Nuno Da Câmara Pereira
NUNO DA CAMARA PEREIRA lança o álbum ‘Lusitânia’

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Cantor sonha com a Presidência da Câmara Municipal de Sintra
Foram precisos cinco anos para aprender a ser político. Durante este tempo deu umas férias à música. Agora, tenta uma reaproximação à arte que lhe diz ter dado assento na Assembleia da República e lança o CD ‘Lusitânia’.

Qui, 02/07/2009 - 23:00

Foram precisos cinco anos para aprender a ser político. Durante este tempo deu umas férias à música. Agora, tenta uma reaproximação à arte que lhe diz ter dado assento na Assembleia da República e lança o CD Lusitânia. Com quatro temas escritos pelo cantor, os fados “vestem” sonoridades próprias da lusofonia, como samba, mornas ou coladeros. O álbum já está à venda e surge em ano de eleições. Nuno da Camara Pereira diz que não é imperativo fazer política sem música e revela que sonha ser presidente da Câmara Municipal de Sintra.

VIP – Este álbum chama-se Lusitânia. Porquê?
Nuno da Camara Pereira – Lusitânia é exactamente o gosto, o exemplo de ter brio em ser português. A lusitanidade tem que ver com a nossa palavra, com a língua portuguesa, cantada ou não, que foi além-fronteiras na época dos Descobrimentos. Daí o meu fado ter outras sonoridades como samba, mornas, coladeros e boleros. É uma mistura do que a influência portuguesa originou.

Que tipo de melodias marcam mais o fado do Lusitânia?
Tenho o cha-cha-cha no Fado Rock. Esta música é uma homenagem que fiz a Artur Ribeiro. Ele desapareceu do mundo na altura em que nascia para o fado com a Rosinha dos Limões, um tema dele pelo qual me deu os parabéns pela interpretação. Ao fim de 30 anos de fado é a minha vez de lhe reconhecer o mérito que ele trouxe à minha carreira, porque, ao longo da minha vida, cantei muitas canções dele sem me aperceber.

A digressão nacional só acontece para o ano, mas a 30 de Outubro dá um grande concerto no Campo Pequeno. Porquê este palco?
Já fiz o Coliseu, a Aula Magna, já fiz todas as salas principais. O Campo Pequeno representa os costumes e as tradições portuguesas e permite-me que dê ao meu espectáculo outra beleza porque posso ter cavalos em palco, por exemplo.

Sente que as pessoas estão a reagir bem ao CD?
Não sei, mas espero que as pessoas tenham mais respeito por aquilo que é nosso. Noto que as rádios locais estão a apoiar o disco extraordinariamente.

Fruto da lei da rádio que ajudou a redigir?
Não sei se é, porventura, por causa da lei da rádio, mas a lei teve o efeito de reverter a tendência para se ouvir mais música portuguesa.

Falou nas rádios locais. As nacionais também têm passado a sua música?
Nem tanto como desejaria. Mesmo assim, se hoje pudesse rescrever a lei, fá- -la-ia da mesma forma. Conseguimos uma lei que recorda às rádios a sua função social.

O último disco que lançou foi Fado à Minha Maneira, em 2004. A que se deveu esta paragem de cinco anos?
Como sabe, também sou deputado parlamentar e estive quatro anos em legislação, altura em que aprendi a ser político e na qual editei livros. Se me pergunta se valeu a pena parar para entrar na política, valeu! Ser deputado é o maior acto de cidadania que se pode ter. Criticar não é fazer política. Temos de nos chegar à frente para podermos apontar o dedo.

Alguma vez considerou deixar de ser músico para se dedicar em exclusivo à política?
Não é imperativo fazer política sem música. Para mim, o problema da política é que lhe falta cor. A música fez-me ser político de outra forma. É mais bonito ser músico do que ser político e eu nunca me esqueço que se sou deputado é por ser artista.

Essa experiência política reflecte-se, de alguma forma, no Lusitânia?
Sim, vão encontrar uma maturidade maior na voz, uma atitude mais reflectida, uma responsabilidade maior como cantautor. Tenho quatro temas inéditos no CD que são de minha autoria.

Lança este CD num ano de eleições. Pensa deixar a política?
Eu não abandonei a música; fiz uma retracção e agora estou a voltar a ela e isso não significa que deixe a política. Eviden- “Noto que as rádios locais estão a apoiar o disco extraordinariamente”, destaca o fadista e deputado temente que estou preparado para concorrer a uma câmara municipal. Há dez anos que tenho o projecto de chegar à Câmara de Sintra, mas nunca podemos dar um passo maior do que a perna.

Como deputado monárquico, que comentário lhe merecem estas eleições europeias e o que espera das futuras autárquicas e legislativas?
A sociedade escolheu mudar. Está farta de 20 anos de socialismo, de anarquia e de irresponsabilidade. Já percebemos todos que Portugal vai mudar. Espero que para o bem.

Vai votar em todos os actos eleitorais?
A abstenção não resolve problemas. A abstenção é para os cobardes, não é para mim.

Texto: Sónia Salgueiro Silva; Fotos: Rui Costa; Produção: Romão Correia; Cabelos e Maquilhagem: Tita Costa com produtos Maybelline e L’Oréal Professionnel

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