – Eu ia ligando para a TVI para saber como é que ela estava, se tinham novidades. No dia em que saiu da tribo, ela enviou-nos um SMS. Nessa altura, chorei e quando ela chegou, também. Nessa noite, eu e a minha irmã dormimos com a mãe e ela contou-nos tudo o que tinha acontecido.
Como é que elas reagiram quando lhes disse que ia entrar no Perdidos na Tribo?
CJ – Elas não ficaram contentes e pediram-me diversas vezes para não ir. Até porque elas tinham medo por mim, que eu fosse mordida por alguma cobra, ou assim.
M – Para nós, foi custoso. Ela falou connosco, nós aceitámos a decisão dela e aguentámos as saudades.
Viu o primeiro episódio com elas?
CJ – Infelizmente, não, porque tive de ir a Lisboa fazer o especial da TVI, que deu à tarde, sobre o programa.
O que mais vos impressionou no primeiro episódio?
M – Eu gostei do programa, mas meteu-me confusão vê-la a beber sangue. Mas apesar disso, a mãe estava igual a ela própria: feliz e bem-disposta.
Deram-lhe algum conselho antes de ir?
M – Pedi-lhe para ter cuidado com cobras.
Carolina – Eu não lhe disse nada. Sei que ela é muito forte e supera tudo. Dei-lhe um diário para ela escrever na viagem.
Por falar em escrever, está a lançar um livro. Como surgiu este projecto?
CJ – Escrever é uma novidade para mim. O desafio já pairava no ar há algum tempo, mas sempre achei que escrever é um acto muito solitário. Por isso, só quando o meu amigo Sérgio Figueiredo, que conheço há 20 anos, me disse que podíamos escrever a meias é que aceitei o desafio.
De que trata O Meu Segredo?
Eu sou constantemente questionada sobre como cheguei a esta idade assim, que cremes uso, que perfume ponho, que cuidados tenho. Foi o Sérgio que me sugeriu escrever um livro sobre estas coisas, porque disse que eu estava melhor agora do que há 20 anos.
Então, o nome do livro significa…
O Meu Segredo é a pergunta mais frequente que me fazem; o título não podia ser outro.
Escrever tornou-se uma paixão?
O que custa é escrever o primeiro, porque depois a coisa pega. Durante a minha estadia na tribo, escrevi 250 páginas no diário que a Carolina me deu, porque era importante para mim fazer uma certa descarga de emoções e até para me distrair. Escrever acabou por ser um escape, porque nem um livro levei.
E vai publicar esse diário?
Talvez. A TVI já me falou disso. Há muita coisa que se passou connosco no programa e que não vai passar no ecrã, porque as câmaras não andavam connosco 24 horas.
Há pouco disse que nem um livro levou. Não levou porque não quis, ou porque a TVI vos proibia de levar?
Recebemos uma lista do que não podíamos levar e eu achei por bem cumpri-la à risca, uma vez que a ideia era adaptar-nos ao estilo de vida da tribo. Se pudesse, tinha levado um livro, um saco-cama, uma almofada.
Já disseram que passaram fome. Não podiam ter levado comida?
A lista dizia claramente para não levarmos qualquer género de comida.
São verdade as notícias que dão conta que querem processar a produtora do programa, a Quatro Cabezas?
Só posso falar por mim e nunca me passou pela cabeça processar ninguém. Acho que é normal que haja coisas que tenham corrido pior. Acho que ninguém estava à espera que fosse tão difícil como foi. Mas também, se nos explicassem demasiado como era o programa, ou não íamos ou perdíamos a espontaneidade. Não saber o que íamos encontrar tornava tudo mais emocionante.
Mas disseram ou sugeriram, de alguma forma, que ia haver outras condições para vocês enquanto estivessem lá?
Nós sabíamos claramente que tínhamos de nos adaptar ao estilo de vida dos Hamer. Nesse sentido, nunca nos foi dito que íamos ter condições. Mas a mim, o que mais me incomodou não foram os dias que passámos na tribo. Foi a viagem de regresso a Lisboa.
Porquê?
Estávamos a contar fazer a viagem de regresso da mesma forma como chegámos: de avião. Mas não… Depois dos 21 dias na tribo, percorremos a Etiópia até Adis Abeba, de jipe. Foram mais de 800 quilómetros. Dois dias de viagem por estradas de asfalto. Nós estávamos cansados, com fome, doentes. Depois de termos estado tanto tempo na tribo, foi a machadada final. Depois, pensámos que íamos ficar a dormir em sítios melhores. Tudo o que eu queria era uma refeição, uma cama e uma casa de banho. Durante a viagem até à capital ficámos num hotel que não era o que sonhávamos. O chuveiro era de água fria e só corriam dois fios de água. Como é que se lava de 21 dias assim? Eu já não era loira. Da sujidade, estava ruiva. Lavei o cabelo cinco vezes. Fiquei tanto tempo debaixo da água que enregelei. Acho que no fim da jornada queríamos um miminho, que não chegou.
Também já se disse que ainda não tinham recebido o cachet por entrarem no programa.
É verdade, mas o prazo acordado – dez dias depois do fim das gravações –, apesar de estar a terminar, ainda não terminou. Aliás, já me ligaram a pedir o recibo, portanto, acredito que esteja tudo a andar.
Não conhecia ninguém do seu grupo (Io Apolloni, Kapinha e Fernando Mendes). Como se deram?
Gosto muito deles e criámos uma relação muito simpática. Queremos manter o contacto e temos falado frequentemente.
Já contou que a tribo Hamer é machista, que trata a mulher abaixo dos animais e que é sexualmente liberal. Foi assediada?
Eu estava bastante expectante sobre o que podia acontecer lá, porque se falava muito da questão do sexo. Eles dão muita importância à noção de família e mal lá chegámos, tentaram estabelecer relações de parentesco entre nós. Perguntaram se a Io era minha mãe e se algum deles era meu marido. Depois de perceberem que estava solteira, só houve uma situação pontual em que um deles me tentou seduzir. A situação coincidiu com a véspera de ter ficado doente. Já me sentia mal, com a barriga inchada, e fui para a cabana sozinha mais cedo. Um deles foi ter comigo, percebeu que me estava a doer a barriga e começou a fazer-me festinhas. No fundo, tentou uma aproximação, mas parou quando percebeu que eu não queria nada com ele.
Sentiu-se ameaçada?
Não, nunca. Nem podia levar a mal, porque para eles é uma coisa normal.
Antes de ir para o programa saíram notícias de que estava a divorciar-se de Ricardo Trêpa. Ele foi buscá-la ao aeroporto. Afinal, como estão as coisas entre vocês?
Estávamos em processo de divórcio, mas agora está parado… Neste momento, estamos juntos, mas não nos vamos precipitar. Ao longo destes oito anos já tivemos outras separações e entre nós fica sempre carinho e amizade. Parece que temos um karma qualquer onde estamos destinados a ficar um com o outro.
Pensou nisso durante o tempo em que esteve na tribo?
Procurei não pensar em nada lá. Achei que tinha de fazer um corte total com a minha vida. Eu queria adaptar-me e viver intensamente a vida como Hamer. Esse e outros assuntos foram congelados.
Então, o que sentiu quando viu Ricardo no aeroporto à sua espera com um ramo de flores e uma carta? Chorou…
Sim, eu vinha com a emoção à flor da pele. Vinha sedenta de casa, das filhas, dos amigos e não estava a contar que estivesse alguém à minha espera, porque chegava a Lisboa, porque chegava tarde e, principalmente, porque não tinha tido como avisar quando o faria. Estavam lá o Ricardo e dois amigos meus. Foi muito bom tê-los lá.
Podemos saber o teor da carta?
(Risos) Acha? Claro que não!
Como reagem as suas filhas a esta situação toda com Ricardo Trêpa?
Como é uma história muito antiga, elas já não se envolvem muito. A única coisa que elas querem e que me dizem é que eu seja feliz e que esteja bem.
Texto: Sónia Salgueiro Silva; Fotos: Bruno Peres; Produção: Nucha; Cabelo e Maquilhagem: Ana Coelho com produtos Maybelline e L'Oréal Professionnel
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