Uma das actrizes da nova geração que mais tem sobressaído contou à VIP a história da sua vida. Mesmo já tendo trabalhado com João Canijo no cinema ou Luís Miguel Cintra no teatro, entre outros, foi com os desempenhos televisivos no remake de Vila Faia, e agora em Liberdade 21, que Cleia Almeida, 26 anos, saltou (ainda mais) para a ribalta.
VIP – Não parece ter descanso. Ainda agora saiu de Vila Faia e já está a dar cartas em Liberdade 21…
Cleia Almeida – É, não é? Parece que tudo me acontece a ‘mil à hora’…
Mesmo assim, as gravações de Liberdade 21, um produto um pouco diferente do que estamos habituados, parecem ser mais tranquilas que as da Vila Faia…
Claro. Uma telenovela tem um ritmo sempre muito avassalador. São 12 horas de gravação por dia… Ainda por cima, na Vila Faia, a Cristina, que era o meu personagem, tinha uma história mais linear. E como era um remake, já se sabia o que ia acontecer a seguir. Na Liberdade 21 tudo foi mais surpreendente… E, numa série, há sempre mais tempo para construir a personagem…
E a seguir? O que podemos esperar de uma actriz que, aos 26 anos, já fez tanta coisa?
Agora vou de férias para Nova Iorque. Vou aproveitar para recolher informações acerca de algumas escolas… E pode ser que encontre o Woddy Allen na rua e ele me convide para o seu próximo filme. A sério: agora, gostava de fazer uma pausa na televisão e voltar ao teatro. É bom intercalar estilos e tentar melhorar em todos eles.
Teatro, cinema, televisão. Em que registo prefere trabalhar?
Acho que o resultado final no cinema é mais gratificante. Andamos dois ou três meses a filmar e o resultado final é sempre surpreendente. Mas isto não quer dizer que não goste de televisão ou de teatro, claro está.
Tem algum realizador com quem gostasse mesmo de trabalhar?
Posso pedir? Então, cá vai… Pedro Álmodovar, se me estás a ler, fica a saber que estou agora aqui, em Lisboa, já vivi seis meses em Madrid, procurei-te por todo o lado, sei falar espanhol… vá! (risos)
E portugueses?
Já tive a sorte de poder trabalhar com um dos meus realizadores preferidos, o João Canijo… Tenho ouvido muito boas opiniões do Marco Martins – ainda por cima adorei o Alice… Sinceramente, não tenho problemas com o cinema português.
Recuemos um pouco. Em que altura da sua vida percebeu que era pela representação que queria seguir?
A minha mãe costuma brincar e diz que ao terceiro passo que dei já estava a dançar, com os braços no ar… E confesso que sempre me vi como actriz. Quer dizer, houve uma altura em que quis ser pedopsiquiatra, talvez por influência da minha mãe, que é pediatra. Mas durou só seis meses!
Como foi a entrada neste mundo?
Tudo começou quando uma amiga da minha mãe me ofereceu a oportunidade de fazer um teste numa companhia de teatro amador de Coimbra. Acabei por lá ficar seis meses, mas deu para perceber que era mesmo por ali. Ainda fiz o secundário em Coimbra – durante o qual se confirmou ainda mais a minha vontade – e, depois, os meus pais lá me deixaram seguir aquilo que eu queria fazer, que era mesmo vir para o Conservatório de Lisboa e tentar ser actriz.
Antes não a apoiavam?
Apoiavam, mas havia umas condicionantes. O meu pai sempre disse que eu não podia ser outra coisa. A minha mãe sempre esteve do meu lado, mas quis que eu acabasse o 12.º ano para ver se aquilo me passava.
Ao longo de todo este tempo, alguma vez se desiludiu com os sonhos que trazia desde os 16 anos?
Não… Quer dizer, todos os amigos dos meus pais me avisavam que era uma profissão muito difícil, mas acho que nunca acreditei muito nisso. Respondia-lhes que, de certeza, se ganhava imenso dinheiro, se viajava muito para países distantes, que todas as pessoas adoravam os actores…
Já deu para perceber que não é bem assim...
Pois… Nunca se está à espera das dificuldades. Não é uma profissão segura. Podemos estar muito bem a trabalhar e depois ficamos meses sem fazer nada. E sem ganhar, claro… E não há nada que se possa fazer. É mesmo uma questão de sorte.
Nessas alturas, como combate a angústia?
Corro, ando a cavalo, vou às compras, saio com os amigos, tento aperfeiçoar-me dentro das áreas que gosto… E, acima de tudo, tento não dramatizar muito a coisa…
Com a carreira a disparar desta forma, talvez um dia ainda consiga ter o seu nome numa rua de Coimbra…
Isso é que era. Já estou a ver… “Rua Cleia Almeida – Actriz” (risos).
Tem alguma zona preferida?
Pode ser uma que tenha uma farmácia ou hospitais, que é o que por lá há mais… (risos)
Texto: Miguel Cardoso; Fotos: Rui Costa; Produção: Marco António; Maquilhagem e cabelos: Vanda Pimentel, com produtos Maybelline e L’Oréal Professionel; Agradecimentos: Centro Cultural de Belém e Bubbles (Av. Dr. Elísio de Moura, 39 – Coimbra]
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