Pedro Crispim já revelou, por diversas vezes, que foi vítima de bullying na adolescência. No entanto, desta vez o comentador do “Big Brother – Duplo Impacto” foi mais além e recordou um dos ataques violentos que sentiu na pele. “Havia um bosque perto da escola e nós íamos para lá brincar nos baloiços. Houve uma vez em que os meus colegas me ataram a uma árvore, com umas cordas, e que me bateram… e eu fiquei ali o horário todo da escola, à chuva, até ao final, até os contínuos irem dar por mim ali. E lembro-me de que quando foi para apresentar queixa eu não quis”, começa por contar.
“Nunca senti raiva, nem de quem me fazia mal. Porque achei sempre, e ainda hoje acho, que sempre que me faziam mal é porque a pessoa não estava bem. Às vezes, quando leio algumas coisas ou quando me tratam de uma certa maneira, acho sempre que essa pessoa está magoada, está ferida, que é infeliz. Aliás, acho sempre que isso mostra mais sobre eles do que sobre mim”, acrescenta.
“Perdoei, mas não esqueci”
O stylist revela que perdoou essas pessoas que lhe faziam mal, uma vez que foram elas que o tornaram “mais forte, mais assertivo e mais focado”. “Nunca me pude encostar à boleia de nada, nem de ninguém, tive que me fazer à vida, portanto, também tenho de estar agradecido a essas pessoas. Perdoei, mas não esqueci. Obviamente, perdoei, acima de tudo, por uma questão egoísta, para tornar o meu caminho um bocadinho mais leve. É engraçado que, hoje em dia, a esta distância, olho para trás e não sinto dor. Acho que esse perdoar tem que ver com esse sentimento de apaziguar, que acho que é essencial para todos nós”, considera, em declarações à rubrica “Selfie Sem Filtros”.
Pedro Crispim: “Eu tinha dois ‘Gs’ na minha vida: era gay e era gordo”
Pedro Crispim diz que, infelizmente, estes ataques eram recorrentes e que passou as “‘passinhas do Algarve’ na altura da escola”. “Eu tinha dois ‘Gs’ na minha vida: era gay e era gordo. Era muito tímido, muito inseguro, e a minha autoestima não era, propriamente, a mais forte”, atira.
“Acho que eu me resumia e reduzia ao facto de ser gordo e de ser gay, porque, acima de tudo, a sociedade era isso que sublinhava em mim. A sociedade não dava, e ainda hoje não dá, grandes hipóteses para que mostres outras camadas do teu ser, da tua essência. E quando te resumem, reduzem e sublinham, uma e outra vez, que tu és gay e és gordo, acabas por acreditar que só és gay e que só és gordo, e, efetivamente, levas algum tempo a perceber que és muito mais do que aquilo que os outros fazem de ti”, admite.
O “rei da bobage“, alcunha que ganhou quando passou a ser comentador do reality show da TVI, recorda que “muitas das vezes não voltava da escola nas melhores condições”. “Emocionalmente, ia muito abaixo com aquilo que ouvia. Enquanto a maior parte dos meus colegas ia para a escola e pensava em ter boas notas, nos estudos, nos exames e no social que acontecia nos intervalos, eu, acima de tudo, tinha que pensar: ‘Como é que vou sobreviver a este dia? Como é que vou chegar inteiro ao final do dia?'”, lamenta, emocionado.
“Acreditas que estás errado e, quando acreditas, não consegues ver muito além”
O fashion adviser recorda, ainda, que, “a determinado momento”, pensou que “pudesse ficar pelo caminho”. “Acho que, quando recebes tanta coisa negativa e ouves tanta coisa negativa sobre ti, tu acreditas que estás errado e, quando acreditas, não consegues ver muito além. Portanto, eu nunca poderia ambicionar, nem desejar ser a figura de homem que sou hoje, isso era uma coisa que eu nunca conseguiria materializar. Estava demasiado fragilizado para poder visualizar ou materializar o Pedro em adulto”, confessa.
Durante esse período de tempo, “existiram dias em que” os “pais” de Crispim quiseram entrar na “escola, porque sabiam o que se passava”. “Não deve ser fácil ver o filho chegar a casa magoado, com feridas, emocionalmente instável. Hoje em dia, isso tem um nome, mas, antigamente, não tinha. Hoje em dia, isso não é aceite, mas, antigamente, ‘fazia-nos mais fortes’, não é? Enquanto mãe… tu crias um filho e, depois, tens pessoas a fazerem-lhe mal… Como é que isto é possível? Como é que consegues encaixar isso na tua cabeça? Como é que aceitas isso? Como é que te levantas, de manhã, e te deitas, à noite, tranquila? Não é possível, pelo menos, para alguém que é mãe à séria. Não é fácil para uma mãe estar a trabalhar e estar a pensar: ‘O que estará a acontecer com o meu filho?’ E saber que, garantidamente, vai acontecer alguma coisa. Aliás, quando havia uma manhã ou uma tarde em que não acontecia alguma coisa, eu quase acendia uma vela, porque é quase como andares entre os pingos da chuva. É entrares no intervalo e saberes que, naquele corredor, vai acontecer, no bar, no portão da escola… desde o minuto em que entras, até ao minuto em que sais… e que, no meio daquilo, tens de estudar, porque tens de passar, e tens que sobreviver”, destaca o entrevistado da rubrica.
“Os meus pais foram sempre o meu farol. Quando me sentia perdido, acabava por me encontrar com a luz deles. Os meus pais, durante toda a vida, fizeram sentir-me especial. Dentro de casa, sabia que tinha o conforto, que tinha o amor”, remata.
Foi, então, aos 16 anos, altura em que pesava 106 quilos, que Pedro Crispim iniciou o processo de perda de peso. Um ano depois, estava a participar num concurso de moda.
Texto: Ivan Silva; Fotos: reprodução Instagram
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