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“Não faço grandes planos e aceito o que o destino me trouxer”

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Totalmente concentrada na carreira, SÍLVIA ALBERTO confessa que não alimenta o sonho de ser mãe
Aos 29 anos, e na altura em que comemora dez de carreira, Sílvia Alberto está de volta aos directos com o programa Operação Triunfo (OT), na RTP. Orgulhosa do seu percurso profissional, a apresentadora revela à VIP alguns dos desejos futuros, entre eles, a vontade de estudar longe de Portugal.

Dom, 28/11/2010 - 0:00

 

Aos 29 anos, e na altura em que comemora dez de carreira, Sílvia Alberto está de volta aos directos com o programa Operação Triunfo (OT), na RTP. Orgulhosa do seu percurso profissional, a apresentadora revela à VIP alguns dos desejos futuros, entre eles, a vontade de estudar longe de Portugal. Apesar de não falar da vida privada e do relacionamento com José Mariño, Sílvia Alberto confessa que exclui das suas ambições pessoais a vontade de ser mãe… pelo menos para já.

 

VIP – Como está a correr o regresso a um formato que tinha feito em 2007?

Sílvia Alberto – Apesar de regressar ao mesmo formato, é diferente. O programa chegou com força, com uma imagem renovada e tem sido óptimo. A fase de casting veio aprimorar o programa. Sempre disse que a forma de trabalhar em televisão onde mais me revejo é no directo e estava ansiosa por voltar ao directo.

 

As pessoas comparam a OT com o Ídolos. Já apresentou os dois, nota diferenças entre os programas?

Até podia enunciar diferenças, mas isso compete à crítica. São dois programas grandiosos, com uma identidade própria e que já conviveram lindamente. É o que acontece.

 

Costuma ver a concorrência?

Um bom profissional deve ter conhecimento e deve estar a par do que se passa no mercado em que trabalha.

 

E rever a sua prestação?

No próprio dia (risos). Até tenho uma rotina na madrugada de sábado. Faço um chá, desmaquilho-me sentada no sofá e assisto à gala. Revejo, passo a passo, tudo o que se passou, pois em casa assisto ao programa e no estúdio vivo o programa.

 

É autocrítica?

Sou bastante (risos). Mas já consigo não fustigar-me em demasia com pormenores irrelevantes. Há uma certa descontracção que ganhei ao longo dos tempos. Tem a ver com a naturalidade do directo, que não se coaduna com a perfeição.

 

Falar de televisão é quase falar de audiências. Preocupa-se com os números do seu programa?

Qualquer apresentador gosta de saber que tem público, mas isso não pode ser o meu medidor de consciência. As audiências não são objectores de consciência. São importantes, mas nem sempre espelham a qualidade de um programa.

 

O facto da OT ser na RTP tira alguma pressão em relação às audiências…

Há mais tranquilidade. Essa não é a minha primeira preocupação, apesar de gostar de saber que o programa é querido dos portugueses. A RTP oferece uma certa tranquilidade porque consegue ter uma oferta diversificada com a qual me sinto confortável.

 

Como lida com as emoções durante o directo?

Esta semana disseram-me “cuidado com a maquilhagem” (risos). Estava a notar-se que estava a ficar alterada e posso dizer que é muito difícil controlar as emoções.

 

Isso faz com que os concorrentes não conheçam a verdadeira Sílvia?

O pior é que, apesar de tentar, não consigo criar uma barreira. Esforço-me para isso, mas não consigo. É complicado… é a televisão e mexe connosco.

 

Não controlar as emoções é um dos seus encantos enquanto apresentadora?

Acredito que há apresentadores que controlam o que sentem. Eu tento, mas nem sempre consigo… mas tento, até porque o programa tem de seguir e uma apresentadora parecida com um bebé chorão não é o mais engraçado (risos).

 

Este não é o seu primeiro programa ligado à música. Acredita no destino?

Acredito que estou a pagar uma promessa. Como não canto, tenho de sofrer e ser castigada com programas de música (risos). Não sei porque é que a música está tão presente na minha vida… talvez seja porque gosto de a ouvir. Talvez porque Portugal é um país de cantores.

 

Faz parte do grupo de cantores que actuam nas festas dos amigos?

Não canto (risos). Gostava de aprender a cantar e já tive aulas de canto há algum tempo, mas não correu muito bem.

 

Em pequena queria ser cantora?

Nunca. Quanto muito, queria fazer teatro porque sempre gostei do palco.

 

Ao longos dos anos tem sido comparada à Catarina Furtado…

Somos dois rostos da RTP e estamos disponíveis para trabalhar, sendo que a gestão é feita pela direcção. Fico muito feliz por liderar a OT. Deu-me muito prazer em 2007 e na altura soube-me a pouco.

Não escondo que gosto de trabalhar sozinha porque a liberdade é maior e as duplas são difíceis. Já fiz algumas duplas que correram muito bem. As duplas implicam dar e receber e uma gestão e cumplicidade muito grandes. Gosto de estar sozinha, mas há alturas em que sabe bem uma contracena e é aí que sinto falta de outro apresentador. Na OT tento fazer essa contracena com os concorrentes e com o júri.

 

Recusava um trabalho com alguém de quem não gostasse?

Não. O profissionalismo está primeiro e é possível trabalhar com toda a gente. Qualquer apresentador demonstraria muita falta de profissionalismo por recusar trabalhar com alguém com quem tem uma incompatibilidade pessoal. Para mim nunca seria uma limitação, mas um desafio.

 

O que gostava de fazer depois disto?

Calma! Ainda faltam muitas edições e não quero sair daqui depressa.

 

Vive o momento e não faz grandes planos?

Sim. Se há algo de que gosto é de não estar parada e a fazer sempre o mesmo. Estou disponível enquanto a RTP achar que posso fazer diferentes registos. Trabalhar fora do estúdio é muito bom.

 

Foi convidada a abandonar a RTP…

É público que houve um convite feito pelo Nuno Santos. Esse convite nunca viu desenvolvimentos e eu honro os meus contratos. Na altura ainda tinha mais um ano de ligação à RTP e não havia razão para pensar noutras casas apesar de achar que devemos deixar as portas abertas a toda a gente.

 

Já fez pequenos papéis de representação. Gostava de fazer algo mais sério nesta área?

Não. Valorizo imenso o trabalho dos actores e não gosto de pôr o "pé em ramo verde". Se se tratar de uma participação descomprometida, onde possa assumir que estou a divertir-me com aquilo que estou a fazer, tudo bem. Claro que se o Martin Scorsese me convidasse, aprendia (risos). Não estou à procura disso, o meu caminho é na apresentação. Não fiz, nem de longe, tudo o que quero fazer.

Apesar da vida profissional activa, nunca deixou de estudar.

Comecei a trabalhar cedo em televisão e fiquei sempre com a frustração de não continuar a formação académica. Sempre fui boa aluna, daquelas que respondem primeiro nas aulas (risos). Sempre achei que devia fazer tudo, até ao doutoramento. Houve uma altura, quando estava na SIC, em que sentia que não estava a inovar e já tinha dito ao Manuel da Fonseca que queria sair do Êxtase e voltar a estudar. Apesar de não ter visto a ideia com bons olhos, levei a minha avante e acabei por convencê-lo de que era o melhor para mim e ele apoiou-me.

 

Até que houve mudanças na SIC…

Essas mudanças vieram alterar os pressupostos que tinha definido com o Manuel da Fonseca e dos quais não quis abdicar. Daí dá-se a minha saída, mas já não ia deixar de estudar. Considero-me uma privilegiada por estar a estudar e a trabalhar ao mesmo tempo com o apoio que tenho tido.

 

Prefere dormir menos umas horas do que abdicar dos estudos?

Claro. Até aqui tem sido assim. Nem sempre consegui os melhores resultados académicos, mas foi a opção possível para quem trabalha na televisão.

 

Sente-se observada na universidade?

Estou na Faculdade de Letras e ninguém me liga (risos). Quando estive na Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa, a fazer a licenciatura em Dramaturgia, senti alguma hostilidade, mas mais no sentido da boa provocação. Sentia que me punham à prova. Depois, passei a fazer parte do grupo. Agora não sinto nada disso, desde o primeiro dia.

 

No futuro vai guardar os diplomas em casa, ou pretende usar os estudos na vida profissional?

Essa é a pergunta óbvia (risos). Estudo por simples valorização pessoal e porque quero acrescentar algo.

 

Que balanço faz dos dez anos de carreira? Há muitas diferenças para a Sílvia que aparecia no Clube Disney…

Espero que só seja a diferença da idade. Olho para trás e fico contente e orgulho–me do passado. Estou mais calma, mais serena e menos preocupada. Olho menos para mim e mais para o todo. Tem sido um percurso de valor.

 

Ficou algo por realizar?

A nível académico… pois sempre pensei estudar fora de Portugal e ainda não foi possível.

Já esqueceu esse desejo?

Ainda há um doutoramento (risos). Depois do mestrado vou parar durante um tempo para me dedicar a outras coisas e descansar um pouco. Não excluo a hipótese de estudar fora.

 

Quando deixar de estudar vai ficar confusa com o tempo livre?

Se calhar (risos). Estudar obrigou-me a uma rotina diária que me acalma. Esta rotina é muito importante para mim apesar de não ser uma pessoa de rotinas.

 

Consegue prever os próximos dez anos de carreira?

Há dez anos, disse que estaria a leccionar Dramaturgia a um grupo restrito de alunos (risos). O mais sensato é dizer "não sei", mas há várias coisas que me dão muito gozo. Uma delas é viajar. Poder aliar as viagens ao trabalho seria maravilhoso. Isso e poder trabalhar na televisão, na rua, a entrevistar pessoas… é algo que gostaria de fazer. Até me cansar ainda vão passar muitos anos.

 

Abdicava da sua vida para viajar em trabalho?

Era uma decisão difícil. Talvez os amigos e familiares não compreendessem, mas acho que percebiam que é algo que me fazia ganhar anos de vida.

 

Estar quase a fazer 30 anos é algo que a assusta?

Vou odiar a chegada dos 30 (risos), mas sei que isto vai passar e que vou aceitar como todas as pessoas e perceber que o período dos 30 aos 40 anos vai ser dos mais divertidos que vou ter. Mas isto não quer dizer que tenha de os adorar (risos).

 

Em tempos disse: “Gostava que os 30 me trouxessem serenidade”. Voltava a dizer o mesmo?

Palavras leva-as o vento (risos). Mas se calhar a frase é certa. Já não há tanta ânsia de viver, é ir vivendo.

 

Ser mãe é um dos seus desejos?

Não faço grandes planos, não gosto de adivinhar o dia de amanhã e aceito o que o destino me trouxer (risos). Não faz parte dos meus planos deixar de viver a minha “juventude” com preocupações que não são da minha natureza. Ainda estou muito focada na minha carreira e naquilo que quero fazer sozinha. Depois, talvez a minha vida possa ser partilhada com alguém que dependa de mim. Para já, não quero depender de ninguém.

 

Considera-se uma mulher bonita?

Acho que tem dias (risos). Estou confortável com o que tenho. Não ter beleza em excesso é uma vantagem para chamar à atenção para outras qualidades, como as intelectuais.

 

Já sentiu a necessidade de provar que é mais do que uma mulher bonita?

Acho que é uma preocupação que todas as mulheres, com um palminho de cara, têm. Acho ridículo quando as pessoas têm de se fazer inteligentes só porque são bonitas. Ninguém gosta de passar por pouco inteligente. Mas isto é subjectivo, porque posso não querer passar por pouco inteligente e outra pessoa pensar que sou. As pessoas são muito cruéis em relação às observações que tecem sobre as figuras públicas em geral. Julgam o "livro pela capa" e conhecem pouco sobre a pessoa.

 

Texto: Bruno Seruca: Fotos: Paulo Lopes 

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