Rodrigo Guedes de Carvalho chora a morte de um amigo de infância. O jornalista da SIC está de luto pela morte de “um irmão que a gente transporta para sempre” e utilizou as redes sociais para deixar uma nota de tristeza.
“Hoje levantei-me muito cedo, como sempre, e longe de imaginar que em poucas horas me morreria um amigo. Eu ia a guiar e a campainha das mensagens desata num gemido insistente, a pedir-me atenção que eu nunca dou de imediato, tão farto de saber o que querem as mensagens seguidas a gemer; vêm sopradas por mau vento. Nunca imaginei o nome que lá vinha”, escreve Rodrigo Guedes de Carvalho.
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Não entendo ainda, meu querido, que tenhas partido assim”
“Um amigo de infância e adolescência é um irmão que a gente transporta para sempre. Mete-se pelo meio a vida, mais as suas obrigações e distâncias, ou simples cansaços que nos dizem para adiar aquele almoço combinado. Mas os irmãos nem precisam disso. Os irmãos encheram tanto o copo na infância, que temos para esbanjar memórias que suportam ausência, memórias tão vívidas como ossos que rangem a crescer”, prossegue.
O jornalista recorda a “longa viagem de carro” que fez sozinho e para a qual levou “os discos que fizeram” de si quem é, “para bem e mal”, e que descobriu com o amigo. “E em quatro ou cinco canções lembrei-me, e num outro momento ri-me porque me vi fazer ao espelho o trejeito com que nos entendíamos quando entrava na sala alguém com ‘níveis elevados de azeite escorrido’. Fiz a careta para o retrovisor a pensar que poucas pessoas, neste mundo que tive e tenho, saberiam que naquele momento estou a dizer ‘olha aí níveis elevados de azeite escorrido'”, descreve Rodrigo Guedes de Carvalho.
“Não entendo ainda, meu querido Nuno Raposo de Magalhães Ortigão de Oliveira, que tenhas partido assim, porque me levas, sem autorização, este pedaço grande de nós meninos a imaginar o que seria sermos grandes. Acho que em grande parte é isto, ser adulto que não quero ser, tão farto de forrar toda a vida o coração para tentar suportar as perdas. Não é hoje que consigo, nem sei quando ou se. Foste andando, eu hei-de aparecer. Obrigado pelo amor da nossa amizade. Não há outra palavra”, termina.
Texto: Ana Filipe Silveira; Fotos: Reprodução Instagram
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