Pedro Carvalho, de 35 anos, foi o convidado do programa “Alta Definição“, da SIC, deste sábado, dia 13 de fevereiro. O ator, que dá vida ao bombeiro Serafim na nova novela da estação de Paço Arcos, “Amor, Amor“, abriu o coração a Daniel Oliveira sobre a sua adolescência conturbada e os cancros que o pai enfrentou.
“Tive uma depressão muito complicada, não me sentia adaptado, não gostava dos meus companheiros de turma, refugiava-me muito no desenho e pintura. Queria outras coisas… sentia-me um extraterreste, vários adolescentes se sentem assim. Mas, num meio pequeno como o Fundão, em que não tens ninguém para te espelhares…”, começa por dizer o ator, que também tem brilhado, nos últimos anos, do outro lado do Oceano Atlântico, nas novelas da Globo. “Hoje em dia isso está mais exposto, o bullying. Naquela altura não se falava nisso, mas existia muito. Ainda por cima eu tenho um irmão gémeo, ele era extremamente popular, eu não era. Passava os intervalos dentro da sala. Foi uma adolescência ali, assim”, continua.
Os cancros do pai e o sentimento de culpa
O pai de Pedro Carvalho teve de lutar, primeiro, contra um cancro no cólon e, mais tarde, com o reaparecimento da doença, agravada pelo surgimento de metástases. “Quando o meu pai teve cancro, a primeira vez, eu ainda estava aqui”, conta. Mas quando se preparava para ir para o Brasil, a doença voltou a aparecer. “Quando vou para o Brasil, pela primeira vez, fazer um projeto maravilhoso, cai esta bomba. A minha mãe disse: ‘Não te queria contar, mas acho justo contar-te. O cancro recidivou e neste momento, num outro órgão’. Fui com o coração nas mãos”, recorda.
O ator tinha “medo” de “não voltar” a ver o pai. “É uma doença muito ingrata”, atira.
“Fui o mais fraco (…) Inventava coisas e saía do hospital”
Pedro Carvalho carrega consigo um sentimento de culpa por não ter conseguido acompanhar o pai nas sessões de quimioterapia. “Não consegui ir com o meu pai às sessões de quimioterapia e arrependo-me até hoje. A minha mãe foi uma guerreira, esteve sempre lá. De todos os que o rodearam, fui o mais fraco! Nós decidimos, entre os irmãos, que um ia sempre com o pai às sessões de quimioterapia, para a minha mãe não ficar tanto tempo ali… eu não consegui. Consegui só uma vez e fiquei completamente encolhido numa cadeira e fiquei com vergonha de mim mesmo. Não estava a conseguir ver o meu pai fazer quimioterapia. Aquilo para mim era muito difícil. Eu simplesmente inventava coisas e saía do hospital, assim a sentir-me a pior pessoa do mundo, o pior filho do mundo. Mas eu não conseguia. Tentei várias vezes, mas não consegui”, lamenta.
O convidado de Daniel Oliveira aproveitou o momento para tecer vários elogios ao pai. “Nunca o vi chorar. Ficava embevecido… como é que este homem… descobre-se um cancro nele já de oito centímetros no cólon transverso. Os médicos estavam alfitos. Trata-se. Depois vai para o fígado, depois vai para o pulmão. Quando os médicos estavam a dar este cenário todo aos meus pais, eu estava a controlar-me imenso para não chorar. Pensava: ‘Já que não consegues estar aqui, fica forte por ele!’ E o meu pai sai-se com estas palavras: ‘Doutor, você não acha que vou vencer isto? A minha neta acabou de nascer, tenho de ver o crescimento da minha neta. E o meu filho, ainda o vou ver brilhar muito’. Ele tinha sempre uma palavra positiva, quando me ligava dizia: ‘Não estejas assim, não fiques mal, eu vou ultrapassar isto’. Mesmo na doença dele, estava preocupado comigo… isto é do caraças!”, revela, com um olhar emocionado.
“Quando for pai, quero ser como ele”
“Quando for pai, quero ser como ele. E a minha mãe, a coragem que ela teve, abandonou o projeto dela, pediu a reforma antecipada, com todas as carências que isso traz a nível de salário, fazia agricultura biologica para ele, ia comprar as carnes a Espanha, passava por todas as oscilações de humor com ele… ela estava sempre lá”, atira, orgulhoso.
“Alguma vez o conseguiste dizer?”, pergunta o anfitrião do formato. “Não… Não. Eles conhecem-me, eles sabem como eu sou”, responde.
Hoje em dia, o ator admite ser uma pessoa mais presente e que não perde uma reunião de família.
Pedro Carvalho quer ser pai até aos 40 anos
Por fim, o novo rosto da estação de Paço de Arcos, que se tornou popular em 2007 ao participar na série “Morangos com Açúcar“, da TVI, admite que tenciona assumir publicamente uma relação amorosa, mas só “quando sentir que é o momento certo”.
Já sobre o seu sonho, Pedro Carvalho não tem dúvidas: “Ser pai. Até aos 40 anos gostava de ser pai!”
Texto: Ivan Silva; Fotos: reprodução Instagram
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