Filipe de Edimburgo morreu esta sexta-feira, 9 de abril, aos 99 anos. O marido da rainha Isabel II acabou por falecer em casa, no Castelo de Windsor, depois de ter enfrentado vários problemas de saúde nos últimos anos. O duque foi o príncipe consorte que mais anos esteve em funções e teve uma história de vida muito marcante.
Nasceu a 10 de junho de 1921, na Grécia, durante o período da Guerra Greco-Turca (1919-1922). Filipe era filho de André da Grécia e da Dinamarca e da princesa Alice de Battenberg. O rei que governava na época, Constantino I (tio de Filipe) foi obrigado a abdicar do trono e os pais do futuro duque fugiram para França. Filipe tinha apenas 18 meses na altura.
Estudou em França, na Alemanha, em Inglaterra e na Escócia, e entrou na Marinha Real Britânica em 1939, aos 18 anos. Foi nesse mesmo ano que conheceu a princesa Isabel, filha mais velha do rei Jorge VI, na altura com apenas 13 anos.
A paixão entre os dois foi tal que o rei não teve outra opção senão aceitar o casamento da filha com o príncipe grego. No entanto, para isso acontecer, Filipe converteu-se ao anglicanismo e naturalizou-se cidadão britânico. Teve também de abdicar dos títulos gregos e dinamarqueses e foi ‘obrigado’ a adotar o sobrenome Mountbatten, proveniente dos seus avós maternos.
Filipe e Isabel casaram a 20 de novembro de 1947. Nesse dia, o príncipe recebeu o título de Sua Alteza Real e Duque de Edimburgo. Cinco anos depois, com a morte do rei Jorge VI, a princesa teve de subir ao trono e assumiu o nome de Isabel II. Por ser ‘apenas’ o marido da rainha, Filipe não assume o papel de rei e passa a ser chamado príncipe consorte.
O casal teve quatro filhos: O príncipe Carlos, de 72 anos, herdeiro à Coroa do Reino Unido, a princesa Ana, de 70, o príncipe André, de 61, e o príncipe Eduardo, de 57.
Ao longo da sua vida Filipe de Edimburgo foi presidente de algumas organizações, entre elas o World Wide Fund for Nature, e foi também presidente de honra das Universidades de Cambridge e Edimburgo. .
Filipe de Edimburgo morre aos 99 anos
O estado de saúde do príncipe Filipe já há muito que preocupava os britânicos. Com 99 anos, o duque de Edimburgo estava afastado dos compromissos reais desde 2017 e eram raros os eventos públicos em que comparecia. Já há dois anos que o príncipe consorte de Inglaterra não participava nas missas de Páscoa, nas celebrações do Trooping the Color e em outros eventos em que era presença assídua, como o Remembrance Day e o Dia do Armistício. Apesar de debilitado, o marido de Isabel II foi visto a conduzir o seu carro em 2018, para ir ao casamento de Meghan e Harry e ao casamento da sua neta Eugenie com Jack Brooksbank.
Foi no passado dia 17 de fevereiro que a Casa Real britânica anunciou que o príncipe Filipe tinha sido hospitalizado de urgência, depois de se ter sentido mal no Palácio Real. O duque de Edimburgo, de 99 anos, esteve internado no Hospital King Edward VII, em Londres, para receber tratamentos para uma infeção, que nada teve a ver com o novo coronavírus.
Uma semana depois, o marido da rainha do Reino Unido foi transferido para o Saint Barthlomew’s Hospital, especializado em cardiologia, onde acabou por ser submetido a uma cirurgia. Sobre a operação, não se sabe grandes detalhes. Apenas que foi “bem-sucedida”, tal como referiu o Palácio de Buckingham, em comunicado.
No dia 5 de março, o príncipe consorte foi novamente transferido para o King Edward VII. Dez dias depois, o avô de William e Harry regressou ao Castelo de Windsor, onde permaneceu em descanso absoluto até à data da sua morte.
Na manhã desta sexta-feira, 9 de abril, o Palácio de Buckingham emitiu um comunicado onde revelou que Filipe de Edimburgo perdeu a vida “pacificamente” no conforto do Castelo de Windsor.
“É com profunda tristeza que Sua Majestade a Rainha anuncia a morte de seu amado marido, Sua Alteza Real, o Príncipe Filipe, Duque de Edimburgo. Sua Alteza Real faleceu pacificamente esta manhã, no Castelo de Windsor. A Família Real junta-se a pessoas de todo o mundo no luto pela sua perda”, pode ler-se.
Filipe de Edimburgo iria completar 100 anos de vida este ano. No Reino Unido, vivem-se momentos triste, mas o povo britânico manifestou uma onda de simpatia para com a rainha Isabel II, que “perdeu a joia mais brilhante da sua coroa”.
As bandeiras foram colocadas a meia haste por respeito ao duque de Edimburgo. Já foram também deixadas várias coroas de flores e velas em frente ao Palácio de Buckingham.
As gafes mais caricatas e peculiares de Filipe de Edimburgo
Descrito pelo britânicos como “a força por detrás da Coroa”, Filipe de Edimburgo foi um homem muito pacato e discreto, que abdicou de várias ambições pessoais para apoiar a mulher, a rainha Isabel II, com quem viveu uma bela e controversa história de amor. Mas apesar de sliencioso, o príncipe consorte fez várias manchetes de jornais pelas suas gafes caricatas – e algumas delas muito peculiares, que demonstram o sentido de humor arrojado de que era dono.
Leia aqui algumas dessas gafes:
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“As mulheres britânicas não conseguem cozinhar”, disse o duque de Edimburgo em 1961, num evento do Instituto das Mulheres Escocesas.
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“Parece o tipo de coisa que a minha filha faria nas aulas de arte da escola”, disse em 1965, enquanto via peças de arte tradicionais na Etiópia.
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“És uma mulher, não és?”, perguntou durante uma visita oficial ao Quénia, em 1984, a uma mulher que lhe oferecia um presente.
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“Se ficarem aqui muito mais tempo vão ficar todos com os olhos em bico”, disse em 1986 a um grupo de jovens britânicos que estudava em Xian, na China.
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“Se tem quatro pernas e não é uma cadeira, se tem duas asas e voa mas não é uma aeronave e se nada mas não é um submarino, os cantoneses [chineses] vão comê-lo”, disse o duque em 1986 num encontro do Fundo Mundial para a Natureza.
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“Parece que está pronto para ir para a cama”, disse ao presidente da Nigéria em 2003, numa referência às suas vestes tradicionais.
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“As Filipinas devem estar meio vazias. Vocês estão todas aqui a tomar conta do sistema nacional de saúde”, disse a um grupo de enfermeiras filipinas num hospital britânico, em 2003.
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“A maioria de vocês não é descendente de piratas?”, perguntou a um homem nas Ilhas Caimão, em 1994.
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“Como mantêm os nativos longe do álcool tempo suficiente para passarem no teste?”, perguntou a um instrutor de condução na Escócia, em 1995.
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“Surdas? Se estão perto daquilo não admira que estejam surdas”, disse durante uma visita a uma escola de crianças surdas, em 2000, num evento onde estava a tocar uma banda das Caraíbas com tambores de aço.
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“Podias perder um bocado de peso”, disse a um rapaz de 13 anos em 2001, que lhe disse que queria ser astronauta quando fosse grande.
Texto: Mafalda Mourão com Patrícia Correia Branco; Fotos: Reuters
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