No âmbito da celebração do Dia da Mulher, Fernanda Tadeu foi a convidada especial do programa da TVI “Dois às 10”. Numa entrevista conduzida pelos anfitriões do formato, Maria Botelho Moniz e Cláudio Ramos, a mulher do primeiro-ministro António Costa, abriu o livro da sua vida no qual abordou o seu percurso profissional, as influências que a tornaram a mulher que é hoje, mas também a fase delicada que atravessou no que diz respeito à sua saúde
Operada a um tumor no pulmão em julho de 2019, Fernanda Tadeu realçou que a situação encontra-se atualmente ultrapassada. “Tive um problema, um tumor no pulmão que teve de ser tirado. Correu tudo bem. Felizmente era um tumor que estava lá sossegadinho no seu sítio e, portanto, não se expandiu. Foi tirado e pronto… A minha vida voltou ao normal e deixou de existir esse problema. Portanto, estou cem por cento saudável e isso foi qualquer coisa que já ficou para trás e que já nem me lembro. Deixou de ser problema”, explicou.
Mãe de António Costa deixa mensagem a Fernanda Tadeu
No decorrer da emissão, Fernanda foi surpreendida com uma mensagem especial da autoria da mãe de António Costa, Maria Antónia Palla. Questionada por Cláudio Ramos sobre o tipo de relação que mantêm, a mulher do primeiro-ministro descreve-a como “uma boa sogra”, mas também uma “uma mulher de luta” e uma “grande jornalista”. “Uma mulher que lutou pelas outras mulheres e que tem dado a cara toda a vida… uma mulher que admiro muito pelo seu trabalho em prol das outras mulheres (…). É sem dúvida uma mulher admirável”, salientou.
Seguiu-se a mensagem Maria Antónia Palla, na qual sublinha o “casal modelo” que forma com o filho . “Eu conheci a Fernanda quando era colega do meu filho no Liceu Passos Manuel e não namoravam sequer ainda. Depois um belo dia apaixonaram-se e passados dois anos estavam casados. Foi um casamento que nós gostámos e gostamos ainda mais porque ao longo dos anos fomos percebendo que a paixão continuava. Eles, de facto, são um casal modelo que não é fácil, atendendo à vida do meu filho que é de muitos imprevistos, com muitas ausências e apesar disso tudo eles realmente são um casal perfeito.”
“Dito isto, a Fernanda deixou a sua vida profissional a certa altura… tem se conversado um bocadinho na sombra do marido, mas eu gostava de lhe dizer que estou muito contente porque agora estás muito mais visível e acho que isso é extremamente importante na carreira do António. Obrigado, Fernanda”, afirmou a antiga jornalista.
A ausência dos filhos
Para além de ter sido uma profissional devota à sua carreira e companheira de uma das figuras de maior destaque da sociedade portuguesa, Fernanda Tadeu destacou o seu papel de mãe e frisou que quando os seus dois filhos, Pedro e Catarina, deixaram a casa onde a família residia, foi, para ela, uma das fases mais complicadas da sua vida. No que diz respeito à educação, salientou que sempre tentou incutir na filha a importância da luta pela igualdade de género.
As dificuldades da profissão
Fernanda foi educadora de infância, mas escolheu antecipar a reforma por considerar não ser possível entregar a mesma qualidade de ensino ao longo dos anos. “Achei que estava na altura de sair porque acho que ninguém aguenta 40 anos a trabalhar da mesma forma com crianças. É difícil e as crianças precisam de uma vivacidade que nós começamos a perder”, disse, acrescentando ainda que é uma profissão que exige muita dedicação diária e que não pode “ser contado por horas”.
Mulher independente, sempre soube fazer o seu “pé de meia” para garantir a sua liberdade financeira, apesar de ter deixado a sua profissão antes da idade estipulada. “Sempre fiz o meu pé de meia e saí sabendo que tinha capacidade económica para ser independente apesar de deixar de trabalhar”, afiançou.
Dedicada ao ensino durante mais de duas décadas, Fernanda recordou os anos “muito difíceis” associada à colocação de professores. “Todos os anos tínhamos de mudar de escola. Agosto era aquele ano em que estávamos de férias, nós já tínhamos aquele friozinho no estômago porque no início de setembro íamos concorrer. Ao concorrer não sabíamos para onde é que íamos”, recordou. “Longe sempre”, frisou. “A gestão familiar é difícil, mas nós tínhamos a esperança, Era aquele ano. A seguir ia ser melhor e muitas vezes não era. Era uma vida muito dura. Nós levávamos tudo. Não só a nossa vida e a nossa angústia, como chegar lá e começar de novo”, evocou, classificado essa fase da sua vida como um “desafio” e “uma adaptação”. “Foram anos muito difíceis que o António, em setembro, era sempre o meu companheiro de concurso”, rememorou.
A importância da luta pela igualdade de género
Na reta final da entrevista, Fernanda Tadeu, que destacou a importância da avó Júlia como figura que a inspira no seu quotidiano para ultrapassar as adversidades da vida, considerou fundamental a luta pela igualdade entre homens e mulheres. “Nós temos de continuar a lutar pela igualdade de género enquanto houver mulheres que ganham menos trabalhando o mesmo do que os homens. Enquanto houver mulheres que não conseguem aceder a postos de chefia como os homens tendo as mesmas aptidões”, disse.
Questionada por Cláudio Ramos se ainda faz sentido celebrar o Dia da Mulher (que se assinala esta segunda-feira, 8 de março), a mulher do primeiro-ministro gostaria que “não fosse necessário” demarcar esta data, porém reforçou a sua importância. “Infelizmente acho que sim. Gostava que não fosse necessário, mas de facto continua a haver uma desigualdade de género e portanto temos que continuar assinalar. Temos de continuar nesta luta enquanto as mulheres não tiverem, realmente, os mesmo direitos que os homens”.
Texto: Alexandre Oliveira Vaz; Fotos: Redes Sociais
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