De Vez Em Quando Lá Me Ligam
‘Zé temos aqui uma coisa que é a tua cara'”, conta JOSÉ FIGUEIRAS

Famosos

Apresentador, que já se sentiu “desamparado” na SIC, está com vontade de sair de Portugal
Longe do auge de outros tempos, José Figueiras garante que nunca sentiu rancor por ter deixado de ser uma primeira escolha na estação de Carnaxide.

Qua, 31/03/2010 - 23:00

Longe do auge de outros tempos, José Figueiras garante que nunca sentiu rancor por ter deixado de ser uma primeira escolha na estação de Carnaxide. Eva Mandl, casada com o apresentador há 16 anos, sente saudades de o ver num programa "onde possa mostrar o seu talento" e não "num que pega porque alguém saiu e que faz durante uns tempos". Desiludido com o rumo que o país está a levar, o casal que tem dois filhos – Stephanie, de 15 anos e Christopher, de 13 – pensa seriamente deixar Portugal. "Se fossemos mais velhos, já tínhamos ido embora! É horrível dizer isto!", lamenta.

Que balanço faz de 18 anos na SIC?
José Figueiras – Continuo a fazer uma programa na SIC Internacional, que não é visto cá mas que, como costumo dizer, é visto pelos milhões lá de fora. É diário e dá-me um certo gozo… depois tenho feitos especiais. Espero que venham mais projectos. E pronto, continuo lá, ainda sou da velha guarda.

A determinada altura não se sentiu "desamparado" pelo canal?
J.F. – Sim… Optaram por outros projectos. Não sou rancoroso, continuo sempre a apresentar propostas e ideias, nunca fico quieto. Obviamente que o panorama televisivo neste momento obedece a outros critérios, mais ligados à ficção.

E existe cada vez mais procura de gente mais nova.
J.F. – Sou adepto dos novos valores. Também o fui. Tínhamos como referência o Júlio Isidro, o Carlos Cruz e entrámos nós, uma lufada de ar fresco… Obviamente tenho projectos e ideias que são a minha cara, ligadas a rua no Verão e a estúdio no Inverno, como por exemplo um programa de sábado à tarde, uma espécie de variedades. Mas neste momento dizem-me que não há grelha para isso. E eu continuo a fazer o meu trabalho.

O fundamental é não estar parado.
J.F. – Sim! E lido muito bem com esta coisa de ter estado uma série de anos lá em cima e agora menos em cima, porque continuo a fazer outras coisas. Esta profissão é mesmo assim e todos conhecemos os riscos. São opções. De vez em quando lá me ligam a dizer ‘Zé temos aqui uma coisa que é a tua cara’. Mas tenho muito mais para dar. Há momentos em que sou menos aproveitado. Mas acaba por ser uma fase que toca praticamente a todos.

Continua a cantar o tirolês?
J.F. – (risos) Só quando a Eva pede.
Eva Mandl – Isso sai-lhe naturalmente em certas situações (risos).

A Eva ainda tem muito sotaque.
E.M. – <P> Também não o quero perder (risos).

Sente saudades de ver o seu marido na televisão?
E.M. – Sim! Alguma coisa que seja, de facto para o Zé, e não um programa em que pega porque alguém saiu e depois ele faz durante uns tempos. Um programa onde possa mostrar o seu talento. Tenho a certeza que seria um grande sucesso.

Enquanto isso não acontece está na SIC Internacional…
J.F. – Sim. O programa chama-se "Alô Portugal", é um talk-show em directo com convidados. Portanto, de segunda a sexta-feira, durante 50 minutos, estou em directo para o Mundo.

Este ano promete?
J.F. – Sou muito optimista. Nós (família) temos as coisas organizadas no que diz respeito à crise, porque fazemos uma boa gestão. Agora, em termos gerais, acho que este país está com grandes dificuldades. Por este andar, quando tivermos uma certa idade, não queremos ficar aqui na velhice. De certeza que queremos ir morar para outro país.
E.M. – Tenho pena dos portugueses que trabalham diariamente para sobreviver. Na minha opinião a tendência não é para melhorar.
J.F. – O país está afundar-se de uma maneira, porque o sistema está a criar um fosso, um buraco, e nós pensamos: ‘será que é aqui que queremos ficar?’ Se calhar vamos embora para outro sítio, porque temos essa alternativa. Os nossos filhos, como têm dupla nacionalidade, já estão a pensar na possibilidade de ir fazer faculdade na Áustria ou na Alemanha. Não quer dizer que seja melhor, mas têm outras perspectivas. Claro que, como português, gostava que ficassem por aqui.
E.M. – Vinte anos depois, eu e muitos amigos meus estrangeiros pensamos que não sabemos quanto tempo mais vamos aguentar aqui. O sol, a praia, a comida… é maravilhoso, mas não chega. A minha cabeça também precisa de ser alimentada. As coisas só vão melhorar quando começarem a ser colocados nos empregos pessoas que são boas profissionais e não filhas de alguém.
J.F. – Infelizmente somos um país com um grande nível de corrupção e o povo já não acredita na classe política. As pessoas andam tristes e estas questões sociais incomodam-me. Este país maltrata as pessoas a partir de uma certa idade. Por isso, neste momento e da forma como as coisas estão, se fossemos mais velhos, já tínhamos ido embora. É horrível dizer isto, mas é verdade!

Texto: Carla Simone Costa; Fotos: Rui Renato; Maquilagem e Cabelos: Vanda Pimentel com produtos Maybelline e L´Oréal Professionnel; Produção: Manuela Costa; Agradecimentos: Lion of Porches, Dolce Vita Tejo

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